terça-feira, 30 de junho de 2015

AGORA SIM, A VERDADE DESPORTIVA.



Sporting e Porto, juntos e unidos pela verdade desportiva, votaram a favor do sorteio dos árbitros - verdadeira barreira à corrupção que, como todos sabemos, funcionou maravilhosamente bem nas higiénicas décadas de 80 e 90. Pelo menos, muda-se a literatura das desculpas: de "colinho" passaremos à clássica "bolas frias, bolas quentes". O futebol português é um bêbado em loop, a entrar e a sair de dois tascos ranhosos.


Valdivia, o melhor jogador do torneio.



É um mistério a incoerência entre a sua carreira e o muito talento que tem.


quinta-feira, 25 de junho de 2015

Um Junho de Acentuado Desgoverno



Neste Junho nem o Bicampeonato nem o sucesso nas mais várias modalidades consegue disfarçar o modo como se desgoverna neste Benfica.

O mês começou com a salganhada com o treinador.

- Tinha proposta de renovação desde o Verão passada?
- O Direcção quis a sua continuidade?
- O presidente quis, juntamente com o Jorge Mendes, emprestar o treinador durante uns anos?
- Apresentou-se uma proposta abaixo das exigências do treinador?
- Fez-se pré-acordo com outro treinador?
- O treinador andou vários meses a negociar com o rival sem a nossa direcção e o seu parceiro (Jorge Mendes) saberem?
- Com a aproximação declarada do rival o nosso presidente desesperou e ofereceu mundos e fundos ao treinador para ele continuar?

Acabou como sabemos.

O mês continuou com o arrastar da renovação do Maxi Pereira.
Faltam 5 dias para acabar o contrato do jogador e parece-me que neste momento a direcção está já mais preocupada em encontrar um modo de denegrir a imagem do Maxi (mais um a passar de ídolo a pesetero e ingrato) do que um modo de chegar a acordo com o jogador.

Pelo meio tivemos a salganhada da Eusébio Cup.
Uma competição amigável que existe para homenagear o King, na sua casa, junto aos seus e com convidados especiais.
Este ano irá ser fora da Luz e fora do país.

A medida em si não me agrada mas o que realmente me incomoda são os motivos.
Em vez de andarmos a arranjar desculpas para justificar o injustificável deveríamos andar a questionar o porquê desta decisão.

Na mesma altura em que vendemos o Funes Mori ao Monterrey também é anunciada a nossa participação no jogo de inauguração do novo estádio deste clube mexicano. Negócios.

Negócios que não agradaram os adeptos do clube em questão. Alguém que tanto desrespeita o nosso clube poderá alguma vez respeitar o Eusébio?

Volvidas algumas semanas é anunciada a realização da próxima Eusébio Cup no México, precisamente no mesmo jogo de inauguração do dito Estádio. Negociatas.

Será mais ou menos isto:
Na venda do Funes Mori o Benfica comprometeu-se a disputar o tal jogo de inauguração. Este sobrepôs-se à realização da Eusébio Cup, amigável que foi passado para segundo planos nos interesses do clube.
Felizmente o Monterrey aceitou que o nosso clube juntasse à inauguração do estádio a Eusébio Cup, caso contrário a mesma não se iria realizar.
Assim teremos a Eusébio Cup como um extra de outro jogo e realizada perante aqueles que não a querem.

Como o Eusébio até jogou no Monterrey a direcção lá conseguiu desenrascar uma desculpa para disfarçar o desprezo como olharam a Eusébio Cup em prol do negócio Funes Mori. A homenagem ao King passa assim a ser uma moeda de troca para as vendas/compras do clube.

Só posso desejar que este mês de Junho acabe rapidamente para que comece Julho e o Rui Vitória possa tentar disfarçar tamanho desgoverno.


quarta-feira, 24 de junho de 2015

Atentado à mística



Bernardo Silva é um óptimo exemplo para se perceber que a estatística, neste caso a estatística dos argumentos demagógicos, não vale nada em futebol.

O que diz a propaganda? "Vendemos um jogador da nossa formação sem sequer jogar na nossa equipa principal por fantásticos 15 milhões de euros! Fantástico! Somos vendedores de excelência, era uma oferta irrecusável!"

O que diz a realidade? Vendemos um talento puro, um puto que daqui a 3 anos estará entre os 10 melhores jogadores do mundo por ridículos 15 milhões de euros - sairá do Mónaco pelo triplo; um puto que passou toda a formação no nosso clube; um puto tão benfiquista como nós, que sente o clube como nós; um puto ao qual não deram a felicidade de jogar um aninho no Estádio da Luz usando a gloriosa camisola.

Bernardo Silva é uma das melhores razões para se entender todo o desgoverno financeiro, desportivo e social que está instalado no nosso clube.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Eusébio Cup Onde Vais?

O lugar da Eusébio Cup é no Estádio da Luz.

Esta homenagem ao King deverá ser sempre feita na sua casa e perante os seus, aqueles que o idolatraram enquanto benfiquista e enquanto português.

As negociatas continuam a afastar os sócios e adeptos do clube. O Benfica está a tornar-se numa empresa que cada vez mais trabalha para ter no Guinness o recorde do maior número de clientes.

As negociatas levam agora a Eusébio Cup para junto daqueles que há um mês criticavam e gozavam com a escolha do nosso clube para a inauguração do estádio novo do seu clube.
Não deverá andar muito longe a transmissão do jogo na madrugada de um dia de semana. Seria a cereja no topo do bolo.

Mais uma triste, descabida e desbenfiquizada decisão desta gente que lidera o nosso clube.



