domingo, 30 de junho de 2013

A medida certa

Já sabemos o preço que custará ter Benfica TV em casa: 9,99 euros/mês. Confesso que esperava (não desejava) que o clube decidisse avançar para uma mensalidade superior como forma de compensar um primeiro período de adaptação que será natural e compreensivelmente moroso - mesmo que haja uma campanha forte de divulgação/publicitação, a ideia ser nova e única, haver concorrência com conteúdos de qualidade e o facto de os benfiquistas mais activos costumarem ir a quase todos ou todos os jogos em casa (logo, haverá muita gente deste grupo que não quererá usufruir do serviço) farão com que não haja, logo de início, a obtenção de receitas que, a médio/longo prazo, poderemos atingir, assim que o projecto se solidificar e os benfiquistas entenderem que ele só será um sucesso se houver uma união e uma generalizada adesão a esta nova estratégia de independência comunicacional, política e desportiva. Porque é isso que esta acção engloba: a libertação necessária das redes com que o Benfica esteve preso muito, demasiado, tempo. 

 É por isso uma boa surpresa e um sinal claro de que ainda há quem (Moniz?) compreenda como aproximar-se dos sócios e adeptos com o intuito de gerar riqueza e fomentar a ligação entre os benfiquistas e o clube. De forma simples: valem mais 500.000 subscritores a 10 euros do que 100.000 a 50. A receita é a mesma; a propagação da Marca e a fundamental relação umbilical com os adeptos é radicalmente diferente. Que o exemplo sirva para a bilhética, já agora. 

 Daria apenas uma sugestão adicional: um desconto (mesmo que a 5 ou 10 por cento) para os sócios do clube. É fomentando a constante valorização do estatuto de sócio que se defende, primeiro, os que são uma fonte de riqueza (clubística e financeira) e se propaga a ideia de que, para os que podem, é interessante e benéfico ser sócio do Benfica, aumentando receitas e continuando a fazer evoluir o clube.

As soluções...



A pré-epoca aproxima-se, o dia de arranque dos primeiros trabalhos é já amanha, e como já aqui foi escrito pelo Ricardo, as duvidas sobre o plantel são mais que muitas, e eu, em jeito de complemento do que foi dito pelo Ricardo, e para que não digam que só apontamos problemas e não soluções, proponho-me tentar apontar algumas soluções para os problemas encontrados.


Com a chegada de Djuricic, o Benfica assegura um organizador de jogo de qualidade extra e que, quanto a mim, justifica a aposta num sistema de jogo (diferente de modelo) ligeiramente diferente do que tem sido habito em Jorge Jesus no Benfica, mas muito semelhante ao que foi aposta na sua 3ª época ao comando da equipa e que passava por um trio de meio campo de luxo, com o qual Jorge Jesus conseguiu o Benfica mais equilibrado da sua era, na minha opinião, falo claro está, do trio composto por Javi-Witsel-Aimar. Embora JJ preferisse sempre dizer que o sistema era o mesmo, mas composto por jogadores diferentes, logo, com dinâmicas diferentes, eu prefiro achar que, com este trio, o Benfica jogou muito mais próximo do 4x2x3x1 do que do tal 4x1x3x2 com um dos avançados claramente mais recuado que o outro. Já sem Aimar e Witsel, mas com a chegada de Djuricic, parece-me o momento ideal para o regresso táctico ao melhor passado de JJ no Benfica, relembro que foi com aquela disposição no miolo que o Benfica chegou aos ¼ de final da Liga dos Campeões e não acredito que sejam factores dissociáveis, apostando então numa “tripla” que pode ser composta por Matic-Enzo-Djuricic, isto se Matic não abandonar o clube entretanto.


Esta minha breve introdução daquilo que acho que deve ser o sistema táctico predominante da equipa para a próxima época, serve essencialmente para justificar a minha única discordância em relação ao que foi escrito pelo Ricardo, isto é, com esta disposição táctica, o Benfica passará a jogar com um único ponta-de-lança puro, logo, mesmo que Cardozo não permaneça, parece-me desnecessária a chegada de um novo nº 9, e porquê? Para assumir a titularidade teremos sempre Lima, jogador que na sua primeira época apresentou um registo impressionante e que deu provas de ser capaz de assumir o papel de maior referência ofensiva da equipa. Como opção para a rendição de Lima teremos sempre Rodrigo, jogador que parece estar no ponto para se ir afirmando, sendo que ainda não goza do estatuto de jogador completamente “afirmado”, ajudando na gestão de espectativas e egos dentro do plantel. Para terceira opção, há Nelson Oliveira que, depois de um ano horribilis no Corunha, começa este ano como o ano do “sim ou sopas” para a sua afirmação, até porque estamos em ano de mundial, competição onde ele pode alimentar legitimas aspirações a estar presente no Brasil com a selecção nacional. Em suma, para um sistema que contemple um único avançado puro, parece-me exagerado haver mais que 3 avançados no plantel, sendo que Rodrigo e Nelson Oliveira poderão viver no respaldo de Lima e de não serem as referências máximas do ataque encarnado. Para alem destes, ainda há Markovic, que vejo mais como jogador de faixa, do pouco que vi, mas de quem se diz poder ser também um avançado de eixo central, ainda que preferencialmente nas costas de outro que seja mais referencia.


