domingo, 30 de março de 2014

Que não se compre qualquer ideia antiga



Nas últimas semanas, com maior ênfase nos últimos dias, foi passada a ideia, através de jornalistas, comentadores e adeptos, que uma vez vencido o jogo de Braga, o campeonato estaria ganho.

Uma ideia muito semelhante à que se fez passar na época passada antes do jogo no Funchal, ou seja, uma vez vencido o jogo frente ao Marítimo, bastaria ao Benfica vencer os 2 jogos que teria em casa, até final do campeonato, para se sagrar campeão.

O resultado dessa ideia vendida e aceite, foi o que se sabe. O balão encheu até ao jogo nos Barreiros e de uma penada vazou por completo, deixando a equipa relaxada e certa de que já era campeã.

No presente campeonato acontece algo de semelhante, isto é, tendo vencido o jogo frente ao SC Braga, bastar-nos-á vencer os restantes jogos caseiros que temos, para nos sagrarmos campeões nacionais.

Por existirem demasiadas semelhanças com este passado recente é que espero que não se relaxe em nada nem se esqueça do “pormenor” de TERMOS de vencer os jogos que temos na Luz até final do campeonato.

Obviamente, espero e quero que sejamos campeões sem termos de esperar pelo último jogo que teremos em casa, quero ser campeão o mais rápido possível, mas para isso há que ter em atenção algum possível laxismo que possa decorrer do enfoque exagerado que foi colocado no jogo de Braga.

Daqui até final, em casa, ainda enfrentamos o Rio Ave que, quanto a mim, é melhor e mais equipa que este Braga. Mais e melhor organizados nos seus processos defensivos e bem personalizados no momento ofensivo.

Não obstante, também esse, como qualquer outro jogo, valerá apenas 3 pontos. E o jogo de hoje valeu apenas isso: 3 pontos. Nada mais!

Não gosto que se coloque maior grau de importância em determinados jogos em detrimento de outros durante um campeonato. Qualquer que seja o jogo, qualquer que seja a vitória, vale e valerá sempre os mesmos 3 pontos.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Uma questão de mentalidade



A derrota no jogo de ontem poderá ter razões de duas naturezas diferentes, mas complementares: A questão técnico-táctica e a questão anímica.

No plano táctico, Jorge Jesus optou por mexer naquele que é, em teoria, o melhor 11 do Benfica neste momento. Neste aspecto, considero que a alteração mais negativa ocorreu no ataque, com a troca de Cardozo por Lima.

Compreendo a razão pela qual Jorge Jesus apostou no Paraguaio, já que há a necessidade de manter Tacuara motivado e isso só é possível se ele continuar a achar-se importante no plano colectivo. Porém, tacticamente, este não me parece ser um jogo à medida de Cardozo. Nem à medida do jogador, sob o ponto de vista individual, já que será sempre um jogo que tenderá a ter um caudal ofensivo menor e, por consequência, tender-se-á a fazer-se de Cardozo uma ilha na frente de ataque. Mas também Cardozo não é jogador que sirva à medida da equipa, pois, como todos sabemos, não apresenta uma grande amplitude de movimentos, nem sequer ajuda com eficácia na pressão sem bola sobre os centrais e médios defensivos do adversário. Ou seja, a equipa, inconscientemente, isola-o na frente e ele não consegue juntar-se aos colegas, isolando-se também ele da equipa. A somar a tudo isto, há o péssimo momento de forma do Paraguaio. Não obstante, repito, compreendo a intenção de Jorge Jesus em coloca-lo de início.

Como já tinha escrito, considero que a grande evolução táctica da equipa se deu com a entrada e afirmação da dupla Rodrigo-Lima como avançados, ajudando a equipa a juntar linhas e encurtar espaços de circulação entre as nossas linhas e, por via da melhor capacidade técnica e de mobilidade de ambos, conseguem dar mais e melhores soluções à equipa na saída de bola, disfarçando assim o défice numérico a meio-campo. Nestes jogos, para jogar com Cardozo na frente, talvez seja mais aconselhável optar por uma estratégia que passe por 3 médios e menos pelo 4x4x2 mais clássico.

Para lá da questão táctica, há a questão anímica, a questão da mentalidade colectiva. Nos últimos largos anos, temos assistido a uma espécie de bloqueio mental colectivo na hora de defrontar o FCP, que se agrava e multiplica de forma preocupante quando os confrontos se disputam a norte.

