segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Assim sabe melhor



O jogo de ontem ainda não foi o que espero ver o Benfica fazer no Dragão – ou noutro reduto de adversários de valia idêntica à nossa – mas foi o suficiente para me deixar satisfeito. Isto é, ainda não vi um Benfica afirmativo e capaz de dominar o adversário, pelo contrário, mas foi extremamente competente na forma como defendeu e finalizou.

Há quem diga que a diferença entre a vitória do Benfica e a derrota do Porto se estabeleceu entre Jorge Jesus e Lopetegui (ou Lotopegui). Concordo, na medida em que o treinador do Benfica soube anular as maiores virtudes do adversário, nomeadamente na forma como o Benfica soube condicionar a saída de bola do Porto, pressionando bem alto (aspecto de que gostei particularmente) e na forma como não se expos a lances de 1x1 nos corredores laterais. Não obstante, sou apologista da ideia de que a diferença também se estabeleceu muito pela disparidade entre Júlio César e Fabiano. O nosso guardião gritou presente quando foi necessário refrear o ímpeto inicial do adversário, contribuindo assim para o acalmar de toda a equipa, aspecto fundamental para a melhoria defensiva. Por seu lado, o guarda-redes azul e branco falhou clamorosamente no único lance a que foi chamado na primeira parte, dando assim um golo fácil a Lima.

O aspecto de que continuo a não gostar nada é a nossa capacidade ofensiva. A esse nível, a primeira parte foi frustrante. À parte do golo obtido através de um lançamento de linha lateral (ridícula a reclamação do Sr. Lopetegui e seus pares), o Benfica parecia estar num jogo de andebol, sendo que a área restritiva se estendia até aos últimos 25/30 metros. Saiamos pouco e quando o fazíamos, finalizávamos as jogadas com remates de longa distância e sem nexo, transmitindo uma ideia de urgência na finalização, coisa que não gosto de ver, seja em que equipa for.

A segunda parte manteve a toada da primeira, sendo que o Benfica conseguiu melhorar muito a sua construção ofensiva, muito pela acção e subida de rendimento de Nico Picasso Gaitan. Se um ET visse futebol pela primeira vez no jogo de ontem, ter-lhe-ia sido o bastante para perceber o que é um 10 no futebol. Quando vejo Gaitan jogar, sinto-me como um miúdo que acaba de entrar numa loja cheia de brinquedos, fascinado e sem saber muito bem qual deva escolher.

O controlo do Benfica só foi abalado pela entrada de Quaresma no jogo, o “ciganito” foi o único a ser capaz de expor A. Almeida ao 1x1 de forma consistente e perigosa. Este é outro que faz uma bola de futebol parecer um desenho animado – o cruzamento que tira para Jackson finalizar à barra é absolutamente delicioso. Porém, nesta fase já a equipa do Porto se encontrava com níveis de ansiedade para lá do limite, enquanto que o Benfica se recostava na poltrona do 2-0.

No final do jogo, na minha página do facebook escrevi: “Sem espinhas!”. Foi o que senti quando a emoção do jogo acalmou um pouco porém, e depois de rever o jogo, tive vontade de retirar tal expressão, porque o jogo não foi tão “sem espinhas” como havia escrito, foi antes histórico e deverá ser repetido e melhorado.

2 comentários:

João Exigente disse...

És um tipo mesmo muito exigente. Até parece que o Benfica e o seu treinador não fizeram mais do que um favor a sua Excelência! Percebidos!

José Moreira disse...

Exigente? Sim, quero sempre mais e melhor dos meus e de mim próprio. Favor? No futebol não há favores. Nem eles me fazem qualquer favor quando ganham nem eu lhes faço nenhum favor por ser adepto do clube e ser um, entre milhões, que alimentam o jogo a que eles ajudam a dar vida. Esclarecido?