Para o lugar de lateral direito, seguindo a mesma linha de raciocínio de que há Maxi Pereira (ainda que ache que não tem nível para ser titular indiscutível do Benfica) para assumir a titularidade num primeiro momento, podendo por isso, servir de respaldo para o aparecimento de um jovem, aponto duas soluções, uma interna e outra externa: A interna – João Cancelo, jovem que na época passada “flutuou” entre e equipa B e os juniores e que se encontra na Turquia com a selecção de sub20 a disputar o mundial daquele escalão, pode ser uma aposta arriscada, mas com a vantagem de ser uma aposta de baixo custo. Acho que para ele, o mais benéfico seria o de rodar numa equipa da 1ª liga portuguesa no próximo ano (já não lhe vejo grande margem de progressão na equipa B e 2ª liga), antes de ser “atirado” para a equipa principal, sobretudo para o ajudar a refrear um pouco os ânimos “agressivos” que parecem ser alguns e perigosos, voltando então ao Benfica posteriormente, para aí sim assumir um lugar no plantel principal. Este possível empréstimo deverá passar por um clube cuja constituição do plantel lhe possa “assegurar” uma utilização regular, sugerindo eu o Vit. Guimarães, que se prepara para ver Alex dizer adeus à sua carreira. Quanto à solução externa – Lucas Marin, lateral direito Argentino de 21 anos que actua no Boca Juniors, que apareceu na primeira equipa este ano e, do que vi, me parece um lateral muito equilibrado, ou seja, que ataca a preceito, mas que antes de mais sabe defender e não perder posicionamentos, sendo também competente no jogo aéreo e na ajuda aos centrais, fazendo-se valer do seu 1.83m. Esta solução será, claramente, mais cara que a primeira, mas parece-me possível, podendo assumir posteriormente, o papel em relação ao João Cancelo que Maxi pode assumir em relação a si, ou seja, o do tal “respaldo” para o aparecimento do jovem. No caso do lateral direito, caso o Benfica tivesse achado que o necessário mesmo seria a contratação de alguém capaz de assumir a titularidade já, poder-se-ia ter “atacado” Leandro Salino, mas agora já vamos tarde. Há sempre a solução Sílvio, que me parece boa, mas incerta pela sua recente propensão para lesões.


Para a posição de lateral esquerdo a solução afigura-se mais difícil de encontrar, pois é uma posição deficitária a nível mundial, logo, os melhores estão escolhidos e/ou são demasiado caros. Por isso, e não tanto pela existência de algum titular indiscutível no plantel, aponto dois nomes jovens, mas que me parecem com capacidade para se assumirem como titulares, falo de Lucas Digne (Lille) e de Daley Blind (Ajax). O primeiro, francês de 19 anos, começou a afirmar-se na primeira equipa do Lille no ano seguinte a estes terem ganho o campeonato francês, sendo, apesar dos seus 19 anos, um lateral já rodado no futebol profissional, inclusive com alguns jogos de Liga dos Campeões, mas que, por isso mesmo, pode ser uma solução demasiado cara para os cofres Benfiquistas. O segundo, holandês de 23 anos, vi-o no mais recente Europeu Sub21, e pareceu-me, ao contrário do que vem sendo hábito dos laterais holandeses, um lateral com qualidade posicional, sem ser demasiado defensivo, sendo que a solução Lucas Digne me parece uma solução mais solida. Há ainda Gianni Rodriguez, jovem uruguaio que já pertence aos quadros do Benfica, mas para aposta nesta solução, parecia-me indispensável que o plantel dispusesse do tal lateral esquerdo titular indiscutível.


Para alternativa a Matic, poderíamos enveredar por uma solução que passasse por um jogador já feito, mas sem a “reputação”/qualidade suficiente para colocar em causa o sérvio, ou seja, um jogador capaz de tapar as “falhas” de Matic, mas não o suficiente para lhe fazer sombra na equipa titular ou, por oposição, a solução pode passar por um jogador jovem que possa ir evoluindo à sombra de Matic. Para a primeira linha de raciocínio, aponto André Leão do Paços de Ferreira, um jogador já “formado” (28 anos) e perfeitamente identificado com a posição e futebol português. Sabe defender e bem, mas também ajuda na construção ofensiva, não tem, até pela idade, muita margem de progressão, mas acho que tem qualidade para dar segurança ao treinador de ter nele uma opção credível para as “deixas” de Matic. Para a segunda linha de raciocínio, vejo na actual selecção portuguesa de sub20 duas soluções possíveis ainda que completamente diferentes entre si, quer no que diz respeito aos jogadores quer no que concerne à possível negociação com os respectivos clubes. Falo de Agostinho Ca do Barcelona e Ricardo Alves do Belenenses. O jovem que passou a época passada na equipa B dos blaugrana já demonstrou algum interesse em voltar a Portugal, nomeadamente para o Sporting, pelo que não seria disparatado uma tentativa de empréstimo com opção de compra por parte do Benfica. Agostinho cá é um jogador com bastante intensidade defensiva e óptima capacidade de passe, sendo por isso um jogador algo semelhante a Matic, sendo que é, consideravelmente mais baixo e, por consequência, mais débil no jogo aéreo e ajuda aos centrais. Quanto a Ricardo Alves, fisionomicamente mais próximo de Matic, mas futebolisticamente mais afastado, ou seja, parece ter boa capacidade de posicionamento defensivo, sendo que está habituado a fazer aquela posição sem acompanhamento, mas na saída de jogo opta muitas vezes (considero mesmo demasiadas) pelo passe longo à procura das costas da defensiva adversaria, ou seja, defensivamente assegura qualidade, mas ofensivamente, parece-me algo limitado e “impaciente”.