Por muito bem que esteja o Benfica e/ou por muito mal que esteja o Porto, sentimos sempre que a equipa que joga no Dragão/Antas é animicamente diferente. Há um fantasma azul e branco que assombra todos os jogadores na sua individualidade e que se transporta para o colectivo. Raramente conseguimos jogar à Benfica frente ao FCP e, muito menos, no Dragão. Um exemplo claro disso foi o jogo de ontem, mas também outros mais ou menos recentes. Até no primeiro ano de Jorge Jesus em que a equipa praticava um futebol avassalador, respirava e transpirava confiança por todos os poros, podia sagrar-se campeão no Dragão caso vencesse o jogo e o que vimos foi uma equipa completamente descaracterizada, amorfa, apática e receosa.

Esta questão não é exclusiva dos tempos de Jorge Jesus à frente da equipa, bem pelo contrário. Esta questão já tem anos e anos, sendo que Jorge Jesus é “apenas” mais um que não a consegue inverter e este jogo apenas acentua este bloqueio mental que não será resolvido com uma vitória esporádica num dos próximos jogos que teremos no mesmo recinto

O trauma

Nada de novo: fomos ao Dragão e perdemos.

Negativo: Cardozo; Salvio; Sulejmani; continuar sem ter alma benfiquista para entender a fundamental importância de vencer no Dragão e esmagar o adversário nos seus maus momentos (em vez disso, borramo-nos sempre todos e fazemos sempre de ressuscita-mortos)

Positivo: o nosso apoio; uma polícia portuense que afinal também sabe colocar os adeptos do Porto em sentido.

Redimam-se em Braga. É tudo o que todos os benfiquistas merecem depois desta pobre exibição.

terça-feira, 25 de março de 2014

Porto - uma cidade maravilhosa controlada por bárbaros

Companheiros, saiam de comboio, autocarro ou viatura pessoal (nós vamos assim), muito cuidado na forma como chegam ao Porto amanhã. Aos gajos que não forem no cortejo, aconselha-se que andem em grupo, evitem zonas de grande concentração de adeptos portistas e - eu sei que é chato, mas é pela vossa saúde - não se mostrem muito evidentemente do Enorme (cachecóis, camisolas e tal). 

Se é uma vergonha tudo isto? Se é triste e nojento os adeptos irem ver um jogo e acabarem por encontrar um clima de terceiro mundo, de guerra civil, de estado de sítio? É, mas lembrem-se de que é só um dia e a vida é uma coisa bonita.

Vamos lá ganhar ao Dragão, companheiros. VIVÓ BENFICA!

segunda-feira, 24 de março de 2014

Mário Figueiredo e as "razões pessoais"

Ainda a propósito do "acidente" ocorrido a Mário Figueiredo - que algumas vozes quiseram, pela milionésima vez, calar ou atribuir a questões pessoais -, fica o relato de Marinho Neves sobre um acontecimento semelhante a este:

«Um dia fui testemunha de um caso que opunha Pinto da Costa à SIC. No dia do julgamento fui seguido por um carro até ao tribunal e do tribunal até minha casa. De tarde, antes de ser ouvido em audiência. disse ao juiz o que se tinha passado e até dei a matricula do carro. No dia seguinte O Jogo e outros jornais ligados ao sistema, sem chequerem a situação disseram que o carro que me seguiu era de um vizinho meu e que tinha sido pura coincidência. Chequei a matricula do carro e o dono do mesmo era de Fanzeres, Gondomar e eu nunca morei lá. Apesar de ser jornalista nunca ninguém me deu a oportunidade de repor a verdade.»


domingo, 23 de março de 2014

Faltam 11 pontos

Ganhar em casa a Rio Ave, Olhanense e Vitória de Setúbal e fazer pelo menos 2 pontos nos 3 jogos fora. Mesmo que o Sporting ganhe os jogos todos, é isto que nos falta para sermos campeões.

Classificação após a 24ª jornada:

1º Sporting - 54 pontos;
2º Benfica - 61 pontos;
3º Porto - 49 pontos.