Um atentado ao Sport Lisboa e Benfica



Ontem foi uma data histórica: fez anos o ÚNICO PRESIDENTE ILEGÍTIMO DA HISTÓRIA DO BENFICA. Cada dia com Vieira na cadeira presidencial é uma facada em Cosme Damião, na tradição democrática do Glorioso e nos princípios fundamentais do Benfiquismo.

Parabéns por isso ao Presidente e a todos os benfiquistas que fingem não saber ser uma vergonha forjar uma candidatura para liderar os destinos do nosso amado clube. O Benfica revela assim todo o seu ecletismo, juntando às modalidades históricas uma mais recente: o contorcionismo.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Não Matem o Futebol


O Futebol moderno caminha cada vez mais para o vazio emotivo.
São poucos os que ainda se permitem a comentar este desporto sem a superficialidade de visão de um Clube enquanto Empresa.

Clubes não são empresas.

Já basta termos os dirigentes, os empresários, os fundos e muitos outros profissionais a ver o Futebol como um fenómeno empresarial, os adeptos como clientes e os jogadores como activos.

Agora também os adeptos caiem nesta superficialidade. Cada vez mais parece não ser permitido ao adepto sentir e são os próprios que impões esta proibição, inspirados numa cultura que vem dos porta vozes de outros interesses.

Hoje um adepto não pode sentir uma derrota ou um mau jogo do seu clube. Não pode ficar irritado e vociferar aquilo que o chateou. Não. Hoje o adepto tem de apoiar. Tem de se controlar e apoiar. Tem de confiar no trabalho dos profissionais do Clube. Ser uma voz de descontentamento e protesto é prejudicar o clube, os dirigentes, treinadores e jogadores.
Aliás, hoje a sua equipa não joga bem ou mal. Hoje a sua equipa joga com nota artística ou de forma pragmática.

Hoje um adepto não se pode sentir traído por saídas de treinadores ou jogadores. Muito menos se forem para clubes rivais. O adepto não se pode revoltar com essas situações. Por vários motivos: porque isto é o Futebol (é?), porque o clube é maior que qualquer um (ou que todos juntos) e porque só interessa quem cá fica.
Até pode ser tudo verdade mas e o sentimento? E a emoção?

Hoje um adepto não pode idolatrar jogadores, não pode valorizar aqueles minutos futuros em que irá ver certos craques a envergar o manto sagrado do seu clube. Hoje o que importa são os milhões. Hoje não se pode idolatrar ao ponto de se afirmar "Nem por todo o dinheiro do mundo!”. Não. Hoje é tudo à base dos valores de Mercado.

Uma proposta milionário por um jogador de 31 anos? A ordem é para se vender.
Onde está a paixão? Onde está a Mística? Onde está a magia de ver aquele craque brilhar com a bola envergando o nosso manto na nossa casa? Quem sabe quantificar o valor de tudo isto? Quem consegue ignorar estes valores?

Milhões, milhões e milhões.

Nem vou discutir o modo como esses milhões entram no clube. Nem vou discutir a percentagem que entra no clube. Nem vou discutir o como 10M hoje não são o que eram há 10 anos.

Quero sim discutir outros valores, os valores desportivos e emocionais.

Não temos de aceitar nem de gostar de qualquer venda que o valor, muitas vezes ligeiramente, a justifique.

Um jovem jogador que praticamente não jogou na equipa principal é vendido por 15M. Bons números. E o resto? Além do potencial de valorização, há o desaproveitamento desportivo, há a o prazer que nos é negado de ver tal jogador evoluir no nosso clube até chegar ao Estádio da Luz e brilhar perante e para todos nós.

Um experiente jogador chega ao clube e quase imediatamente se torna ídolo das bancadas. Pela sua personalidade, pela sua classe, pela sua qualidade e pelos seus golos.
Como é que podemos chegar ao final da época e aplaudir uma possível venda fosse por 10 ou por 15M?
Só interessam os milhões?

Nunca fui fã do Jorge Jesus. Apesar disso a sua saída para o Sporting incomodou-me. Foi uma facada nos muitos milhares de benfiquistas que o idolatravam e cantavam o seu nome. Não era seu admirador mas sou benfiquista e portanto também eu senti esta facada dada a milhares.
Nenhum jogador está acima do clube. Poucos são os que se imortalizam no Benfica. Mesmo assim, se for confirmada a ida do Maxi para o Porto, irei sentir mais esta facada. E esta bem mais funda.
20 Milhões pelo Jonas é imenso. Apesar disso cito os meus colegas de blog: “Por favor não vendam o Jonas”.

Sentir e sofrer fazem parte do crescimento e fortalecimento. Andar feito barata tonta a evitar a mágoa e a mudar de opinião conforme sopra o vento, é uma futilidade que não me interessa.

O Futebol é o que é devido ao sentimento dos adeptos. Muitos dirigentes querem superficializar o Futebol. Muitos dirigentes querem ignorar a importância deste sentimento.
O adepto não pode ir nessa cantiga.

Deixem-me sentir e... Sintam porra!


Selecção Rumo ao Futuro



O Arménia – Portugal foi um jogo demasiado pobre. A exibição portuguesa meteu dó. Defensivamente o Ricardo Carvalho foi compensando a incapacidade ofensiva da nossa equipa. Ofensivamente, apesar de também um exibição muito apagada, o Cristiano conseguiu fazer proveito de três erros defensivos da selecção da Arménia, com um tiraço no terceiro erro.

Falta um ano para o Europeu e três anos para o Mundial. Quem jogou?

Rui Patrício – 27 anos

Vieirinha – 29 anos

Bruno Alves – A fazer 34 anos

Ricardo Carvalho – 37 anos

Eliseu – A fazer 32 anos

Fábio Coentrão – 27 anos

Tiago – 34 anos

João Moutinho – A fazer 29 anos

Nani – A fazer 29 anos

Danny – A fazer 32 anos

Cristiano – 30 anos

José Fonte – A fazer 32 anos
William Carvalho – 23 anos

Adrien – 26 anos

Ficaram de fora por lesão dois jogadores que têm sido titulares.

