terça-feira, 29 de setembro de 2015

A Evolução Centro Campista By Rui Vitória

Os anos de Jorge Jesus no Benfica trouxeram sempre uma discussão - a lateral esquerda da equipa do Benfica.

Na segunda metade da sua passagem pelo nosso clube surgiu uma segunda discussão - o meio-campo titular.

E a questão nem era só o se jogar somente com 2 jogadores no meio-campo, era principalmente o facto de nem existir um trinco nem um 10, de o médio mais recuado não ser muito defensivo e de o menos recuado ser demasiadamente ofensivo.

Um meio-campo de risco que só podia funcionar com enormes intérpretes, como foram Matic e Enzo (em dupla).

A discussão subiu de tom quando a qualidade dos intérpretes desceu, portanto com a saída do Matic e do Enzo.

O Fejsa não era um Matic mas apresentava capacidade de trazer outra estabilidade defensiva ao meio-campo. Contudo o sérvio lesionou-se e para o seu lugar chegou um jogador mais à imagem do Matic mas longe da qualidade deste. O Samaris não se equipara ao Matic nem teve um ano de banco só a preparar a posição.

Já o lugar do Enzo continua à espera de dono. Nem Pizzi nem Talisca têm a qualidade do argentino nem a capacidade para fazerem funcionar este meio-campo.

A fórmula do Bicampeonato, a fórmula Jorge Jesus, não dá garantias e precisa urgentemente de ser renovada.

O Rui Vitória trouxe consigo a possibilidade de um meio-campo a 3, do regresso do 10 e de um futebol mais controlado e pensado. Contudo teve receio de mexer nas rotinas estabelecidas. O R.Vitória insistiu numa fórmula que não é boa e para a qual não tem mãos.

A Direcção queria dar mais jogadores ao treinador mas não deu e o 8 não chegou.

O Cristante parece ser carta fora do baralho e o J.Teixeira ainda tem o seu caminho a percorrer.

No Dragão, mais ou menos por acaso do destino, surgiu uma nova dupla no meio-campo, a qual foi agora repetida com o Paços.

A colocação do André Almeida ao lado do Samaris é questionável. Será aceitável um Benfica posicionalmente mais defensivo? Será o André o jogador ideal para a titularidade no nosso meio-campo?
Atacar mais e, principalmente, atacar melhor, não se resume a ter muitos avançados. Considero que o equilíbrio do meio-campo o factor que leva uma equipa a conseguir subir mais e melhor no terreno.

A entrada do André mais do que uma nova dupla cria um novo trio.
Samirs–Pizzi passa a ser Samaris–Almeida–Jonas.


 



No jogo com o Paços ficou evidente o recuo do Jonas. Não poucas vezes este participou no processo defensivo e principalmente ficou notória a sua presença na zona de construção.

Tenho as minhas dúvidas quanto à qualidade do Almeida para a titularidade naquela posição mas sei que esta nova ideia, este novo processo, me agrada muito.
Um meio-campo mais estável, maior capacidade de recuperação e de posse, mais capacidade de compensar as subidas dos laterais e ainda uma crescente necessidade de centrar mais o jogo no génio brasileiro

Terá Jonas capacidade física para corresponder a época toda às exigências das suas novas funções?
Defender, fechar o meio-campo, criar desequilíbrios na linha, vir buscar jogo, iniciar as combinações ofensivas, procurar espaços para a meia-distância e ainda aparecer nas zonas de finalização.

É este o novo jogo do Benfica que me parece começar a surgir.
Pode não ter os intérpretes certos e tenho a minhas dúvidas que o Jonas aguente o ritmo mas estou entusiasmado com esta perspectiva.

Também posso é estar para aqui a delirar e tudo isto não passar da obre de um acaso e de uma situação pontual.

Esperar para ver.

