sexta-feira, 10 de junho de 2016

Obrigado Rei

 
Não vou mentir, custa-me muito perceber aqueles que manifestam desprezo pela Selecção - seja porque a selecção não ganha, porque não concordam com as convocatórias, porque não são convocados todos os portugueses do seu clube ou porque são convocados jogadores de clubes rivais.

Nos últimos anos criou-se muito a corrente "Que se foda a Selecção, a minha Selecção é o Benfica". Noutros clubes haverá quem diga algo semelhante.

Isto como se estivéssemos a falar de coisas incompatíveis. Isto como se vibrar com a selecção implicasse um menor amor ao Benfica.

Uma grande parte das histórias e dos grandes momentos do Futebol foram escritos pelas selecções. As selecções são a essência deste fenómeno mundial que movimenta milhões. Como podemos nós renegar a nossa Selecção e ficarmos de fora destas linhas históricas que o Futebol vai escrevendo?

Eu sei, os tempos mudaram. As mentalidade mudaram. Principalmente cá por Portugal. Há um complexo de inferioridade no nosso país.

Em tempos um Europeu era visto por todos os jogadores como um objectivo, era esperado por adeptos e jogadores com ansiedade e era o clímax da época desportiva. Hoje muitos são aqueles que olham para um Europeu como um empecilho.
"Isto só vem para lesionar os nossos jogadores ou para atrasar a integração deles na pré-época."

Eu ainda sou apaixonado pelos Europeus, Copas Américas e Mundiais. Eu ainda torço para que todos os jogadores do meu clube possam brilhar nas várias competições pelas suas selecções. Eu ainda acredito que um jogador internacional é mais valioso ao clube do que um jogador descansado.

O que mais me emocionou neste vídeo? Não é difícil adivinhar.

Minuto 2.

O nosso Eusébio. O Eusébio do Benfica. O Eusébio de Portugal. Ver o maior símbolo do nosso clube entregue de coração a Portugal. Ver Eusébio rasgar com lágrimas as correntes de egoísmo que se têm criado no discurso de muitos benfiquistas.

Vídeos motivacionais pouco me dizem mas ver o nosso Eusébio tão emocionado mexe muito comigo.

Com Eusébio mais uma vez voltei a ver o fluxo de paixão entre o benfiquismo e a Selecção.

Como sempre e para sempre, obrigado Rei.

Que arranque o Europeu. Força Portugal!

2 comentários:

Nau disse...

Não é por acaso que muitos benfiquistas não ligam à seleção. Eu sou um deles - não me aquece nem me arrefece. E no entanto, em 1966, deslocava-me uns bons Km, a pé, para assistir pela TV aos jogos de Portugal no Mundial de Inglaterra.
Muita coisa mudou. Naquela seleção não havia vedetas a pensarem mais em si do que no coletivo, nem Jorges Mendes, nem dirigentes conotados com trapaças antidesportivas. Talvez por isso...

Torque disse...

Se a lógica de não ligar à seleção é o excessivo vedetismo que envolve jogadores e demais actores do fenómeno-futebol, então a única conclusão lógica a retirar daí seria que também deveria deixar de ligar ao Benfica.

O vedetismo não é um fenómeno exclusivo das seleções ou da seleção portuguesa. É um fenómeno que perpassa por todo o futebol. Pelo simples motivo de que o futebol é, como todos os fenómenos culturais, um reflexo do mundo e esse mundo mudou para valorizar precisamente esse tipo de atitudes e comportamentos. Podemos não gostar disso (eu não gosto), mas usar esse factor como justificação para se dizer que não se liga à seleção, enquanto se continua a vibrar a 100, 200, 300% com o futebol de clubes? A única forma desse argumento ter alguma coerência seria deixar pura e simplesmente deixar de ligar a futebol.