Pepe – 32 anos

Bosingwa – A fazer 33 anos

Neste grupo de 16 jogadores a média de idades é superior a 30 anos, só 1 tem menos de 26 e só 4 têm menos de 29 anos.

Depois de Paulo Bento, depois daquele triste Mundial e depois daquela derrota com a Albânia, percebo que Fernando Santos opte por jogar pelo seguro. Percebo a preocupação em somar vitórias e garantir o apuramento para o Europeu.

Percebo tudo isto mas não irei perceber se tanta preocupação continuar.
Portugal está em primeiro no grupo e tem o apuramento muito bem encaminhado.

A Selecção precisa urgentemente de nova alma, de coragem e de frescura. Precisava disso em 2013, precisava disso em 2014 e enquanto nada se fizer irá continuar a precisar disso em 2015, 2016, 2017 e 2018.

Espero um novo paradigma depois do Verão. Com o fim do Mundial Sub20, com o fim do Europeu Sub21 e com as pré-épocas que vão agora se realizar, acredito que Fernando Santos, se quiser, pode finalmente começar a preparar o renascimento desta Selecção.





quarta-feira, 17 de junho de 2015

OS SÓCIOS DO BENFICA


O Cartão de Cidadão devia ter o nosso número de Sócio do Benfica. Altura, Nacionalidade, Data de Nascimento, Número de Identificação Civil, Data de Validade - nada disto interessa para nada; no verso: Número de Identificação Fiscal, Número de Segurança Social, Número de Utente de Saúde - três números que só justificam andarmos por aqui e fazermos parte de uma coisa qualquer que ainda ninguém percebeu muito bem o que é e que é suposto ser uma coisa séria.

E o Benfica? Por que inaceitável razão não tenho o meu número de sócio do Benfica no meu Cartão de Cidadão? A gente chega à menina da caixa e mostra o cartão do Benfica, não porque seja preciso ou dê desconto mas porque é essencial comprar aquele pack de médias ou a garrafa de Bushmills ou o detergente para a loiça e levantar primeiro o bilhete mágico que nos sorri da carteira.

Às vezes, só por orgulho, ficamos 3 segundos mirando o cartão com o nosso símbolo, a nossa cara e o nome «Sport Lisboa e Benfica». E sorrimos. Primeiro para nós, depois para os outros. No fim, para a menina que vai passando as compras pelo bip-bip e tem aquele esgar empático de quem sabe que o cartão do Benfica devia dar para pagar todos os produtos que vão correndo a passadeira.

- Tem cartão?
- Tenho.
- Fundador?
- Não, Sócio Normal.
- Se tivesse Red Pass, tinha direito a dois golos do Jonas.
- Não posso acumular?
- Pode, mas antes temos de ver o voo da Águia Vitória.

e então ficamos todos a ver esvoaçar o animal aos círculos por entre atuns, queijos, esfregonas, comidas de gatos, legumes e merendinhas.

- Quanto é que ficou no cartão?
- Dois Estádios da Luz e cinco finais europeias.
- Contabilizou as cervejas das rulotes?
- Agora sim. Quer juntar as viagens ao Norte, ao Algarve, ao estrangeiro?
- Sim, por favor. Sem factura.

Vai a vida toda e mais um bocadinho. Os clientes esperam e olham-nos com algum enfado. Também querem ter o cartão. A menina da caixa aproveita e pergunta à senhora que religiosamente guarda na mão uma fiada de apliques para a casa-de-banho.

- Quer ser sócia 0 euros?
- Quero, mas como é que isto funciona?
- Então... deve ir ver os jogos todos do Benfica na Luz e o máximo que conseguir nos outros estádios.
- É uma boa ideia mas não tenho cupões para isso.

A menina ri. E olha-me com aquele ar com que só os sócios do Benfica sabem olhar uns para os outros.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Jorge Jesus e o fim de um ciclo

"Cada uno es como Dios lo hizo, y aún peor muchas veces."
Miguel de Cervantes, em El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha


Terminou um ciclo no Benfica. Num clube habituado a mudanças de treinador desde sempre, independentemente do sucesso desportivo, Jorge Jesus foi o treinador que esteve por mais tempo ao leme do comando técnico encarnado desde Janos Biri (1939-1947). Tendo por base um estilo autoritário e apoiado por uma estrutura que disponibilizou mundos e fundos nunca antes vistos para o lado da Luz e que o segurou mesmo nos momentos mais difíceis, Jesus estabeleceu-se e entronizou-se dentro do organograma benfiquista, ganhando admiradores dentro e fora de portas, sem no entanto conseguir estar perto do consenso quanto ao seu valor enquanto treinador.