A BALIZA DOS GOLOS

 CRÓNICA EM TORNO DO MINUTO 70 DO BENFICA-PASSOS DE FERREIRA


Decidi este ano mudar os quatro Red Pass cá de casa para o piso 1, movido pela procura de um ângulo melhor do que aqueles que temos tido no piso 0. E sem chuva também. Vendi-me por pouco, confesso, ao trocar a hipótese da mística do terceiro anel por algum conforto. O ambiente não é bem aquele que esperava. Há demasiadas crianças para pôr em prática todo o meu vernáculo de bola. À nossa volta jazem famílias inteiras, inertes nas cadeiras almofadadas. Aparentemente o conforto adormece-lhes mais o espírito do que as nádegas. E olham para a minha família com ar assustado e reprovador sempre que vibramos efusivamente com as jogadas do Jonas e do Gaitan. Como se fosse natural a indiferença perante a beleza do jogo de Jonas. A primeira parte entediava-me profundamente e, não fosse pelo primeiro golo, bem à nossa frente, arriscava-se mesmo a ser um enorme mar de desalento.

Mas o período do jogo que mais me intrigou, o momento que me leva à crónica, deu-se na segunda parte, próximo da outra baliza. Algo de estranho se passou, algures à volta do minuto 70 deste Benfica - Passos de Ferreira, do lado de lá.
Depois daquele maravilhoso passe de calcanhar do Jonas para o Jimenez, em que a bola descreve um arco parabólico milimétrico, de altura máxima anormal para tamanha precisão, pergunto ao meu filho mais velho se tinha visto aquilo. Ele diz-me que não. Como é que é possível, Guilherme? Num jogo com o Jonas, o máximo que podes dispensar é o inevitável instante do piscar de olhos. Nada mais! Arriscas-te a perder uma obra prima ao vivo. Peço-lhe para se recordar do momento, foi ao minuto 70, mais coisa menos coisa. Tenho que recorrer a estas notas para as rever assim que chego a casa.
Durante os três minutos seguintes estive sempre inquieto. Tudo se passava do lado de lá, na outra baliza, mas a distância teimava em  roubar-me os pormenores. Só conseguia pressentir que era algo de muito grande, uma transcendência à Benfica. Tudo na outra ponta do estádio, para meu desespero.

Tive que sair a correr pouco depois do terceiro golo. Odeio quando isto acontece, mas tocava em Alfama nessa noite. Já no caminho, esticando o carro enquanto ouvia o relato e as entrevistas de fim de jogo, não conseguia parar de pensar naqueles minutos que se seguiram ao minuto 70. Nada de muito concreto daqueles três minutos, só mesmo aquilo de que me lembrava. Faltavam-me peças para completar o puzzle, e o discernimento para lidar com a irritação. Parei o carro e tirei a camisa preta da mala, que vesti à pressa por cima da camisola oficial do Gaitan, enquanto descia a Rua dos Remédios com passada larga. De tempos a tempos alguém me gritava "BENFICA" e eu desapertava parte da camisa e exibia o emblema ao peito. Foi assim que toquei o primeiro set, com o encarnado suado ainda junto ao corpo, sentindo-me o super-homem.

Mais tarde, já em casa, revi esses minutos intrigantes. Tantas vezes que lhes perdi a conta. E é essa a crónica que partilho aqui, convosco.

Final do minuto 69, jogada de ataque do Benfica. A bola vai para o inevitável Nico. Este centra impecavelmente para o miúdo Guedes, que pára de peito e desfere um remate tosco e desenquadrado. A bola segue na direcção de Jonas, que ainda tenta o desvio, mas vinha com demasiada força para sair bem.  Vai ao lado. Jonas estava, naturalmente, muito bem posicionado para o passe, que não existiu. Murmura qualquer coisa para o Guedes.
Aos 30 segundos do minuto 70, a magia de Genionas no tal passe de calcanhar. Gasto um pouco mais a tinta do botão de rewind do meu comando. Não consigo parar de ver e rever este momento ímpar. Finalmente, deixo o jogo avançar, prometendo a mim mesmo que voltaria lá depois.
Final do minuto 72, take 2 da jogada. Nico para Guedes, que desta vez passa, e Jonas, outra vez bem posicionado, mete a bola na baliza, pelo meio de quatro jogadores do passos. O redes saiu para cobrir o ângulo de remate do Guedes, como lhe competia, e o puto passou. Como lhe competia! Jonas tem uma enorme demonstração de carinho por Guedes, nos festejos do golo, e aponta para ele, como que a dividir os louros. É muito grande, o Jonas. É enorme! E é também professor, um verdadeiro maestro. Falam muito, um com o outro, enquanto festejam. Jonas reconhece a mudança de atitude, e congratula o miúdo, como um verdadeiro pedagogo. Com toda a generosidade e sabedoria que lhe são características.