Para o lugar de nº 8, como alternativa a Enzo, se Jorge Jesus optar pela via que logo no inico referi, a tal do trio de médios, parece-me que André Gomes e Ruben Amorim, a que se pode juntar Diego Lopes (que esteve emprestado ao Rio Ave) podem ser alternativas credíveis ao Argentino, pois são jogadores menos intensos, mas que por via de terem mais um jogador na ajuda defensiva e ofensiva (o tal 10 que seria Djuricic) podem perfeitamente fazer o lugar sem grandes sobressaltos. No entanto, se Jorge Jesus insistir na ideia de manter 2 avançados puros na equipa, aí já duvido mais das capacidades de qualquer um destes 3 jogadores para fazerem a posição com competência exigível. Nesse caso, e uma vez “perdido” Carlos Eduardo, vejo também na selecção holandesa sub21 3 boas soluções, sendo que uma delas já não deve estar ao alcance do Benfica, falo de Kevin Strootman (o tal que não deve ser alcançável) jogador pertencente aos quadros do PSV, com 23 anos e capitão daquela selecção; há ainda Leroy Fer, jogador pertencente ao FC Twente, também ele com 23 anos, passada larga, quase 190cm de altura e facilidade de remate com ambos os pés; e por último e, talvez o mais discreto, Marco van Ginkel do Vitesse, com 20 anos, e por quem o Benfica já se terá demonstrado interessado.


Como podem perceber, não falei em nenhum central por ser quase certa a chegada de Lisandro Lopez.

sábado, 29 de junho de 2013

Os Magos não se medem aos palmos.



          Como será fácil e de deduzir, proponho-me escrever uma pequena divagação por aquilo que foi Pablo Aimar no Benfica e, de facto, que melhor tema para me estrear na escrita no grande “ontem vi-te no estádio da luz” que o pequeno grande Pablito Aimar?
O grande génio do Benfica deixa no clube, nos adeptos, no país um rasto perfumado pelo melhor futebol que passou por cá a que juntou a grandeza de espirito e cognitiva que só os grandes, só os maiores podem ter. El Mago junta numa só pessoa um dos jogadores mais geniais da história do Benfica, não tenho grandes dúvidas, e um dos melhores homens
extrafutebol que vi na história recente da modalidade. Como não acredito que alguém consiga fingir durante 5 anos, durante 20 anos, afirmo-o com toda a certeza, Pablo Aimar revelou-se tão genial em campo quanto discreto fora dele, nunca levantou “ondas” nos seus momentos menos positivos, nem mesmo no mais negativo de todos, ou seja, a ultima época e a forma como se despediu do clube, fez com que o Argentino entrasse por caminhos mais tortuosos e críticos em relação ao treinador, bem pelo contrario, ainda hoje na entrevista publicada na edição de “A Bola” El Mago revela alguma magoa pela forma como não se conseguiu despedir dos adeptos, mas jamais ataca ou responsabiliza Jorge Jesus. Não se demonstra “eufórico” (bajulador) com a figura do treinador do Benfica, mas em momento algum coloca em causa as suas opções, optando até por as compreender.

Com a bola nos pés e um brilho infantil no olhar, vi serem escritos dos mais belos poemas jamais experimentados por alguém com uma bola nos pés, com a inteligência, a perspicácia, o souplesse dos génios e o sorriso fácil dos ingénuos. Assim vi e vejo Aimar, assim me dói a alma por Aimar.

E esta é a imagem que guardo e guardarei de mais um genial camisa 10 do Sport Lisboa e Benfica, isto é, um artista que fala com a bola nos pés e um senhor na postura quotidiana. Idolatrado por milhões, até por um dos maiores da história do jogo (Léo Messi), Pablito soube sempre ser homem antes de vedeta, soube sempre o lugar que ocupam os grandes. Aimar foi feito a partir de um molde raro, de uma massa em extinção, ganhando por isso direito a figurar nas mais belas páginas de um clube grandioso como o Benfica, porque soube sempre ser da dimensão que um clube como este merece e exige. Por tudo isto e muito, mas mesmo muito mais, obrigado Pablo César Aimar Giordano!

LOL de Portugal volta a atacar!

Que o pensamento lagarto é este, já todos o sabemos. Mas deixarem que um jogador venha revelar toda a ideologia genética do clube acho muito mal. Ao menos finjam, caramba!


O que ainda falta ao plantel do Benfica

Estamos no dia 29 de Junho, a poucos dias do começo da pré-temporada, e o plantel está longe de estar fechado e, fundamental, equilibrado. As várias épocas anteriores mostraram-nos muita incompetência na escolha do lote de jogadores - não porque não tivéssemos atletas de grande qualidade (indesmentível a qualidade de vários), mas porque sempre foi composto de forma manca, apostando em muitos para certas posições e desprezando outras que, não sei bem porquê, parecem não importar tanto a treinador e estrutura. 