Não sejamos hipócritas: Jesus é um bom treinador e não deixou de o ser por ter assinado pelo Sporting. Deixou obra feita no Benfica, tanto a nível de títulos conquistados, com a vitória em metade dos campeonatos disputados, score que era o habitual na era pré-1994, mas também no que à mudança de mentalidade diz respeito, com maior exigência pelo culto de vencer, sem esquecer os activos desportivos que valorizou. Dispôs de planteis de grande qualidade, mais precisamente entre 2011/2012 e 2013/2014, mas foi também com um plantel globalmente fraco, com muitas limitações em diversas áreas do terreno, que se evidenciou (precisamente esta época), tendo levado a equipa à conquista do título. Não o disse atempadamente, mas o campeonato conquistado em 2014/2015 tem, mais que qualquer outro, o dedo de Jesus. Foi ele o operário, o engenheiro e o arquitecto do título conquistado. Perdeu 7 titulares em relação ao onze habitual da temporada anterior (ficaram apenas Maxi, Luisão, Gaitán e Lima), perdeu algumas segundas linhas muito importantes (Cardozo e André Gomes por transferência, Sílvio e Amorim por lesão), foram-lhe dados jogadores que em termos qualitativos não chegavam nem perto dos calcanhares dos seus antecessores (excepções honrosas feitas a Júlio César e Jonas) e assistiu a um investimento financeiro histórico do FC Porto, que construiu um dos melhores planteis que me lembro de ver nos azuis-e-brancos. O Benfica investiu muito dinheiro no mercado de transferências, é um facto, mas investiu mal, sobrevalorizando muitos dos atletas contratados e acabando por ter como verdadeiros reforços na real acepção da palavra dois “velhotes” brasileiros que vieram a custo zero. Jesus, no entanto, conseguiu com o plantel que tinha (sem esquecer a “abençoada” eliminação das provas europeias) atingir o topo do futebol português uma vez mais, contra todas as expectativas. Contas feitas, em termos desportivos, o balanço com Jorge Jesus ao leme do Benfica é positivo, ainda para mais se tivermos em conta o padrão habitual de troféus conquistados nos anos que o antecederam. Jesus tem mérito e devemos saber reconhecê-lo.

Mas não esqueço as limitações, os erros e as falhas que o impedem e continuarão a impedir de chegar a um patamar de verdadeira excelência e qualidade. A começar pelas relações humanas. Um treinador, nos dias que correm, mais que um teórico ou um mestre da táctica, tem de ser um condutor de homens. Jesus tentou sê-lo não através do exemplo ou do carisma mas sempre na base da arrogância e de uma disciplina férrea que asfixiava tanto os colegas que com ele trabalhavam como os seus próprios jogadores. As embirrações, a política de filhos e enteados, as atitudes menos dignas e os episódios de guerrilha interna com alguns jogadores são, uns mais que outros, até pelo encobrimento que a Direcção do Benfica sempre tentou dar a estes casos, conhecidos: desde o inqualificável despedimento televisivo de Quim à inexplicável ostracização de Aimar e Nuno Gomes, passando pela embirração constante com Nolito e Capdevila, ao ignorar das virtudes e talento de Bernardo Silva, a guerra que levou ao afastamento (e perda de um campeonato?) de Rúben Amorim, aos misteriosos desaparecimentos de Urreta, Sulejmani e Sílvio, a subutilização de Enzo Pérez (2011/2012) e André Gomes são alguns dos casos mais flagrantes que assim de repente me assaltam a consciência. Quando se ganha, tudo é esquecido. Mas quando se perde, a frustração alastra e a raiva desperta, como ficou bem patente nas reacções de Enzo e Cardozo às finais perdidas em Amesterdão e no Jamor, em 2013. Mesmo com os seus pares, Jesus não teve o comportamento que é expectável e digno de um treinador de futebol, ainda para mais no Benfica. Quantas vezes não foi Raul José, alvo da fúria injustificada e da ira mal digerida de Jesus? E como esquecer o episódio em que Jesus se agiganta, vociferando impropérios contra o apaziguador Shéu, uma lenda viva do clube, com mais de 45 anos consecutivos de casa, sem motivo aparente?

Sendo Jesus um treinador competente no capítulo do treino, há que lhe reconhecer a incompetência na escolha de jogadores ao longo destes seis anos. Se fizermos um balanço no que diz respeito às contratações do Benfica na era Jorge Jesus, verificamos que em termos de qualidade e de rendimento, os jogadores indicados ou escolhidos pelo treinador se revelaram autênticos flops. Se pensarmos nos 20 melhores jogadores que passaram pelas mãos do técnico na sua estadia na Luz, é fácil verificar que nenhum deles veio por indicação de Jesus. E havendo no Benfica uma estrutura profissional de scouting do mais competente que há, nunca percebi a necessidade de dar tanto poder a Jesus numa área de decisão que ele manifestamente não domina. Na minha concepção de futebol moderno, não há a obrigatoriedade de um treinador ser um prospector de talentos. Há gente especializada que fará esse trabalho melhor que qualquer treinador. Cabe ao treinador... treinar. Assim, simples. Sem ostracizar os jogadores que lhe são disponibilizados, como infelizmente aconteceu no Benfica, onde atletas manifestamente de maior qualidade foram preteridos face a outros incomparavelmente inferiores mas que foram trazidos pela mão de Jesus (como se explica a insistência em craques como Emerson, Bruno Cortez, Éder Luís, Ola John ou Artur quando qualquer leigo vislumbrava a existência de melhores opções à disposição do treinador?).

É toda esta arrogância que impede o auto-proclamado mestre da táctica de aprender mais para poder atingir o topo. Para tal, teria de deixar de ser casmurro e querer aprender com os próprios erros e com os outros, algo que sempre teve relutância em fazer. E para atingir o topo tem de cumprir duas metas que sempre teve dificuldade em alcançar na Luz: derrotar os mais fortes e não fraquejar nos momentos decisivos. A primeira premissa é exemplificada com os sucessivos falhanços que teve na Liga dos Campeões, prova na qual conseguiu a qualificação para a fase a eliminar em apenas uma ocasião em cinco tentativas, muito por culpa do parco estudo que fez dos adversários e da incapacidade de adaptação do modelo de jogo num contexto onde encontrava adversários muito mais competitivos do que aqueles da Liga Portuguesa, sem no entanto serem obrigatoriamente melhores que o próprio Benfica. A segunda premissa (fraquejar nos momentos decisivos) ficou bem evidente quando desperdiçou a hipótese de conquistar dois campeonatos nacionais (2012 e 2013), uma Taça de Portugal (2013) e duas Ligas Europa (se bem que aqui não tivesse a obrigação de as ganhar), muito por culpa de uma série de erros já aqui apontados. Em 2012, após ter concordado com as saídas de Enzo Pérez e Amorim, transformou 5 pontos de avanço em 3 pontos de desvantagem no espaço de três jornadas, fruto de embirrações, decisões técnicas muito questionáveis e com um toquezinho simpático das arbitragens. Em 2013 perdeu tudo da forma mais dramática possível, demonstrando uma enorme falta de arcabouço mental para segurar a equipa quando mais precisava de um treinador.