Os comentadores dizem que Rui Vitória falou por mais de uma vez com Guedes, e atribuem-lhe parte do mérito da jogada do miúdo. Eu não acredito na rábula. Talvez estivesse a combinar umas iscas à portuguesa para o dia seguinte, ou uma churrascada. Alguém que não tem o discernimento de fazer descansar os dois jogadores centrais da nossa equipa, alguém que não substitui Gaitan e Jonas a vinte minutos do fim com o jogo ganho, como devia ter feito neste jogo, e também no jogo com o Belenenses, não pode dizer nada de jeito. Foi para combinar uma almoçarada no domingo, só pode!
Volto para trás, uma vez mais, até ao take 1, aquele em que o Guedes rematou em vez de passar. Procuro a resposta para a mudança de Guedes algures nesses inquietantes minutos. Eu senti no estádio que algo de importante se tinha passado, um enredo maior do que os golos. Mas onde é que ele está? Onde está o fulcro, Arquimedes?
E é então que vejo uns segundos reveladores, que me tinham passado despercebidos da primeira vez. A seguir ao erro de juízo de Guedes, Jonas diz qualquer coisa a Guedes, enquanto ajeita o cabelo. Mas o quê, o que é que ele lhe está a dizer? Revejo as imagens pela quarta ou quinta vez quando finalmente mato a charada. E então é isto: Aparentemente, Jonas só lhe diz duas palavras: “Joga, caralho!”. Vi estes segundos mais de uma dezena de vezes depois, e leio sempre isto nos lábios do génio. Joga, caralho! E, na verdade, quero acreditar que é este o momento da catarse, é esta a frase que desbloqueia o puto e lhe purifica o jogo, de acordo com o manto que enverga. “Joga” é brilhante, porque encerra tudo o que é preciso ser dito. Rematar, naquele momento, é ego. É ansiedade, é fuçanguice, é imaturidade. É tudo menos jogar, que é o que ele tem que fazer. Jogar é, em todos os momentos, interpretar o jogo e fazer o que é certo. E, naquele momento, o que era certo era passar a porra da bola ao Jonas. A sorte sorriu-lhe e teve uma segunda oportunidade, tirada quase a papel químico. E o miúdo, dessa vez, jogou!
É muito mais inteligente dizer “joga, caralho” em vez de “passa, caralho”. Jogar serve um significado maior. Pedagógico, até. É Jonas a ensinar a Guedes o que é o jogo, e a passar o testemunho. “Joga, caralho!” é síntese só ao alcance de poucos. E, no nosso país, jogar em todos os instantes do jogo está só ao alcance de Jonas.

Tudo isto se passa na outra baliza. Daí não ter conseguido tirar logo os significados mais profundos destes momentos que descrevi e analisei. Falhou-me o pormenor. Escolhi o lado do campo pelas estatísticas do jogo de Jesus, porque marcava muitos golos na primeira parte. Já esta equipa do Vitória marca muitos golos na segunda parte. Vai passar-me muito jogo “ao lado” durante esta época. Pelo menos eu espero que sim. Significa que vamos continuar a marcar muitos golos na segunda parte, e a ganhar os jogos.