 Não há posições mais importantes do que outras, em futebol. É crucial que a equipa técnica procure, juntamente com a prospecção e Direcção, uma comunhão de interesses e objectivos e consequentemente aja de acordo com a ideologia vigente. Detectar as lacunas, procurar jogadores de qualidade/preço que nos satisfaçam e escolher um para o plantel. Posição a posição, equilibrar o lote de jogadores de forma a que a época mantenha uma coerência e não, como tem acontecido, chegar aos últimos meses sem soluções que garantam um nível alto, acabando por desperdiçar boas temporadas nos momentos cruciais quando há a necessidade de recorrer a jogadores medíocres - este ano, nos jogos que decidiam se a época seria fenomenal ou traumática, tivemos Roderick e Jardel a titulares. Está tudo dito. 


 Neste sentido, o que falta ao Benfica? 

 - um lateral-direito que compita com Maxi Pereira - o uruguaio tem uma qualidade razoável, mas não tem a necessária para ser um titular indiscutível. Urge dar-lhe uma alternativa que possa ganhar-lhe o lugar. Almeida é um bom jogador de plantel, é uma solução para a posição mas não convém confiar apenas nele e Maxi para a lateral-direita. 

 - um lateral-esquerdo - como esperado, Melgarejo fez uma época aos tropeções. Não era fácil apreender tudo o que desconhecia em competição. Evoluiu, é certo, mas ainda é insuficiente para o que o Benfica exige. Ser o suplente de um jogador de qualidade inegável parece-me a melhor solução. 

 - um central - Garay provavelmente sairá; ficam Luisão, Vitória e Jardel. Jardel não é jogador para o Benfica (espera-se que seja vendido), Vitória não serve como titular, resta comprar um central que faça com Luisão a dupla titular. Por mim, comprava ainda outro, mas também não quero exagerar. Venha um que já ficamos todos mais tranquilos. 

 - um médio-defensivo - Se Matic sair (e é muito provável), o Benfica tem de comprar dois. Se não sair, apenas um. Atirar para as costas do sérvio uma época inteira de desgaste, sem qualquer alternativa, é um suicídio. Há ainda Almeida que pode fazer a posição. 

 - um 8 - o mesmo que para a posição anterior. Enzo Perez tem de ter uma alternativa experiente e de qualidade. André Gomes fará, esperamos, uma boa época, mas convém que não seja a primeira alternativa a Perez. O miolo do terreno é fundamental - há que dotá-lo de muitas e variadas opções. 

 - um ponta-de-lança - Cardozo deverá sair. A ocorrer, o Benfica tem de ir ao mercado procurar um jogador com as mesmas características - espera-se que não caiamos no erro de ir buscar mais um avançado "móvel". Há vários e bons jogadores para a mobilidade pretendida; do que o Benfica não pode abdicar é de um jogador mais posicional e letal. Por mim, Cardozo ficava, mas a novela do Jamor parece ter tornado o ar irrespirável entre o paraguaio e Jesus. 

 Sobre o guarda-redes, continuo a confiar em Artur. Não seria mal pensado recuperar Oblak para uma concorrência mais forte que reforçasse a necessidade de Artur em manter os níveis de qualidade que teve na primeira época e em algumas fases da última.

Considerações sobre a BTV


A propósito das mudanças anunciadas, penso que se justificam algumas considerações sobre a evolução da Btv e a opção pela exploração própria dos direitos televisivos dos jogos da equipa do Benfica.

Como saberão a Btv foi criada em 2008, no mês de Agosto, tendo as suas emissões iniciado-se em Dezembro desse ano. O Benfica foi inovador em Portugal criando o conceito de televisão do clube (veem, também sabemos reconhecer o mérito ao Presidente quando o tem, apesar de estarmos sempre a ser acusados do contrário), ou seja uma ferramenta de comunicação entre o clube e os sócios e adeptos para fomentar o benfiquismo.

Com menores ou maiores dificuldades, com maior ou menor qualidade, a Btv veio fazendo um percurso através da transmissão de muitas modalidades e escalões das mais diversas modalidades. adicionalmente criou espaços de informação e de divulgação de cada modalidade que permitiu a aproximação entre os benfiquistas e os atletas que nos representam. Claro que nem tudo foram rosas neste percurso, pois além de alguns jornalistas mal preparados, tivemos também uma política editorial que podemos considerar discutível. Não é esse o ponto mais importante, embora seja algo a rever no futuro.

Em 2012, com a ruptura assumida com a Olivedesportos e a criação da equipa B, a Btv começou a transmitir regularmente jogos de futebol do escalão sénior, nomeadamente a partir do Estádio da Luz. Esse capital de experiência, mais ao nível da realização do que ao nível dos comentadores, sinceramente do mais fraquinho que vi na Btv, é decisivo para os desafios que se aproximam.

A época 2012/13 vai marcar uma inovação, desta vez não a nível nacional, mas internacional que é a exploração própria dos direitos de transmissão televisiva dos jogos da equipa principal. Nenhuma outra equipa de relevância internacional o faz. Foi uma decisão estratégica e muito relevante. Boa ou má, só o futuro o dirá.