Em 2010, quando se soube que Jesus mantinha conversas paralelas com o seu amigo de longa data Jorge Nuno Pinto da Costa com vista a uma transferência para o FC Porto, afirmei peremptoriamente que Luís Filipe Vieira não deveria ceder à chantagem negocial do treinador e não lhe deveria renovar o contrato se tal implicasse o pagamento de um salário quase incomportável para os cofres da Luz. Vieira decidiu-se pela renovação do treinador campeão, mas teve de lhe oferecer os pedidos 4 milhões de euros anuais que toda a gente sabe que auferia. Fui contra não só pelo facto de ser uma quantia absurda para a realidade do Benfica como também para a qualidade do treinador em questão, mas também porque esta chantagem salarial em nada se coaduna com a forma de ser ou de estar do Benfica. Por mim, Jesus não deveria ter visto o seu vínculo renovado em 2010. Não seria de esperar, até por uma questão de coerência nesta matéria, que adoptasse uma posição diferente neste caso. E não adopto. Luís Filipe Vieira fez bem em não ceder às novas pretensões salariais de Jesus e em não entrar em guerra com o Sporting pelo treinador. Estou totalmente ao lado da Direcção do Benfica nesta matéria. Ainda para mais se tivermos em conta que as visões de projecto futuro da Direcção e do agora ex-treinador para o clube são praticamente antagónicas.

Jesus é passado. As suas vitórias, as suas conquistas, as suas embirrações, as suas casmurrices, os seus erros tácticos, tudo isso é passado. Resolveu ir para o Sporting porque foi a proposta financeiramente mais atractiva, porque se mantém em território nacional, consciente que é das suas limitações enquanto treinador e que o impedem de dar o salto, e porque não tem carácter nenhum, como evidenciou ao longo de seis anos. E se no Benfica houve mais de 100 anos antes de Jesus, muita vida haverá para além dele.

Maxi e o agente estulto



Esta é a figurinha ridícula que há uns anos obrigou o Benfica a comprar um saco de uruguaios - entre eles, o famigerado Jim Morrison - em troca da renovação com o Maxi, o ser ridículo que convenceu Rodriguez a ir definhar para o Porto e desaparecer do mapa futebolístico e a alforreca falante que agora não quer parar de exigir mundos e fundos ao Benfica para que o nosso lateral-direito por aqui se mantenha.

Paco Casal, o perfeito anormal.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Rui Vitória: uma escolha preocupante


Não é raro ter uma opinião contrária à da maioria dos benfiquistas. Há 6 anos, enquanto a generalidade dos adeptos rezava a todos os santinhos que Vieira não escolhesse o treinador que meses antes havia dito que «ganhar na Luz só na Playstation», defendi a contratação de Jesus por me parecer ser o técnico com mais qualidade para elevar o clube ao sucesso. 

Curioso é perceber que os que o desprezaram nessa altura de repente, após o primeiro título, passaram a ser tão fanáticos do mister da Reboleira que começaram a não poupar nos insultos aos benfiquistas que encontravam defeitos em Jesus. É sempre assim: quando o fanatismo existe, seja no desporto, na religião, política, no mundo e em qualquer área, a viagem de um extremo ao outro entre o gosto e o desgosto, o apoio e o apupo, pode dar-se em menos de um segundo. Difícil é perceber que há várias cores, vários espaços de debate, defeitos e qualidades; fácil é ser-se primitivo, tanto negando um homem por uma frase do passado como o adorando a níveis absurdos. Não chegando a esquizofrenia boçal, agora voltaram a odiar o Catedrático, alguns querendo mesmo organizar acções de violência contra o ex-técnico do Benfica. Pobre gente, esta. Muito pobre de espírito, de alma e de mundo.

Agora virá Rui Vitória. Como qualquer técnico do Benfica, terá de mim o apoio natural e o respeito que merece. No entanto, acho uma escolha errada e um claro retrocesso em termos de qualidade na comparação com Jorge Jesus. Pelo Benfica, pela nossa História, pelo nosso desígnio, espero que o nosso novo treinador desmembre com trabalho e troféus as minhas (muitas) preocupações por esta escolha.


P.S.- Vi hoje a excelente apresentação do novo técnico. Começou muito bem, Rui Vitória.

Rui Vitória


A partir de hoje, o melhor treinador do mundo. Bem-vindo a casa, Rui Vitória.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Paciência para Vitória




O futebol do Benfica fecha o ciclo Jorge Jesus e começa agora um ciclo novo com Rui Vitória.

É preciso ter paciência com o novo treinador.

No Benfica a exigência é sempre ganhar, no Benfica o objectivo é sempre ser campeão.
Rui Vitória vai ter esta pressão sobre ele. É preciso ter noção que nem sempre as mudanças de ciclos técnicos são pacíficas e principalmente que não se pode exigir de um treinador que consiga num ano aquilo que outro esteve a fazer durante seis.

Se cairmos no erro da comparação neste primeiro ano, só iremos estar a prejudicar o desenvolvimento deste treinador no Benfica e isso será mais de meio caminho andado para começarmos a ter novamente um treinador por época.