Nem tinha perdido muito tempo com isto. É o que é. Mas nessa mesma noite, estava eu na mítica Mesa de Frades, para a minha segunda dose de fados, quando tive o prazer da companhia de um amigo dos tempos de liceu e da velha Luz. Falámos sobre o jogo, e eu contei-lhe a minha frustração, de não ter visto bem a segunda parte. Ele disse-me que também lá estava. Atrás da “baliza dos golos”. "Tu não viste bem porque não estavas na baliza dos golos", disse-me o Jorge. E foi como se me tivesse dito "joga, caralho!".
“A baliza dos golos” é algo de absolutamente maravilhoso, porque me remete para um tempo bem diferente. Fez-se Luz, em vários sentidos. Reconheci a expressão de imediato, é claro. De repente, estávamos todos no antigo estádio da Luz. Putos, mais putos que o Guedes e o Semedo. Acaba a primeira parte e alguém diz “bora para a baliza dos golos”. E assim era. Todos sabíamos o que isso queria dizer. Em muitos jogos tínhamos esta liberdade de movimentos, e víamos ambas as partes com bom ângulo. Era o dobro da emoção. E só havia uma baliza dos golos em cada parte. Era a baliza para onde o Benfica atacava. Na verdade, ainda hoje é assim. Só há uma baliza em todo o mundo, e é a baliza para onde o Benfica ataca. O mundo é que está mais estático agora, obrigando-me a ficar longe dela por 45 minutos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

DOPING NO PORTO?


É uma vergonha o que Casagrande fez para denegrir a imagem da excelente estrutura do Futebol Clube do Porto. À procura de estrelato - deve estar na penúria, a precisar de umas entrevistas - vem para o Jô Soares dizer ao mundo que o fabuloso, espectacular, admirável Futebol Clube do Porto Campeão Europeu afinal não passava de um grupo de jogadores drogados que, na neve, no deserto, em plena Patagónia, corriam, saltavam, cabeceavam, rematavam, aguentavam mais do que os outros. Isto é inadmissível e parece-me de todas as formas justo que Casagrande seja alvo de um processo por parte de Pinto da Costa.


Só acreditaria nesta história se tivesse vivido nos anos 80. E, mesmo assim, teria de ter visto os jogadores do Porto com um ar completamente louco, a espumar da boca - sei lá, a equipa toda atrás de um árbitro ou assim. Ou 4 ou 5 da equipa principal quase carecas aos 20 e poucos anos. Mesmo que isso tudo acontecesse - e que surreal seria! - só acreditaria nesta história do Casagrande se ela aparecesse em escutas. Mas se aparecesse em escutas tinha de esperar que um tribunal as validasse, porque toda a gente sabe que mais importante do que ouvirmos ou vermos as coisas é o que está escrito nos grandes livros da Justiça. Portanto, isto não passa de uma farsa. Na verdade, eu só acreditaria nesta história mirabolante se fosse o próprio Casagrande a afirmá-lo. E se o afirmasse, teria de saber se aquilo não foi montagem. Como é evidente, a suposta confissão de Casagrande não passa de mais uma cabala, perpetrada por uns hackers benfiquistas que só sabem denegrir as grandes vitórias europeias do Porto.

Quantas vezes não ouvimos: «sim, somos corruptos, e na Europa, também fomos?». Têm toda a razão os portistas: na Europa só se dopavam.

https://m.youtube.com/watch?v=7OunmTFvAOQ

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Rescaldo do Dragão



O Rui Vitória manteve-se fiel ao que foi a equipa nos últimos jogos.
A única alteração foi o reforço do meio-campo trocando o Talisca pelo Almeida, algo necessário para este jogo no Porto.
Pensei que a opção seria o Fejsa mas o treinador optou por um jogador que lhe daria mais qualidade na saída e progressão com a bola.

(Há uns tempos nenhum de nós conseguiria imaginar um Benfica no Dragão com André Almeida, Eliseu, Nélson Semedo, Jardel e Gonçalo Guedes)

Entrámos bem no Dragão.

Nos primeiros 45 minutos não houve grandes momentos de futebol. Jogo muito disputado no meio-campo. Jogo de muita luta.
Conseguimos dividir a posse de bola, conseguimos manter as linhas e conseguimos ter as melhores oportunidades de golo.
Numa primeira parte muito equilibrada, foi a cabeça do Mitroglou que fez a diferença e nos levou para o intervalo com o sentimento de uma ligeira superioridade.