Como ponto forte temos a quebra da dependência da Olivedesportos, a entidade vista como uma das cabeças do polvo que domina o sistema futebolístico em Portugal e que sustenta o clube dominante nos últimos anos. Outro ponto forte é o inúmero apoio popular que o Benfica tem, ou seja o mercado potencial é relativamente maior para o Benfica do que para os outros clubes. O recente acordo com a PT e a Zon, permitem que a Btv passe a estar disponível como conteúdo premium (conteúdo com sinal codificado pelo qual se tem que pagar um valor para aceder) para cerca de 90% do mercado de televisão por cabo. Além disso, o reduzido valor, 9,90 euros já com IVA, é muito competitivo quando se compara com a oferta actual da Sport tv. A aquisição dos direitos de transmissão da Premier League, onde estará Mourinho e onde o futebol é uma paixão, é outro dos pontos fortes do canal.

Em termos de pontos fracos temos que a Btv é um canal de clube e portanto há uma certa franja de mercado que rejeitará aderir porque se recusam a dar dinheiro a um clube rival. O actual quadro de comentadores e jornalistas associados aos eventos ao vivo, nomeadamente às transmissões televisivas da dos jogos da equipa B é fraquíssimo dando a ideia de serem adeptos comuns a comentar em detrimento de jornalistas profissionais. A Btv só tem os direitos dos jogos disputados em casa para o campeonato nacional, pelo que haverá uma parcela de benfiquistas, que habitualmente vai ao estádio, que estará menos predisposta para aderir ao canal. além de que a maioria dos jogos do Benfica continuarão a dar na Sport tv. A diversidade de eventos desportivos, embora seja grande no que respeita às modalidades e escalões do Benfica é infinitamente menor que a panóplia oferecida pela Sport tv (NBA, ATP Tour, Formula 1, Stanley Cup, Atletismo, PGA, WWF, etc.).

O posicionamento estratégico da Btv, abre um nicho de mercado que parecia não existir, pois a Sport tv através dos seus múltiplos canais tentou ocupar a maior parte do mercado para evitar a entrada de concorrentes. As comunidades portuguesas e lusófonas pelo mundo abrem a oportunidade para levar o canal do Benfica pelo mundo fora. A emissão internacional terá que ser necessariamente diferente visto que a Btv só tem os direitos para Portugal da transmissão de jogos de futebol das ligas estrangeiras, pelo que o produto fora de Portugal terá apenas como target os Benfiquistas. O acordo com a Zap (da Zon) vai levar a Btv a Angola e Moçambique e será um bom teste, dada a recente onda de emigração de portugueses, para decidir qual o modelo de exploração dos direitos televisivos no resto dos países.

Mas nem tudo será fácil, a crise económica aperta e o dinheiro disponível para o entertenimento irá diminuir, ainda mais do que provavelmente os estudos que foram realizados. Este meu pressuposto deriva do facto de as previsões económicas em Portugal terem sido sucessivamente revistas em baixa desde há 2 anos e o momento da retoma vir a ser adiado cada aumento de impostos que o governo decide. A Sport tv, sentindo-se atacada, pois irá perder ainda mais clientela do que tem acontecido, irá retaliar com um produto de características similares, podendo incluir nesse produto jogos do Benfica fora de casa. Os benfiquistas e perdoem-me os que não vão gostar da frase, são pouco participativos.

O presidente do maior e melhor clube do mundo tinha a expectativa de ter 300.000 sócios em Outubro de 2005, depois de lançar o kit sócio em Junho de 2005. Passados 8 anos, ainda mal ultrapassámos a fasquia dos 250.000. Adicionalmente e dado que a última renumeração já tem algum tempo, é muito provável a existência de sócios fantasma, ou porque já faleceram ou porque deixaram de pagar. A média das assistências para o campeonato nacional embora tenha atingido os 42.000 espectadores, cerca de 2/3 da capacidade do estádio, só foi possível devido a 5 jogos - Braga, Porto, Sporting, Estoril e Moreirense, sendo que nos 3 últimos havia a expectativa de sermos campeões (excepto com o Moreirense mas aí os benfiquistas deslocaram-se para recompensar a equipa pelo jogo em Amesterdão), porque nos outros 10 jogos a média foi baixíssima (cerca de metade da capacidade).

Aos que argumentam que é um sinal da crise e há muita crise, caso contrário nunca se assistiria à histórica quebra nas quotizações do 3.º trimestre de 2012/13 (é um bom exercício calcular a variação da quotização face a 2011/12), falemos então das AGs que são de borla e na qual nem 1.000 sócios participam. É certo que o clube faz pouco esforço para levar o associativismo para junto dos sócios, continuando centrado no Pavilhão, como se o Benfiquismo no mundo se resumisse ao complexo da Luz, mas quase de certeza que há 50.000 sócios na Grande Lisboa e nem 500 (1%) estiveram numa sexta-feira à noite na última AG. A maior ameaça ao sucesso do projecto é os benfiquistas não aderirem, pois tendo em conta o baixo valor da mensalidade é imperioso ter um significativo número de assinantes e a restauração anda pela hora da morte.

Qual o ponto de partida ? O Benfica recebeu  7,5 Milhões de euros da PPTV pelos 15 jogos nas últimas épocas. A proposta publicamente rejeitada apontava para um valor anual a rondar os 22 Milhões de euros anuais para as próximas 5 épocas, significativamente mais que o Porto, embora segundo se diz, estes tivessem uma cláusula de indexação aos valores a serem recebidos do Benfica e quase o dobro do valor do Sporting.