Paciência e tempo. São dois conceitos essenciais para o trabalho de Rui Vitória no Benfica.
Mais do que se analisar estatísticas teremos de observar o trabalho desenvolvido.

O normal é um treinador só ao segundo ano ter montada uma equipa à sua imagem e estar preparado para vencer tudo. Com Jorge Jesus foi um pouco ao contrário. Primeiro ano de empolgação, segundo ano de desastre e só dois anos depois se colheram os frutos do seu trabalho.

O Rui Vitória terá a pressão e obrigação de chegar ao Tri. Nós temos a obrigação de não dificultar o trabalho ao treinador, ou pelo menos de evitar injustiças.

Que comecem os trabalhos.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Pedro Demagogo Guerra e o Camião de Sérvios




Na expectativa pelo anúncio do treinador, na expectativa pela renovação do Maxi e na expectativa da venda do Nico, andei a passear pela internet e deparei-me com esta pérola do Pedro Guerra na CMTV.
Já tem um ano mas a demagogia e peixeirada deste comentador são muito actuais.

Pedro Guerra, na sequência dos vários títulos nacionais que conquistámos em 2014, decidiu, como já é seu apanágio, atacar todos aqueles que alguma vez criticaram algo feito pela presente direcção. Neste caso o assunto era os sérvios.

No Verão passado muitos fomos aqueles que fizemos referência ao “camião de sérvios” que tinha chegado à Luz. A questão não se prendia na qualidade individual dos jogadores mas sim no motivo que justificava a chegada simultânea e inovadora de tantos jogadores sérvios ao clube. Aliás, com tanta promessa à volta da Formação, ficou a dúvida se tal Formação seria a sérvia e não a do nosso clube.

O termo “camião de sérvios” surgiu com a chegada do Markovic, Sulejmani, Djuricic, Mitrovic, Uros e Filip. Depois também veio o Fejsa. Portanto 6 + 1.

No final da época o Benfica foi campeão. No final da época o Markovic provou ser uma enorme mais valia e o Fejsa mostrou ser um jogador que poderia ser importante na equipa principal.
Com base nisto o Pedro Guerra decidiu atacar todos os que falaram no camião de sérvios, mostrando uma foto onde figuram Markovic, Fejsa, Sulejmani e Djuricic.

Alguém me diga o que é que Pedro Santos conseguiu provar com esta atitude? À data o Sulejmani foi um jogador secundário. À data o Djuricic foi um jogador terciário. E quanto ao Uros e ao Filip? E quanto ao Mitrovic?
E já agora, um ano depois como foi o rendimento destes jogadores no Benfica? Actualmente o que é feito deles?

O Benfica foi campeão com mérito. O Benfica contratou muito bem o Fejsa e o Markovic. Daí a poder atacar e apontar o dedo aos que falaram no “camião de sérvios” vai um longo caminho.
Ser campeão não prova que tudo o que se fez foi bem feito. Um jogador quando prova o seu valor não prova também o valor de outros 4.

O Benfica foi campeão? O Jonas brilhou? Então vamos a ver e tanto o Benito como o Derley como o Candeias foram excelentes contratações.

Todo este teatro e demagogia servem só um interesse e infelizmente não é o de defender o Benfica mas sim o de atacar e rebaixar todos aqueles que algum dia fizeram qualquer critica ao Vieira.

Parabéns Fernando Guerra, fizeste bem o teu trabalho. É que quanto mais gritas, insinuas, mentes e insultas, menos os outros têm paciência para pensar sobre a lógica do que estás a querer mostrar com essa foto na tua mão.

domingo, 7 de junho de 2015

Sporting Anti-clube de Portugal


A saída de Jesus para o Sporting provocou enorme celeuma entre a nação benfiquista. Sem surpresa. Gostasse-se mais ou menos do ex-treinador encarnado, a saída directa para um grande rival é motivo para deixar o orgulho ferido mesmo entre os que nunca foram indefectíveis de Jesus e que nem se importariam de ver a saída do técnico para outras paragens. Surpreendente? Sem dúvida. Trocar o bicampeão nacional por um clube que acabou de vencer o primeiro troféu oficial em 7 anos é um passo atrás na carreira e que, conhecendo Jesus e a sua forma de pensar, não foi feito por amor àquele que todos sabemos ser o seu clube do coração. Não. Jesus atravessou a 2ª Circular por quatro motivos muito simples: acredita que, efectivamente, conseguirá ser campeão pelo Sporting ou pelo menos fazer melhor que o Benfica num futuro próximo; sabe que o Sporting, ao contrário do que tem sido feito nos últimos anos, apostará forte no futebol investindo o que tem e o que não tem em termos financeiros, não se importando com a proveniência do dinheiro (BES, Angola, Guiné Equatorial); vai auferir um salário superior comparativamente àquele que recebia na Luz; e por último, algo que sempre apontámos aqui ao longo destes seis anos: saber que tem limitações graves enquanto treinador e que a adaptação a um país, idioma e cultura diferentes iriam expor as suas gravíssimas limitações enquanto treinador de futebol.