O aproximar do intervalo fez antever o que iria ser a 2ª parte. Nos últimos 10 minutos o Porto começou a ganhar as segundas bolas, ter mais posse e a subir mais as linhas.

O Porto voltou melhor dos balneários e o lance do Aboubakar ao poste foi o suficiente para motivar os de azul e fazer tremer os nossos.

A nossa ala direita foi perdendo fulgor, o Nico foi muito bem marcado, o André Almeida desapareceu com o amarelo e assim deixámos de conseguir disputar o jogo como anteriormente. Foram 45 minutos de muita luta mas bem mais fracos.

Nada acontecia no jogo do Benfica, os minutos passavam e o treinador não era capaz de mexer com o jogo. O Rui Vitória parecia ter encarnado no seu antecessor. Demorou a agir e quando o fez não convenceu.

Enquanto o Lopetegui ia lendo o jogo e dando à sua equipa o que ela precisava, o Rui Vitória ficou praticamente até aos 80 minutos a ver a ala direita exausta, tanto para atacar como para defender, e o meio-campo já sem forças. Muito tardiamente tenta recuperar o meio-campo colocando o Talisca no lugar do Jonas. Foi tarde e inconsequente.
Esteve bem na substituição do Guedes pelo Pizzi mas esperou pelos 82 para isso.

Já a perder, Rui Vitória encenou perfeitamente Jorge Jesus ao lançar mais um avançado e sacrificando totalmente o meio-campo, o qual foi entregue ao amarelado, esgotado e desaparecido, André Almeida.

Individualmente:

Rui Vitória: Bem no lançamento do jogo mas mal na reacção no decorrer deste.

Nélson: Muito bem até acabarem as pilhas.

Luisão: Precipitou-se no lance com o Aboubakar e arriscou a assinalação de grande penalidade.

Jardel: Capaz do melhor e do pior. Por isso a sua titularidade não me convence, pelo menos não num Benfica de grandes ambições.

Almeida: O melhor do meio-campo até ao amarelo. Arriscou a expulsão e desapareceu do jogo.

Nico: Muito bem engolido pela defesa portista.

Jonas: Aquele que mais tentou no processo ofensivo.

Mitroglou: Fantástico jogo de cabeça do grego.

Talisca: Não é… Não dá.

Não consigo não falar do jogo do Iker e do André André. O guardião portista levou o empate para os balneários e o médio fez um jogo todo o terreno impressionante.


Nem o resultado nem a exibições são assustadores. A derrota no Dragão dói mas o grande problema aqui foi a derrota em Aveiro.
Neste campeonato não há espaço para uma terceira derrota.

O Benfica foi uma equipa com personalidade e de garra mas não o suficientemente forte.

O calendário começa agora a aquecer e o jogo com o Paços na Luz não pode ser um problema.

domingo, 20 de setembro de 2015

Uma derrota que não incomoda

A derrota no Dragão é um resultado natural. Natural pelo ambiente, pelo histórico e pela diferença de qualidade das equipas. Não foi a primeira e não será a última desta temporada. Não se iludam os que pensam que o Benfica pode ser campeão com este plantel. Não pode. Como já não podia no ano passado, não fosse o demérito dos seus adversários, a extrema abnegação dos jogadores, o dedo do treinador e, acreditem que é verdade, a tão propalada “estrutura”. Mas este ano, por muito que queiramos, não dá. A “estrutura” escolheu um caminho diferente: o da aposta nos jovens da formação, nos miúdos made in Benfica. É o projecto de Vieira e é um projecto com o qual estou de acordo. Provoca as tais “dores de crescimento” de que o presidente falou há dias, mas assegura a sustentabilidade financeira e, a médio-prazo, estou convicto de que também assegurará o sucesso desportivo.


Ser campeão, com este plantel, é uma miragem, sabemos isso. Mas há um caminho a percorrer e um projecto com pernas para andar. O Benfica só tem de assumir o que está a acontecer: este é o ano zero. E o maior erro não foi a saída do cérebro. Foi a saída de quem fazia parte deste projecto e não teve a oportunidade de nele participar. Falo, claro, de Bernardo, João, Ivan e André. Encaremos a realidade como ela é: o Benfica não é tão candidato quanto os seus dois maiores rivais. E depois do que vi hoje, desconfio que o maior candidato more em Lisboa.

sábado, 19 de setembro de 2015

É Já Amanhã



Está a chegar o grande clássico no Dragão.