São estes os valores de referência que marcarão o projecto da Btv. Independentemente das externalidades positivas inerentes à exploração própria dos direitos (quebra de ligação com a Olivedesportos), o projecto será sempre avaliado à luz deste ponto de partida. Cabe aos benfiquistas decidirem se irão juntar-se ao Benfica e ajudarem-no a crescer ou se continuarão agarrados à Sport tv, aos streams, aos cafés, sendo certo que alguma destas soluções tem que ser achada para os jogos do Benfica que não serão transmitidos pela Btv.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

As minhas aventuras de leão ao peito

 A minha primeira camisola como jogador federado foi - imagine-se - do... Sporting. Estávamos na altura (1990) em que, em Abrantes, o Benfica tinha a sua sede em ruínas e a filial (a 2ª a nível nacional) não se mostrava capaz de ter uma formação sustentada. Por outro lado, o Sporting - que a nível nacional se afundava num declínio profundo que ainda hoje mantém e de que muito dificilmente sairá - tinha um associativismo na cidade de grande entrega e dinamismo, também pelas mãos de Francisco do Carmo Silveirinha, honroso sportinguista, homem de brio, então dirigente do Sporting de Abrantes e... meu avô. 

 A princípio, foi-me difícil encarar a ideia. O meu Pai convencia os meus 9 anos a integrar os treinos de pré-época da equipa da cidade, ideia que me pareceu a todos os títulos notável, uma vez que os parques da cidade, os jardins, os pátios e os corredores lá de casa reclamavam não ser o sítio certo para eu exponenciar o meu futebol de camisola 10 do Valdo Cândido Filho. 

 O problema deu-se quando o meu Pai me explicou, muito calmamente para que eu não saísse aos berros pela rua abaixo, que teria de usar uma camisola feia de listas horizontais verdes e brancas. Não era possível a um menino de 9 anos ter de usar o mesmo traje daqueles que, no Estádio da Luz, eram tidos como rivais e que saíam invariavelmente da catedral vergados à força do Glorioso. 

 Usar aquela camisola seria não só representar os mais fracos como trair o Benfica e aquele "10" cosido à mão - com o "1" um bocadinho mais abaixo do que o "0" numa clara desatenção do meu Pai para as façanhas da máquina Singer. Seria trair o Valdo e todos aqueles que de duas em duas semanas se enchiam no Estádio para festejar o benfiquismo apaixonado. Que responderia a algum deles, se numa tarde soalheira me pusessem a mão na cabeça e me perguntassem: "então, miúdo, jogas no Benfica lá da tua terra?"? Que vergonha passaria, enquanto no relvado o Magnusson marcava golos e eu respondia, envergonhado: "não, jogo no Sporting"? Não são dilemas fáceis para a cabeça de um jovem jogador. 

 Foi por esses momentos tortuosos na minha vida que entrou em cena o Francisco, não sei se na condição de avô que quer ver o seu neto apenas e só praticar o seu desporto favorito, se na condição de dirigente, que, como bom sportinguista, quer roubar talentos ao rival. Talvez, anos mais tarde, Sousa Cintra tenha arranjado inspiração neste caso de roubo claro para as suas aventuras pelo plantel benfiquista. Mas não se enganem: não sou nem fui nunca um Paulo Sousa ou um Pacheco. Se é verdade que o Sporting de Abrantes me acenava com um contrato por objectivos, recebendo a cada jogo jogado uma sandes de mortadela e um joy de maracujá, não será menos assertivo e correcto afirmar que a mortadela muitas vezes estava no limiar do prazo de validade, o pão ressequido e o joy de uma temperatura natural que afastava qualquer necessidade pós-jogo de goles decisivos. Não, o meu ingresso no Sporting Clube de Abrantes deu-se, pura e simplesmente, por ausência de Benfica e, claro, por uma precisão evidente de exponenciar o meu futebol para além dos muros do pátio da minha casa. 

 Felizmente, descobri, logo nos primeiros treinos com os mais velhos, que de Sporting o clube tinha o nome, os atletas eram quase todos do Benfica e os poucos sportinguistas que pululavam pelo pelado eram tidos como pouco aptos para a modalidade, como é, aliás, evidente para quem jogue à bola num qualquer campo deste país. 

 Fiz a carreira que pude fazer, sempre entre a vontade de jogar e a apreensão de levar vestidos uns trajes entre o pijama e o fato de presidiário. A meu favor, tenho a afirmar que, frente ao Benfica de Castelo Branco, falhei um golo isolado frente ao guarda-redes, obviamente não por falta de qualidade do meu pé direito mas porque me seria impossível escolher uma cidade ao meu clube e naquele jogo eu fui dos albicastrenses mesmo que o meu treinador não tenha dado por isso. No fim, ganhámos, e eu acho que vi umas lágrimas escorrerem pelo leão rampante que tinha no peito, não no coração, que esse estava nos peitos dos adversários. 