Lealdade é um conceito estranho no mundo de futebol. Raros são os exemplos de tal atitude nos dias que correm. Respeito, porém, ainda existe, mas nem todos o têm. A forma como Jorge Jesus geriu todo este dossier em torno da sua renovação ou saída do Benfica demonstra bem o respeito e o carácter (ou falta de ambos) que tem para com as instituições e os seus colegas. Jesus sabia que o seu contrato com o Benfica estava a aproximar-se do fim e não hesitou, várias semanas antes do mesmo expirar, em encetar negociações com o Sporting, clube que tinha treinador com contrato e que estava a disputar uma competição oficial com possibilidades de a conquistar. Jesus foi co-autor do cozinhado em lume brando que Bruno de Carvalho foi preparando ao longo dos meses para queimar Marco Silva. Se não acreditam, atentem nas palavras de Jesus ao longos destes últimos meses acerca da sua renovação e em particular ao que disse aquando do momento da festa da conquista do bicampeonato (que só tinha convertido os seus amigos ao benfiquismo para esta época). Jesus não tem carácter. Demonstrou o que é enquanto ser humano nestes seis anos de Benfica e não nos cansámos de o dizer por aqui. Espero que, findo este período, finalmente concordem com o que fomos por aqui dizendo.

E o que dizer da postura do Sporting durante todo este processo? Isso já não surpreende. O Sporting, em si, não é um clube. É um anti-clube. E tem dado provas disso ao longo da sua história. A começar logo pela sua génese, com a fundação a ocorrer na sombra do Benfica e com a inveja própria de quem “tem” mais mas não “é” mais e que motivou o roubo de oito dos mais influentes atletas do Sport Lisboa porque ofereciam... banhos de água quente após os jogos.  Depois, esse já velho hábito de roubar treinadores ao Benfica (Arthur John, Otto Glória, Fernando Caiado, Fernando Riera, Jimmy Hagan e Milorad Pavic) para tentar replicar os êxitos e sucessos obtidos de águia ao peito (21 títulos conquistados entre si no Benfica, apenas 2 no Sporting). Mudaram de política e passaram de treinadores para jogadores, com novo assalto ao lado bom da 2ª Circular no verão de 1993, com a deserção de Pacheco e Paulo Sousa e com a tentativa de roubo de Isaías, Paneira, Rui Costa e João Vieira Pinto, sem sucesso, que retribuiria a gentileza de tracto com aquele sublime 3-6 em Alvalade. Depois disso, o projecto Roquette e a aliança com o FC Porto, onde se tentou, por todos os meios, a eliminação do Benfica enquanto grande clube em Portugal dado não haver, teoricamente, mercado para os 3 grandes. E agora Jorge Jesus. Isto surpreende-vos? A mim não. O motivo da existência do Sporting foi o Benfica. E ainda hoje continua a ser. Por que haveria de mudar?


Sinceramente, não fico minimamente perturbado com a saída de Jesus do Benfica. Nem fico incomodado, em termos desportivos, com a sua chegada ao Sporting, como explicarei noutros posts durante esta semana. A única coisa que sinto é o orgulho ferido por Jesus trocar o Benfica pelo Sporting, mesmo sabendo ser este o clube do seu coração. Mas nem assim, a sangue frio, ao contrário do que se disse anteriormente, e olhando ao que foram estes seis anos, não me posso dar como totalmente surpreendido dadas as provas de falta de carácter que teve para com o Benfica e para com os benfiquistas. Bruno de Carvalho anunciou Jesus como sendo um treinador com os “valores e ideais do Sporting”. Na mouche, caro Bruno. Eu não diria melhor.

sábado, 6 de junho de 2015

Três Pontos Sobre a Última Semana



1. O assunto sobre a remoção da figura do Jorge Jesus na imagem dos Bicampeões na Megastore.
A ida do treinador para o Sporting, ainda por cima “a mal”, exigia que este não mais figurasse nas campanhas de marketing do clube.
Podia-se ter esperado mais uns dias, pelo menos até estar tudo anunciado, mas entendo a urgência.
Contudo existem várias maneiras de fazer as coisas e o Benfica não é um clube amador e tem várias pessoas responsáveis por pensar antes de agir. Estávamos obrigados a encontrar uma solução decente, algo que não fizemos.
Era aceitável retirarem toda a imagem do Bicampeonato e criarem outra nos mesmos moldes mas diferente. Era aceitável criarem uma campanha diferente.
Havia várias outras soluções. Se uma foto deixa de fazer sentido por ter lá alguém indesejável, não apaguemos esse alguém mas tiremos uma foto nova!

2. Há dois dias fiz um post que terminava com “Obrigado Jorge Jesus? Então e o Paulo Sousa?”.
Percebi que fui mal interpretado.
Ainda não fiz as minhas sugestões para treinador do Benfica e a referência ao Paulo Sousa foi no contexto da bipolariadade que abordei nesse post.
Quis somente expor um contraste entre a postura de muitos que repudiam o Paulo mas que agradecem ao Jorge e tentar perceber o porquê desta diferença.

3. O Rui Vitória ainda não foi confirmado pelo simples motivo do Jorge Jesus ter surpreendido com a sua ida para o Sporting.
Jorge Jesus do cimo do seu ego acreditava que tinha meia Europa atrás dele. Estava era enganado na metade interessada. Este ego era também alimentado pelo Super Agente.
O desinteresse em renovar pelo Benfica nascia pela crença em ir os “Colossos Europeus” e também pela recusa nos valores e estratégia que o LFV lhe tinha apresentado.
Vieira preparou o Rui Vitória para substituir o Jorge Jesus. O Jorge Jesus ficou à espera de um telefonema verde que lhe desse as condições que ele exigia.
O dinheiro apareceu em Alvalade e o treinador aproveitou enquanto o presidente desesperou.
No meio disto tudo surgiu uma nova carta na mesa. Jorge Jesus no Sporting implica Marco Silva livre.
Então agora o compromisso com o Rui Vitória está em suspenso.
Se é para o Vitória assinar então que isso seja anunciado já. A demora só fará com que o novo treinador do Benfica viva não só com a sombra do Jorge Jesus mas também com a do Marco Silva.

Faltam 25 dias para começar a pré-época e dois meses para se jogar o primeiro troféu da temporada. Convém acelerar o processo do treinador. Para já vamos em mais ou menos 10 jogadores contratados para 2015-16 sem o aval do futuro técnico encarnado.