Este Benfica de Rui Vitória passou por uma pré-época esquecível, começou a época com uma derrota num derby, fez 4 jogos para o campeonato (3 em casa) acessíveis, um jogo na Luz para a Champions também acessível e agora, 5 jogos volvidos desde a Supertaça, desloca-se ao Dragão para o primeiro de muitos jogos de superior dificuldade.

Sempre tenho comentado que iria esperar pelo desfecho do jogo no Dragão para formar uma opinião mais informada sobre o Benfica 2015-16.

É já amanhã! Este ano infelizmente não vou poder ir ao Dragão mas mesmo assim já não consigo pensar noutra coisa.

Chegamos ao Clássico com um Benfica de uma filosofia mais de posse de bola e de construção de jogo. Fazemos isso com um meio-campo com 2 jogadores adaptados.

Perante o 4-3-3 adversário e no contexto da filosofia de jogo de Rui Vitória, a primeira pergunta que me vem à cabeça é: Irá Rui Vitória insistir no 4-2-4 (com extremos) ou irá abdicar de um jogador de ataque e lançar um 4-3-3? Qual vocês acham ser a melhor opção?

A questão táctica é a primeira que me apoquenta. Depois desta surgem muitas outras. Com alteração táctica, irá o treinador abdicar de um avançado ou de um extremo?
Qual a melhor opção para um trio no meio-campo?
Jogando só com um avançado cometerá Rui Vitória a loucura de abdicar do Jonas?

Com o Belenenses e com o Astana o Rui Vitória lançou o mesmo 11. Isto poderá ser um indicativo de continuidade e insistência. Contudo o próximo jogo não será na Luz e será contra um adversário muito superior.

Mantendo o 4-2-4 será a dupla Samaris-Talisca a mais indicada? Será esta a aposta de Rui Vitória? Ou voltará à dupla Samaris-Pizzi? Não será altura de pensar no Fejsa e/ou no Cristante?

Depois de Victor Andrade parece ser Guedes o escolhido para acompanhar o Nélson Semedo na ala direita encarnada. Irá Rui Vitória dar continuidade a uma ala tão jovem e inexperiente no Dragão? Será a dupla Nelsinho-Guedes a melhor opção para fura a defesa portista pela direita? Será esta dupla a melhor para lidar com as investidas do Brahimi? Que outras opções terá Rui Vitória? André Almeida? Pizzi ou Djuricic? Carcela terá mesmo vindo para jogar?

E o Lisandro? O Jardel terá mesmo ganho a posição ao argentino?

Acredito que o Rui Vitória vai resistir a fazer muitas alterações e que a única mudança será entre o Talisca e o Fejsa.



Honestamente o jogo de amanhã à primeira não me dá muito confiança. Digo à primeira porque depois lembro-me do momento de forma do Gaitán e passo a acreditar que tudo é possível.

Eu lançaria:

Júlio César; Nélson, Luisão, Lisandro, Eliseu; Fejsa, Samaris; Pizzi, Nico, Jonas e Mitroglou.
Daria muita importância à dinâmica interior do Pizzi e exterior do Jonas.

A não utilização do André Almeida é a que me deixa mais dúvidas.
Djuricic e Cristante são dois jogadores que gostaria de apostar mas este não seria o jogo para os estrear e nem sei qual o seu momento de forma. Também não sei o que se passa com o Sílvio. Ainda não vi nem percebi o Taarabt, o Carcela e até o Jiménez.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Momento Futebolistico na Luz



Vem aí o jogo com o Belenenses, a estreia na Champions e a deslocação ao Dragão.

A paragem para as selecções veio no momento certo para a equipa de Rui Vitória (ou da super-estrutura, ainda estou para perceber). Esta paragem no campeonato não pode nunca ter significado descanso, muito pelo contrário.

