segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Clássico Desperdício



Só agora me deu para escrever sobre a passada Sexta-feira.

Muito já foi falado e escrito e portanto, já a entrar em modo Champions, deixo só aqui o meu desabafo.

Primeiro quero apontar que esta foi uma noite de total desperdício.

Desperdiçámos:
- Vantagem de um golo.

- 3 Pontos.
- Possibilidade de conquistar vantagem directa sobre o Porto.
- Parte da confiança conseguida em 11 vitórias.
- Uma vitória contra o Porto mais fragilizado dos últimos muitos anos.

- Golos atrás de golos.

- A liderança que perseguimos durante tantos meses.

- A oportunidade de aumentar a pressão sobre o Sporting na Madeira.

- Colocar o Porto definitivamente fora da luta pelo título.

Foi um Clássico de desperdícios.

Quanto ao jogo em si, não vi um Benfica nem melhor nem pior do que aquele que tem ganho e goleado nos últimos jogos.

O Benfica de Rui Vitória é uma equipa que quer ter posse mas que é inofensiva nesse processo. É uma equipa que beneficia de uma extraordinária capacidade de contra-ataque. É nestes lances que temos sido soberbos. Temos brilhado naqueles momentos em que após a recuperação da bola, pela nossa defesa ou por deslize dos adversários, esta chega rapidamente aos nossos jogadores mais criativos – Jonas, Renato, Pizzi e Nico – que em velocidade, inteligência e magia a levam até às redes adversárias.

Foi assim tanto nos jogos com o Moreirense e Belenenses como no jogo com o Porto. O que mudou? Não fomos tão eficazes e principalmente jogámos contra um Danilo, Maxi, Layún, Iker e até Indi e não contra o Vítor Gomes, Evaldo, Danielson, Stefanovic, Aguilar, Geraldes, Fábio Nunes, Brandão e Ventura.

Este Benfica tem o seu grande defeito no processo defensivo. Não falo da qualidade individual dos defesas e nem só desses jogadores.
Temos um fosso enorme entre as zonas de pressão. Basicamente pressionamos no meio-campo adversário, pressionamos dentro da nossa área mas não pressionamos no resto do terreno. Facilmente as equipas adversárias criam jogadas de ataque, conseguem situações de 4 vs 5 ou 3 vs 3 e se aproximam da nossa baliza.
É norma vermos os nossos jogadores juntos dentro da área, demasiado na expectativa e a darem todo o espaço para os atacantes pensarem, decidirem e executarem.

Foi assim tanto contra o Moreirense e Belenenses como contra o Porto. A diferença?
Sexta-feira jogámos contra o Brahimi, Herrera e Aboubakar e não contra o Juanto, Sturgeon, Bakic, Boateng, Ohemeng e Palhinha.

O arranque deste jogo foi marcado pelo diferente momento que as duas equipas passam. O Benfica entrou muito mais confiante, confortável e entusiasmado. O Porto não estava a fazer um mau jogo mas entrou sem criatividade e rasgo com bola e permeável na perda desta.

O 1-0 apareceu sem surpresa e confesso que aí fiquei convencido que os 3pontos estavam decididos.

Enganei-me. Permitimos todo o tempo e espaço para o Herrera igualar o jogo, o Casillas esteve impecável e fomos perdulários na busca do segundo golo. Isto levou a um boost na confiança no Porto no momento em que o Soares Dias apitou para o intervalo.

O Porto voltou mais forte, mostrou mais qualidade na posse e o Peseiro soube corrigir a reacção da equipa à perda de bola.
Oportunidades para os dois lados mas eles tiveram mais jogo, subiram de rendimento e chegaram ao 1-2. O desespero tomou conta de nós e aí sim o jogo ficou decidido.
Passes falhados, lances precipitados e treinador em desespero a mexer na equipa. Não sou fã de treinadores que não agem, só reagem. O Rui Vitória não agiu sobre o futebol jogado, limitou-se a reagir ao resultado. Reagiu em desespero com duas substituições que mataram a equipa.

As soluções no banco não era muitas mas existiam e fica ao critério do treinador o número de substituições que faz.
As 2 substituições quebraram o ritmo da equipa, retiraram o entendimento ofensivo e facilitaram o trabalho de um Porto mais recuado.

Após o 1-2 perceberia a saída do Samaris ou Pizzi para a entrada do Carcela mas nunca aquele dupla substituição na fase de construção ofensiva. Não era jogo para o Talisca ser segundo médio e havendo a necessidade de maior velocidade e profundidade é uma incógnita a não utilização do N.Semedo.

Ver o Salvio regressar foi maravilhoso mas as circunstâncias foram medonhas. Pior momento do nosso treinador.

Com o Mitroglou exausto, até a entrada do mexido Jimenez seria mais justificável.
Sem esquecer aquele momento em que se decide colocar o nosso melhor definidor a jogar como lateral.

Não fizemos um mau jogo. Fizemos o nosso jogo e a história dos acontecimentos justifica o não termos vencido.

O Mitroglou é um jogador enorme. Excelente na leitura de jogo, sentido colectivo e técnica e inteligência nas combinações. Mais ou menos perdulário é o nosso titular.
O Jardel continua a ser um central mediano que com melhorias e muito esforço vai desenrascando.
O Eliseu é pujança. Não passa disso.

O Nico nota-se que ainda não está totalmente recuperado.

O Renato é um monstro. Falha passes, precipita-se e tem falhas de posicionamento. Faz parte. É um monstro e transformou o nosso futebol.
O Samaris é muito mais jogador que o Fejsa. Contudo, num processo defensivo tão mal trabalhado como o nosso, vejo o sérvio a ser mais útil que o grego.

O Jonas já sei, não marcou então não apareceu.

Podíamos ter ganho. Devíamos ter ganho.
O Zenit será um Porto em melhor.

O Rui Vitória está a ter muitos méritos: Nélson Semedo, Renato Sanches, confiança e união daquele balneário e o maravilhoso entendimento entre os nossos 5 mais adiantados. Mas aquele processo defensivo…

Vemo-nos na Mata Real.


1 comentário:

joão carlos disse...

o jardel é um bom terceiro central que vai desenrascando desde que tenha alguém a comandar ao seu lado o problema é que ele pelas lesões passou de terceiro a líder e aí já é demais para ele mas nunca podemos esquecer disso.

ninguém pode pedir mais ao renato ele ainda é júnior agora uma equipa que luta sempre pela vitoria como a nossa não pode estar dependente de naquela posição só ter o renato.

e não podemos esquecer que os corruptos entraram em 442 com o andre na esquerda e o brahimi a segundo avançado, o que nos facilitou, a seguir ao golo voltou ao 433 tradicional deles.