 

O motorista Abílio

19:43, semáforo vermelho na Praça de Espanha. Vemos de cima, com câmara panorâmica. À esquerda da imagem, filas de carros amontoam-se uns nos outros, junto às árvores. Esperando. À direita, saem avançando devagar, depois acelerando outros carros. Contornam as curvas de passeios, levam luzes, cai a noite. Para onde irá esta gente? Dentro de 4 ou 5 horas, a Praça estará entregue a viajantes solitários, esporádicos, nocturnos. Agora não. Tudo cheio e cansado. Cada um dos humanos sentados na sua casa de rodas leva o coração e a vida, a tristeza e a esperança, fazendo pontos de embraiagem, depois seguindo em segunda, terceira, segunda outra vez, terceira, quarta. E a quinta, a necessária e urgente quinta, que os leve ao sonho, onde está?

Olhos desfocados no horizonte de um céu que ainda tem rosa e lua a rebentar, luzes difusas de casas que abriram cozinhas para o mundo, Abílio espera pelo verde enquanto ouve o hino da Taça dos Clubes Campeões Europeus - chama-lhe sempre assim, detesta o novo acordo ortográfico e as estrangeirices. Sobe-lhe a música dos pedais às pernas, dos joelhos ao estômago, do peito aos olhos. O narrador anuncia: «As equipas estão alinhadas no relvado, o árbitro suíço está vestido de amarelo, o Estádio está composto. Diria um pouco mais de meia-casa. Jorge Fonseca, o que achas?» e o Jorge Fonseca dirá, com os pés no terreno, que talvez esteja menos de pouco mais de meia-casa e que houve uma homenagem a um antigo jogador do Benfica, devidamente premiado com uma medalha por parte do Presidente que «desceu até ao relvado».

Nada disto Abílio ouviu, perdido a focar uma marquise onde lhe parecia que estavam os seus pais e avós, a casa antiga que o tinha criado, a lareira grande com bancos dentro, sacas de batatas e pimentos vermelhos metidos em caixas de cartão com imagens de morangos do lado de fora. Vivia-se bem naquele tempo, poucos luxos é certo mas talvez houvesse uma dignidade entretanto desaparecida na confusão da cidade de luzes e marquises, semáforos, o som do motor, o táxi a debitar chamamentos com vozes de uma mulher a perguntar latitudes. Qual a latitude das saudades?

O verde apareceu, Abílio carregou no acelerador, levantou a embraiagem, pôs a mão na primeira e pensou que o Benfica tinha de ganhar aquele jogo. Ia a fazer o 11 na cabeça, perdendo-se sempre no lateral-esquerdo e nos médios, sem saber se era o brasileiro que tinha chegado se o sérvio que era muito bom, quando viu uma mão acenar-lhe. É um jogo curioso, o de Abílio, esse de tentar concluir pelo menos três factos sobre a pessoa antes de ela entrar no carro. Há anos que faz isto, surpreendendo-se sempre com a percentagem de acerto. Abílio procura adivinhar três características sobre o seu cliente antes que o cliente abra a porta da sua viatura: profissão, clube de futebol e estado civil. As pessoas têm luzes sem se aperceberem.

Desta vez, porém, Abílio ia inundado de afectos e saudades. Tinha a infância toda no colo e um jogo do Benfica na rádio. Não fez o exercício, limitou-se a parar, esperar pela escolha que o cliente faz da porta a abrir - sempre mais interessantes os que decidem ir a seu lado em vez do refúgio dos lugares traseiros -, ouvir as latitudes - sempre as latitudes -, assentir com um gesto robótico, dizer que "sim, senhor" e seguir viagem por entre as ruas de Lisboa, que apesar de tudo e dos anos ainda o surpreendem pela variedade de becos esconsos, linhas tortas, probições de sinais, belezas que encontra sem aviso nem alertas. O cliente escolheu refugiar-se; para Abílio um alívio. Podia ouvir o Benfica, lembrar-se do arroz de tomate da mãe e ir estando atento ao telemóvel não fosse a ex-mulher ligar-lhe num assomo de ternura. A verdade é que Abílio tinha pena de não poder ver o Benfica, de não poder ir ver se o refogado já estava no ponto para pedir à mãe o privilégio de atirar o caldo de tomate ao encontro das cebolas amolecidas, de não poder voltar a casa e ter uma pessoa à sua espera. Eram 12 horas por dia enfiado no cubículo, intervalos espaçados para um cigarro e almoço. O resto dividir espaço com desconhecidos, receber dinheiro, dar moedas, dizer "Bom dia", depois "Boa tarde", já sem chama "Boa noite".

«Goooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooolo, golo, golo, golo, golo, golo, goooooooooooooooooooooooolo, Taca, Taca, Taca, Taca, Taca, Taaaaaaaaaaaaaaaaaaaaacuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaara, Benfica, golo, golo, golo, golo, goooooooooooooooolo, Enzo flectiu na direita, fintou um adversário, deixou em Maxi que cruzou para a área e Cardozo finalizou de cima para baixo, golo, golo, golo, é goooooooooooooooolo do Benfica!». Foi desta forma que Abílio recebeu da rádio a bola no peito, esperou pela gravidade e rematou para as redes. Gritou, gritou muito, tudo, gritou o mundo contra os vidros dianteiros, contra os semáforos e luzes e prédios e praças e becos e carros, contra os Bons-dias, os Boas-noites e as Boas-tardes, os jogos de adivinhação sobre vidas dos clientes, as saudades do arroz de tomate, das ternuras da ex-mulher, dos insultos das pessoas, das moedas do bem e do mal, dos trocos. Ia passando tão perto do golo, seguindo Segunda Circular adentro, em frente à Luz, que sentiu ainda a maresia do cabeceamento de Cardozo, o vento que a bola levou até à baliza, as pernas dos adeptos, os braços dos adeptos, o grito dos adeptos ecoando pelo Estádio.

Não tinha cachecol, agarrou-se ao pequeno galhardete que tinha agarrado ao retrovisor, beijou-o, soltou impropérios, esmurrou o ar tantas vezes que os átomos em cima do volante acabaram estatelados contra o vidro da frente, cantou: «BENFICA, BENFICA, BENFICA, BENFICA, BENFICA». Foi só depois, muito depois, 2 minutos e 43 segundos depois (eternidade do golo), que se lembrou do cliente que levava no carro. Um senhor aprumado, bigode aparado, elegante, rindo-se muito e fazendo com o punho direito um sinal de comunhão e felicidade. Foi o dia em que Cosme Damião andou pela primeira vez num táxi.

O Pato

Se algum jornalista, leitor deste blogue, quiser expressar a sua indignação perante o facto de termos de ver na estação pública de televisão um jornalista corrupto, António Tavares-Teles, versar sobre conceitos como honestidade e dignidade, basta enviar-nos um texto sobre o assunto, que sairá na hora.

A RTP é um assunto sério. Não é aceitável que acolha nos seus programas jornalistas que combinam notícias com o maior corrupto deste país. Haja decência.

sábado, 22 de março de 2014

Pedro, o Grande...


Era o futebol o seu fiel companheiro naqueles primeiros dias longe de casa. O futebol era, naqueles dias, a sua casa, a sua Pátria, o seu refúgio. Tal como a Vouzelense, que havia de se revelar um lar, um ponto de encontro, um esteio fundamental na sua sobrevivência em terras Africanas. No tradicional restaurante, aliás, era já conhecido como “o Benfiquista”. Era ali que via os jogos do Glorioso e era ali que, a cada jogo contava menos um que veria sem a sua filha, sentindo mais próximo o dia em que voltaria a sentar-se ao lado de Luísa torcendo com ela pelo Benfica, por Gaitán, Rodrigo, Ruben Amorim, Enzo e Cardozo. Era verdade. O futebol aproximava, o futebol unia apesar de tudo, apesar da distância. Mais ainda neste país feito de informalidade e de diáspora, nesta terra aberta e quente, apaixonante e impiedosa. E foi precisamente ali na esquina da Rua Garcia Neto que, depois de cumprir a rotina sentando-se distraidamente na mesa dos Tugas, saltou incrédulo quando, olhando em frente, percebeu que era Mantorras o seu companheiro de almoço. Sim, Pedro Mantorras, o mágico Pedro Mantorras, o mítico Pedro Mantorras, aquele por quem tantas vezes havia clamado em desespero, aquele a quem tantas vezes havia agradecido um qualquer golo salvador. Aquele que ensinou, ainda crianças, Kiko e Luisa a venerarem irracionalmente. Sim, era ele que ali estava, conversando alegremente, falando sem pejo da sua vida, das decepções, das alegrias. Dos filhos e do casamento. Da sua casa e de futebol. Do Benfica e do Alverca, de Vieira, Veloso, Jesualdo ou William Carvalho. E de si, também, falando de si com uma humildade tocante e comovente. Anos antes tinha sentido algo semelhante ao ouvir a confissão de Maradona a Emir Kusturica, interrogando-se sobre que jogador teria sido se não fosse a cocaína. De Mantorras não ouvi um lamento sequer sobre as lesões, ou sobre o fim prematuro da carreira. Ouvi apenas a interrogação sobre que jogador teria sido se tivesse tido ali à mão uma escolinha de futebol, se não tivesse sido apenas um puto talentoso de Sambizanga que chegou tarde ao futebol.  Seria grande, certamente. Mas não maior do que foi nos relvados ou no banco da Luz. Não maior do que foi ontem, naquela mesa de canto da Vouzelense. Ou no coração de todos os Benfiquistas.