A pré-época foi um desastre. Já é comum. Antes era assim porque tínhamos um treinador que precisava de 5 meses e agora é devido ao desastroso planeamento do mês de Julho e Agosto.
Neste contexto esta paragem no campeonato surge como uma oportunidade para o treinador e jogadores recuperarem muito do tempo perdido.

Vimos de duas derrotas em 4 jogos. Vimos de 4 exibições pouco convincentes. Vimos de dois jogos na Luz onde trememos contra o Moreirense e demorámos 70 minutos para nos conseguirmos superiorizar ao Estoril.
Mas pior que isto tudo é olhar para o futebol desligado da equipa. Os sectores estão desligados. Os jogadores estão desligados entre si. A equipa está desligada das ideias do treinador. As contratações não fazem sentido com as ideias do treinador. E o próprio treinador está desligado das suas próprias ideias.

Falhas defensivas, um meio-campo permeável e um ataque sem ideias.

O reforço do plantel foi feito à medida do antigo treinador, baseado em jogadores de ataque para um futebol de transição e não de construção.
O próprio treinador tenta não alterar muito o trabalho feito nos últimos anos. O problema é esse ser um trabalho que ele não compreende, que ele não sabe interpretar e é principalmente um trabalho que não é seu.
Rui Vitória usa o mesmo sistema táctico, com todas as suas fragilidades e permeabilidades, e tenta incutir nele uma filosofia de posse de bola e de construção de jogo. Não resulta.
A equipa tenta construir jogo a partir da defesa mas pressionada tem graves problemas em fazer circular a bola sem a perder. Mesmo não pressionada fica sem ideias a partir do meio-campo, recorrendo constantemente aos cruzamentos para a área.

Neste momento já nem me importa se a filosofias futebolística de Rui Vitória tem qualidade ou não. Neste momento quero é ver o treinador do Benfica livre de amarras a trabalhar uma equipa para ter a sua identidade. Quero ver as ideias de Rui Vitória no campo. Quero poder julgar o treinador Rui Vitória pelo seu trabalho e não pelos seus receios.
Chega de ceder às pressões da super-estrutura.

O futebol do Benfica neste momento não é carne nem peixe, não é Vitória nem Jorge Jesus.

Eu gosto de um futebol de construção e de equilíbrios. Contudo é essencial ter os intérpretes certos nos lugares certos para tal futebol não se tornar passivo, inofensivo e desinspirado.

Nesta altura o futebol do Benfica resume-se a Júlio César a safar na defesa e à dupla Nico-Jonas a fazer a diferença no ataque.

Algo que não percebi neste mercado de transferências foi a inexistência de um reforço tanto para substituir o Maxi como para substituir o Eliseu (problema vindo da época transacta)
Foi renovado o empréstimo ao Sílvio, que parece pronto para mais uma época só de Seixal, e contratou-se o Marçal que por esta altura já anda pela Turquia.

No centro da defesa o grande problema reside no péssimo momento exibicional do Luisão. Inicio de época muito fraco, à imagem do que aconteceu em 2013-2014. As exibições do capitão podem estar também a ser prejudicadas pelo seu desconforto neste Benfica (mais ou menos) de Rui Vitória.

O meio-campo é a base da filosofia do nosso treinador, o qual optou pelo caminho mais fácil: apostar na dupla da época passada. Não está a funcionar.
Defensivamente o Samaris deixa muito a desejar. Ofensivamente o Pizzi está muito limitado pelo seu posicionamento e só parece conseguir fazer a diferença quando recorre aos remates a meia-distância.
Com Fejsa, Djuricic e Cristante no plantel, não se justifica esta dupla. Aqui o Rui Vitória pode e deve fazer muito melhor.

Nas alas temos o Nico (continuo a achar que seria melhor aproveitado no centro) e a lesão do Salvio. Não consigo entender a saída do Sulejmani.
Esperava um reforço de peso para substituir o Toto mas tal não aconteceu.
Neste momento, tirando o Nico, temos para as alas o Guedes, o Victor Andrade e o Carcela. Muito curto.
Depois desta pausa no campeonato está na hora do Carcela começar a justificar a sua contratação.
Para a posição do Salvio também temos jogadores como o Djuricic, Pizzi e Taarabat (outro que tem de ter aproveitado esta pausa para recuperar a forma física). Aliás, acho que faria mais sentido utilizar o sérvio ou Pizzi em vez do Victor Andrade.