No universo do Ontem, clama-se por Marco Silva para o Benfica. Diria que tem 60% das preferências. O Vítor Pereira tem foi a segunda opção mais pedida. O Rui Vitória parece não aquecer nem arrefecer.


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Jorge Jesus e a sucessão



Antes de mais, confesso: Estou absolutamente aturdido com tudo isto. Acho que estaremos todos. Embora ainda não seja oficial, já ninguém acredita que não seja real, a saída de Jorge Jesus directamente para o Sporting é o facto mais bombástico e inesperado desde a estupidez feita com João Vieira Pinto.

Não, não esperava que JJ continuasse como treinador do Benfica, pois parecia-me evidente que o Benfica procurava uma mudança no comando técnico do Benfica. Se era por intenção da redução da massa salarial, se era por JJ não aceitar a ideia de a aposta ter de passar por mais jogadores da formação seja, tão só, pelo facto de Vieira não querer correr o risco de JJ se tornar maior que a estrutura do clube na recolha de méritos das conquistas, o facto é que me parecia inevitável a saída de JJ do Benfica.

O que não esperava, embora já o tivesse admitido possível em conversas com amigos, é que o Sporting fosse mesmo capaz de cumprir as exigências financeiras de JJ, quer em termos salarias quer em garantias de investimento no plantel, e que JJ fosse aceitar trocar o Benfica pelo Sporting, depois do estatuto que conquistou na história do nosso clube.

Sem prejuízo de estar a assinar contrato com um clube que tinha treinador, passando assim de forma pouco elegante (mas bem ao jeito de JJ) por cima de um colega de profissão, o facto é que JJ pouco se importou em manter uma boa imagem junto dos adeptos que o idolatraram durante tanto tempo, deitando ao lixo os 6 anos que passou na luz, em prol da sua conta bancária e do seu ego. Mas caro Jorge Jesus, a “justa causa” parece ter-se enraizado como modus operandi lá para os lados de Alvalade, seja com fundos de investimento, empresas de construção civil ou… treinadores. Toma cuidado, porque o carma é sempre uma m****.

Disse-o aqui várias vezes e repito, JJ não era nem nunca seria o treinador que me enchia as medidas para o meu Benfica, por razões técnicas, mas também por razões de personalidade. Mas mesmo deduzindo a baixeza moral de JJ, não esperava que fosse do nível que demonstrou com esta troca.

Quem fica a ganhar? Em questões de competência, o Sporting, claramente; Em termos financeiros, Jorge Jesus, inquestionavelmente; Em termos morais, o Benfica, embora não se ganhem títulos com moralidades é verdade, mas satisfaz-me a ideia de achar o Benfica diferente do Sporting e do seu presidente, como comprova este processo.

Ainda assim, não devemos guardar qualquer sentimento demasiado negativo sobre JJ, porque o Benfica é o Benfica enquanto JJ será sempre… JJ; porque enquanto foi nosso treinador, foi-o com qualidade e competência; e porque, em última analise, JJ não foi mais que um profissional que aceita a proposta laboral que melhor serve os seus interesses. Em suma, não teremos de o receber com a maior das festividades, mas também não o deveremos fazer com escarnio e estupidez porque, queiramos ou não, JJ faz parte da nossa (melhor) história. Respeito e dignidade, características naturais de alguém que ame o Benfica, é o que se pede.

Saído Jorge Jesus, quem para o seu lugar? À hora que escrevo, parece-me claro que o sucessor será Rui Vitória. Não é nome que me agrade, pelo contrário. Não tenho visto nas suas equipas uma ideia de jogo capaz de singrar num clube grande. Tenho visto sempre equipas que defendem num bloco recuado, que fazem da transição ofensiva o seu maior argumento ofensivo e, sobretudo isto, têm sido equipas sem grandes princípios e posicionamentos de posse e controlo de jogo.

O jogo entre o Vitória e Sporting a contar para esta última edição da Taça da Liga parece-me absolutamente paradigmático para ilustrar o que falo, isto é, nesse jogo o Sporting apresenta um 11 bastante alternativo e, não sei precisar os minutos, vê-se reduzido a 10 bastante cedo no jogo. Perante isto, o Vitória, sem embargo do natural domínio nos números da posse de bola, não foi capaz de criar uma única oportunidade clara de jogo, sendo que as suas tentativas de desmontar um adversário a defender em cima da sua área se resumiram a cruzamentos e mais cruzamentos, facilitando assim a vida à linha defensiva leonina. Se for isto o que Rui Vitória tiver de melhor para o Benfica… Não me parece suficiente. Não é menos verdade que o próprio, em entrevista à RTP durante a semana passada, afirmou que a sua ideia de jogo tem sido fortemente condicionada pela qualidade e características dos jogadores que vai podendo ter em Guimarães, sendo que, ainda segundo Rui Vitória, quando lhe fosse possível subir o nível de jogador que tivesse ao seu dispor, iria também apresentar uma ideia mais positiva e completa no seu jogo. Do que tenho visto em Guimarães, não vejo por onde, mas espero que sim.

Eu preferia seguir caminhos técnicos diferentes e que tenho por melhores. Caminhos que passassem por Marco Silva, Peseiro, Paulo Sousa, Paulo Fonseca ou Vítor Pereira (sobretudo este). Tudo treinadores de quem já vi muita qualidade de processos nas equipas que já conduziram e tudo treinadores com ideias claras e competentes para um futebol de equipa grande, independentemente da qualidade individual que têm ao dispor.

Seja quem for, será bem-vindo e o 35º está à nossa espera.

P.S. Não dá para levarem o Gabriel também?