 Por tudo isto, e mais ainda que não foi dito mas talvez sê-lo-á um dia que decida escrever as minhas memórias destes tempos tristes, compreendem a minha alegria de camisola "10" de Valdo Cândido Filho quando cheguei a casa e o meu Avô me disse: "O contrato está rasgado, és um jogador livre. O Benfica de Abrantes este ano tem equipa".

Voz ao leitor Pedro Santos

«Neste blogue é que não há limites para o absurdo. Querias que fosse a judite de sousa a fazer a entrevista, ela que é uma adoradora de corruptos? Ou querias ser tu? Era difícil, pois se fosses tu a coisa era de tal modo interessante que se calhar o Jesus passava a entrevista toda a mexer no telemóvel... mas se está sempre tudo mal porquê que continuas a ser do Benfica, a ver (?) o Benfica, a falar e escrever sobre o Benfica? Não achas que era um favor que fazias a ti próprio (para o clube é indiferente porque adeptos como tu não "aquecem nem arrefecem") se te afastasses disto tudo? Porra, está sempre tudo (mas mesmo tudo) mal, vais te continuar a chatear? Não seria uma demonstração de inteligência largares isto? Pelo menos o teu paizinho ia parar de dar voltas no caixão...»

Um Vice-Presidente entrevistará o treinador. Neste Benfica não há limites para o absurdo.

Doente pela vida e pela morte

A facilidade com que se engavetam preconceitos continua a fascinar-me. O recorrente numa sociedade podre como a nossa é inundar o desporto - sejamos sérios: o futebol - de conceitos fundamentalistas por parte de gente que ou não entende o fenómeno ou tem dele uma visão distorcida, ignorante e não raras vezes maldosa. 

 Há os que acham que ser intelectual é, além de ler umas coisas do Russell ou passar os olhos por umas páginas do Proust, dizer mal do futebol. Que é para selvagens, bestas, mentecaptos mentais. Sentam-se de perna cruzada, o cigarrinho em riste para o tecto na mão de pulso bamboleante num bar cool em Lisboa e dissertam juntos sobre a felicidade que é não pertencer a essa horda de desordeiros. Dissertam sobre um assunto que não entendem, não querem entender e fazem de tudo para que ninguém lhes apareça à frente com uma explicação. Sentam-se de costas para o mundo e são felizes. Ah, o engano doce da ignorância. 

 Como em tudo, resumir fenómenos a umas linhas boçais de preconceito é próprio de gente pequena. Matéria solta e inútil que não faz avançar nem o mundo nem as pessoas que o compõem. Seria, no entanto, menos perigoso se a generalidade deste tipo de preconceito se mantivesse apenas no lugar de uma crítica bronca e não - como tantas e tantas vezes acontece - extravasasse para outras fronteiras. Em especial, a religiosa. 

 Ler e ouvir alguns dos inquisidores supremos ao futebol defender, por vias - julgam eles - encapotadas, ideias tão bizarras como a de que a morte deve ser um processo natural, não forçado, sujeita à vontade do Senhor; ouvi-los ou lê-los dissertando, com ar muito sério!, sobre o egoísmo dos que preferem acabar com a vida, é um resumo claro e inequívoco da verdadeira falta de noção humanista que têm. Refugiam-se em conceitos bacocos, lançados por uma Religião que anda a fazer de fiscal da existência há milhares de anos, para no fim gloriosamente concluírem que as pessoas que querem morrer (caramba, que heresia!) nem merecem morrer nem merecem viver porque querem morrer. 

 Sou adepto de futebol, daqueles doentes. Doente pelo meu clube, pelo estádio, pelos amigos, pela festa, pelo desporto. Sou doente pela vida e hei-de ser, se chegar a um ponto de desgaste inultrapassável, doente pela morte. E, nessa altura, quererei junto de mim os meus amigos doentes por futebol. Porque eles sabem melhor do que os outros - os devotos à causa imaginária - que a vida e a morte se confundem todas as semanas num jogo de 90 minutos. E sabem perceber que a morte é uma escolha, não é nenhuma afronta, egoísmo ou falta de amor pela vida.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A BOLA, como devia ser sempre.

A capa de hoje d´"A BOLA" é histórica. Desconheço se nas várias décadas de existência do jornal alguma vez o Ténis teve direito a tamanha distinção - arriscaria um "nunca". Num país em que é valorizado o lado boçal do futebol - não o maravilhoso e eterno que também existe, embora seja deixado de lado -, as quezílias, as novelas idiotas, as mentiras, as invenções, a insinuação torpe, a baixeza moral (há público em dose substancial para isso - basta ler a generalidade dos disparates e imbecilidades ditos nas redes sociais), hoje foi um dia bonito para o jornalismo desportivo português. Hoje o "A BOLA" foi digno da sua História.


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Finalmente a verdade - O Ontem é o braço armado de Bruno Carvalho



Quando há quase 4 anos atrás viajámos nessa épica aventura de avião com Bruno Carvalho e sua comitiva estávamos longe de adivinhar que um dia seríamos desmascarados. Infelizmente para todos nós, há Tomás Pizarro. E, sendo assim, admitindo que a inteligência e notável poder de dedução que Pizarro possui não podem mais ser escamoteados, resta-nos admitir finalmente ao que viemos: queremos Bruno Carvalho no poder. 