A arbitragem



É hoje publicada, no jornal “Record”, uma entrevista ao presidente do Conselho de Arbitragem que merece ser lida e reflectida.

A actual geração de árbitros Portugueses vive sob o estigma da corrupção lançado, com proveito, pelas gerações que lhe são anteriores. Vivem a consequência de anos e anos de impunidade. Nesse sentido, vivem no ambiente que a sua classe optou por passar às gerações vindouras. Não foram os actuais árbitros os catalisadores desta constante suspeição, mas também eles acabam vistos como produto emanado da podridão que muitos se orgulham em ter disseminado.

Para o bem e para o mal (não condenação efectiva dos maiores criminosos), o processo Apito Dourado marca uma fronteira na arbitragem nacional. Considero que existe um “antes” e um “depois” do Apito Dourado. Vejo os actuais árbitros de uma forma diferente do que via os seus antecessores. Tenho-os em, incomparável, melhor conta que tinha os anteriores.

Obviamente que ainda existem pressões ou, pelo menos, tentativas, sejam elas públicas ou discretas. Desde conferências de imprensa, transversais aos 3 maiores clubes nacionais, nojentas e que visam condicionar árbitros, à colocação de determinadas pessoas em determinados órgãos de decisão, há e continuarão a existir muitas formas de se pressionar a actuação de um árbitro e da arbitragem em geral.

Não obstante, há que ser sérios e justos na avaliação que cada uma fará sobre o trabalho de um árbitro. Já se sabe que a avaliação de cada um será sempre inquinada pela sua cor clubística, mas quando falo em seriedade na analise, não me refiro apenas à objectividade possível em cada lance e/ou jogo, refiro-me muito mais ao juízo de valor que levantamos sobre o erro do árbitro, sobre o processo de intenções que lhe colocamos em cima a cada erro que nos é desfavorável ou favorável.

Dou um exemplo concreto: O jogo Benfica x Estoril de há 2 jornadas atrás. Nesse jogo, já com o resultado em 2-0 (se estou bem recordado), foi invalidado um golo a Lima por pretenso fora-de-jogo, algo que se veio a verificar errado, através das imagens televisivas. Se analisarmos este erro isoladamente o que podemos dizer? Que o assistente prejudicou o Benfica, por estar “corrompido” para tal, por estar pressionado para tal. Porém, se formos sérios na análise, se formos justos, veremos que o erro é claro, mas que o lance não é dos mais fáceis (ainda que esteja longe de ser dos mais difíceis) e que aquele mesmo assistente já havia anulado uma jogada ao Estoril por fora-de-jogo, sendo que aí o jogador “canarinho” seguiria isolado para a baliza. Ou seja? Talvez o árbitro assistente tenha apenas errado em ambos os lances, talvez não estivesse no estádio para prejudicar nenhum dos clubes, talvez tenha tido apenas uma tarde infeliz ou, no limite, talvez seja apenas incompetente.

Se fizermos isto a cada jogo, se antes de apontarmos o dedo aos árbitros pelos nossos fracassos, desencorajaremos os nossos dirigentes de criarem ambientes hostis a quem faz parte dos espectáculo e que propiciam ameaças de morte a quem nada tem a ver com o assunto, como são o caso dos familiares dos árbitros.

Isto implica ver erros sucessivos e permanecermos calados? Não. Apenas implica que tenhamos seriedade e honestidade intelectual nos juízos que fazemos. Apenas implica que tenhamos responsabilidade nas palavras que dizemos, por saber que tipo de comportamentos podemos potenciar.

Vivemos num futebol com discurso de guerrilha que não admite o erro e/ou incapacidade próprias e as sacudimos para terceiros, ainda que sejamos diligentes em apelar a “formas pacificas de luta”, quais freirinhas de pés descalços. Incitar a revolta e apelar ao pacifismo é giro e fica-lhes bem. Talvez Hitler tivesse ideia de invadir a Polónia de forma pacífica, eles é que reagiram.

