quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Hoje é o teu dia, Vítor «O Maior» Baptista.


3 comentários:

Sandro disse...

O homem do brinco, o maior mesmo. Muito bem recordado Ricardo,ao menos nesses tempos não ficava toda a gente contente por darmos boas replicas a zenits(esse colosso europeu). Saudações

Anónimo disse...

Na época seguinte, um empate a abrir o campeonato em Alvalade, na estreia dos ex-benfiquistas Jordão e Artur pelos leões, jogo que me recordo perfeitamente de ouvir pela rádio, numa noite de sábado na cozinha dos meus avós. Na segunda volta, mais do que a vitória do Benfica por 1-0, ficou para a história uma das mais caricatas situações de sempre vividas nestes jogos: a célebre rábula do brinco perdido. Vítor Baptista, já enredado nas malhas das drogas duras, era um caso bicudo no balneário encarnado. Como se tratava de um grande jogador, de características únicas no nosso país (avançado corpulento e bom cabeceador), as suas inúmeras provocações foram sendo ultrapassadas com maior ou menor tolerância. Esta era a sua última época no clube, pois meses depois, em vésperas de um Benfica-Liverpool, decidiria unilateralmente regressar a Setúbal e não mais jogar de águia ao peito. Morreu aos 50 anos, toxicodependente, vivendo numa barraca, depois de várias detenções por roubo.
Naquela tarde, ao marcar um único e fabuloso golo da partida (na foto abaixo já deixou Augusto Inácio fora da jogada, matou no peito e prepara-se para fuzilar Botelho), perdeu o brinco de brilhantes – foi o primeiro português que me lembro de ver usar tal adereço, até então exclusivamente feminino -, não hesitando em fazer parar o jogo para o procurar. Ao fim de alguns minutos, perante a incredulidade de árbitro e adversários, Vítor – que se auto-intitulava o maior jogador português a par de Eusébio – pôs Toni, Nené e alguns outros colegas de joelhos no relvado, à procura da tal preciosa peça. Diria ele depois que o prémio de jogo não dava para o pagar, e por isso se justificava a interrupção. Não mais chegou a encontrar. Nem o brinco, nem a vida.
Em Novembro de 1978 teve lugar um dos derbys que recordo com mais entusiasmo. Numa bela tarde de domingo martinheiro, na presença do General Eanes – numa altura em que os políticos ainda olhavam o futebol de cima - o Benfica chegou ao intervalo a vencer por 5-0 (!). Conta-se que o presidente Ferreira Queimado terá oferecido um prémio suplementar ao intervalo por cada golo mais. Mas os jogadores não corresponderam, o Sporting tentou dar alguma dignidade ao momento, e na segunda parte nada mais aconteceu.
Apostara com o meu avô sportinguista – é verdade, tinha um avô adepto moderado dos leões -, suponho que vinte escudos, acerca do vencedor deste jogo. Ou seja, se o Benfica ganhasse eu ganhava vinte escudos, se perdesse a coisa era esquecida. Passei toda a primeira parte de volta dele, lembrando-o com um entusiasmo esfusiante, a cada golo, da tendência da aposta. Ele nem queria acreditar no que íamos ouvindo pelo rádio.
À noite recordo-me de a RTP2 ter transmitido um resumo de vinte minutos dessa partida, o que à época era um luxo. Os comentários eram de Joaquim Letria. Julgo ter sido o primeiro derby do qual vi imagens televisivas. Nené e Alves bisaram, Reinaldo marcou o outro golo.
Na mesma época o Benfica venceu também em Alvalade. Numa tarde chuvosa, João Alves marcou de penálti o golo solitário daquela que foi a primeira vitória fora que recordo em derbys, após uma exibição que, tive oportunidade de confirmar anos mais tarde numa visita pelos arquivos do jornal “A Bola”, se situou num plano bastante frouxo.

André disse...

Também jogou no grande União de Tomar!