No ataque há Jonas. Só Jonas ou Jonas mais um ou Jonas mais dois.
Sempre pensei que o Rui Vitória iria jogar só com um avançado. A contratação do Mitroglou e do Jimenez têm de contrariar essa possibilidade.
Jogando com 2 fica a questão de qual fica no banco. O grego? O avançado 18M? Ou o Jonas?

Uma situação com a qual não concordo é a utilização à força do Mitroglou neste início de época. Notou-se que nestes primeiros jogos andou perdido em campo, um corpo estranho ao nosso futebol e campeonato. Não se sei isto mostra o desespero do treinador ou a falta de soluções que dispõe.

As expectativas estão em baixo neste arranque de campeonato mas nem tudo é mau.

O Júlio César está num excelente momento de forma.
O Nico e o Jonas continuam no plantel.
O Lisandro parece começar a assumir-se no centro da defesa.
O Nélson Semedo, apesar de normais carências defensivas, parece poder começar a ganhar um lugar de destaque na equipa. Ofensivamente é muito bom.
No jogo com o Estoril o Rui Vitória mostrou ter uma excelente capacidade de leitura do jogo. Pena parecer ter estagnado nesse momento.

Exige-se uma prestação convincente com o Belenenses e com o Astana na Luz.
Quero ver mais Rui Vitória em campo, mais fluidez, mais Luisão, mais Djuricic e mais Cristante.
 
A super-estrutura já perdeu este campeonato mas o treinador Rui Vitória ainda o pode ganhar.


Se o Rui Vitória não começar já a apostar nas melhores opções irá chegar a altura em que será tarde demais para o fazer (rotinas e ritmo competitivo).

Meu 11 para o Belenenses:

Júlio; Nélson; Luisão; Lisandro; Almeida; Fejsa; Cristante; Djuricic; Nico; Jonas; Mitroglou. Deixo a dúvida entre o grego e o Carcela.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Não é santo nem milagreiro



Vou aproveitar a pausa no campeonato e o contexto de fecho do mercado de transferências para colocar aqui uma lista na qual muito tenho pensado.

Desde Junho que em muitas discussões tenho sublinhado muitos destes nomes.

Não pretendo provar a qualidade (ou falta dela) de nenhum treinador e muito menos negar os méritos deste. Somente tenho esta necessidade de contrapor um excesso de avaliação, a roçar a feitiçaria, a que assisti nestes meses.


Jorge Rojas
Pawel Dawidowicz
Victor Andrade
Elbio Wallace
Kevin Friesenbichler
Dolly Menga
Alipio
Rafael Copetti
Cláudio Correa
Diogo Rosado
Deyverson
Bryan
Wei Huang
Harramiz
Steven Vitória
Uros Matic
Filip Markovic
Lolo
Jim Varela
Derlis González
Gianni Rodríguez
San Martín
Carlos Ascues
Ernesto Cornejo
Rui Fonte
Éder Luís
Airton
Alan Kardec
Patric
José Shaffer
Felipe Menezes
Júlio César
Leandro Silva
Keirrison
Roberto
Jara
Fábio Faria
José Luis Fernández
Lionel Carole
Élvis
Bruno César
Émerson
Mika
Nolito
Joan Capdevila
Rodrigo Mora
Daniel Wass
Nuno Coelho
Yannick Djaló
Ola John
Luisinho
Hugo Vieira
Léo Kanu
Filip Djuricic
Lisandro López
Luis Farina
Funes Mori
Stefan Mitrovic
Bruno Cortez
Bryan Cristante
César Martins
Loris Benito
Bebé
Derley
Candeias
Talisca
Luís Felipe
Djavan
Jonathan Rodríguez
Hany Mukhtar



(Não inclui jogadores da formação nem contratados antes do Verão de 2009)