Quanto a Vítor Pereira e à classe que dirige, sejam homens e tenham-nos no sítio, sentem-se pressionados e condicionados pelo ambiente que os clubes teimam em criar? Tomem medidas de força. Não apareçam aos jogos. Façam greve a TODOS os jogos das ligas profissionais. Não podem? Apresentem baixas médias, o que for. Tenham coragem de se fazerem respeitar e serão respeitados.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Jesus na Europa

2009/2010: Quartos-de-final da Liga Europa.
2010/2011: Meias-finais da Liga Europa.
2011/2012: Quartos-de-final da Champions.
2012/2013: Final da Liga Europa.
2013/2014: Quartos-de-final da Liga Europa (ainda em competição).

O trajecto europeu tem de ser analisado por dois prismas: as prestações na Champions e as prestações na Liga Europa. As primeiras, na melhor competição do mundo e aquela que devia ser sempre disputada pelo Benfica, são más - em 4 vezes que foi à fase de grupos, Jorge Jesus conseguiu apenas por uma vez passar à fase seguinte; as segundas, numa competição que apesar de não ter a qualidade da primeira é disputada por boas equipas, são bastante positivas. 

Há, de qualquer forma, uma boa consistência de 5 anos na Europa;  a chegada aos últimos meses das competições (sempre pelo menos aos quartos-de-final) agrada aos adeptos e valoriza o nosso clube. Agora falta ganhar, que o Benfica não vive de «quases».

Regresso à Holanda

Não pode haver queixas: em 7 possíveis adversários, havia 2 claramente mais acessíveis: o AZ e o Basileia. Calhando-nos o primeiro, somos favoritos à passagem às meias-finais, juntamente com Porto, Valência e Juventus. O Sporting não joga com ninguém mas segue líder.

quinta-feira, 20 de março de 2014

O nosso futebol está podre!



Entre conferências de imprensa que visam pressionar árbitros e mobilizar adeptos contra aspectos extra clube e comunicados nojentos que visam o aconselhamento jurídico dos árbitros, existe algo muito lindo e que gera paixões, o futebol.

O presidente do SCP convoca os jornalistas para, de forma descarada e assumida, pressionar o trabalho dos árbitros para os seus jogos e dos seus rivais, originando movimentos folclóricos e facciosos, que incitam os mais pobres de espirito a ameaçarem homens de forma covarde e nojenta.

Pergunto: Tivesse o Sr. Manuel Mota beneficiado o Benfica no jogo da Madeira e tivessem sido levadas a cabo as ameaças feitas à família deste, viria o Sr. Bruno de Carvalho assumir a responsabilidade pela situação? Não. Dormiria de consciência tranquila o Sr. Presidente do Sporting? Provavelmente sim. Assim será sempre na podridão do nosso futebol.

Enquanto o crime – leia-se pressões – compensarem, será sempre assim. Parabéns Bruno de Carvalho, pressionou, beneficiou. Incitou e alguém ameaçou, levando ao prejuízo de terceiros (penalti mal assinalado e expulsão perdoada ao jogador do Nacional), e ia ganhando. Brilhante. Pena que no processo tenham sido ameaçadas a vida e integridade física de pessoas que em nada se relacionam com esta fantochada, pessoas cujo único mal que fizeram neste mundo reside no facto de serem esposa e filha de um árbitro de futebol.

Depois disto, ainda temos de ler comunicados abomináveis de alguém cujo passado é sobejamente conhecido pela corrupção, coacção e tráfico de influências sobre árbitros como se fossem uma qualquer menina acabada de sair de um convento.

É verdade que Bruno de Carvalho pressionou, de forma descarada, o trabalho do árbitro que viesse a ser nomeado para o jogo entre SCP e FCP da jornada passada. Mas não é menos verdade que nem Olegário Benquerença, nem Pedro Proença, nem Vítor Pereira nem sequer a APAF se disseram pressionados e/ou coagidos pelo comportamento do presidente do SCP. Não obstante, e porque o FCP é perito em matérias de aconselhamento (como já todos sabemos), decidiu invocar a eventual coacção sobre o árbitro da partida, por parte do SCP. Já sabíamos que as gentes do FCP eram peritas em aconselhamentos matrimoniais, ficamos agora também a saber que se dedicam ao aconselhamento jurídico dos árbitros.

E assim vai o nosso (podre) futebol.