 Sim, todos os que falaram em "agenda" e "interesses escondidos" por parte de quem aqui escreve tinham razão: a nossa sanha de há 3 anos a esta parte tem um objectivo claro, o de retirar Vieira do poleiro e lá colocar o homem que verdadeiramente defende os interesses do Benfica, um homem do norte, um homem capaz de fretar aviões e benfiquismo em dois minutos: Bruno Carvalho, o nosso mais-que-tudo. 

 Foi no avião da TAP que se decidiu a estratégia: aproveitar este blogue para uma crítica supostamente independente, criar barulho, gerar unanimidade entre aqueles que estão descontentes com o rumo que o Benfica tomou e atacar vergonhosamente a Direcção deste clube. Com mágoa o confesso: desprezei os interesses superiores do Benfica em troca de uma posição privilegiada na futura administração: serei Vice para a blogosfera e Director do jornal do Benfica. O Sérgio será o responsável pela Benfica Estádio e Vice para o Património e o Roger Director-Desportivo e Vice para as modalidades. Já JC - a vitória no concurso não foi por acaso; houve corrupção -, está a ser preparado para o pelouro de Presidente das Casas do Benfica, com especial incidência nos Açores, onde vive e onde tem distribuído panfletos muito bem redigidos (com bonecos) sobre a excelência das ideias de Carvalho. 

 Não há muito mais que possa dizer neste momento. Uma mente mais observadora, como Pizarro, tê-lo-ia entendido logo nos primeiros tempos, quando aqui veementemente criticámos a antecipação das eleições com um argumento que roçou o ridículo. Apontámos na altura que era um acto vergonhoso que manchava de forma indelével a História do Benfica. Podemos hoje rir e até mesmo sorrir ironicamente uns para os outros: que argumento tão absurdo. Ninguém percebeu logo, pela fraca argumentação, que podia haver mais por debaixo do que aqui se escrevia? Foi necessário Tomás Pizarro para definitivamente o entenderem? 

 Não me orgulho destes 4 anos. Não posso viver bem com a minha consciência pensando que durante este tempo fui escrevendo sob as ordens de Bruno Carvalho - eu escrevia, enviava-lhe os textos, ele lia-os, riscava o que não gostava, dava sugestões, enviava-mas por avião, eu recebia-as, chorava um pouco (era a culpa a falar mais alto, já nessa altura) e depois publicava; sempre, acreditem, com um pouco de mágoa e até remorso. E até ressentimento. E até culpa. Quase vergonha. Até vergonha. Quase nojo. 

 Não me orgulho mas vou em frente. Aqui chegados, é impossível voltar para trás. Aproveitarei este momento em que fui desmascarado para promover aquela que tem sido a minha ideia ao longo deste tempo: está na altura de lançar a campanha por Bruno Carvalho. 

 Em termos oficiais, fá-lo-emos em cima de uma charrete na antiga estrada de Sintra - Bruno Carvalho será içado por uma grua ao nível da cabeça dos animais e ali se prostrará em pose melancólica e sobrenatural. Dois pajens abanarão grandes leques com o símbolo do Benfica enquanto Bruno gritará de megafone na mão as novas ideias de um novo Benfica para o mundo. Contamos convosco para uma grande manifestação de benfiquismo, um pouco à imagem das festivas comemorações no ciclismo. Pintaremos a cal no alcatrão palavras de ordem, ordenaremos a meninas muito educadas que mantenham castiças bancas de limonada e bolinhos ao longo da via, cantaremos o hino do Benfica a plenos pulmões em cima de mulas e elefantes vindos directamente dos áridos de África, a convite especialíssimo do nosso líder. O Benfica nunca mais será o mesmo. 

 Nos termos oficiosos que nos mandaram executar, anuncio então que a campanha está lançada. Agradeço aos que, ainda assim, aceitarem a nossa ideologia e a agenda que temos para o clube, que nos enviem currículo e fotografia actualizada. Para além de contributo generoso (o que puderem dar, claro) para que o Benfica definitivamente atinja o patamar da excelência.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Da coerência ...


"É evidente que vamos enfrentar dificuldades.

A difícil situação económica que atravessamos vai, naturalmente, condicionar a nossa actividade durante os próximo anos. Dizer o contrário seria demagógico, fazer o contrário seria irresponsável.

Todo o trabalho que até aqui desenvolvemos obriga-nos a ser realistas com as nossas metas, sem perder ambição, mas sabendo que os anos que se avizinham vão ser anos muito difíceis que vão obrigar os portugueses a enormes sacrifícios e a uma enorme austeridade.

Portanto, não nos resta outra alternativa que não seja seguir o caminho da credibilidade e da responsabilidade. Quem não o fizer por opção, dentro de pouco tempo vai ter de o fazer por obrigação.

Quem pensa que pode continuar a viver como até alguns anos atrás está redondamente enganado. Quem persistir nesse erro vai acabar mal.

Às vezes fico surpreendido com alguns artigos de opinião que vou lendo em alguns jornais.

À segunda-feira, leio que o futebol português não é viável, que as receitas não chegam para fazer face aos custos, que temos de entrar numa nova realidade.

Mas na quarta-feira, já leio que perdemos o meio-campo, que se calhar não devíamos ter vendido, que foi tudo mal planificado, que foi um erro. O mais extraordinário é que, às vezes, são os mesmos jornalistas a assinar as duas opiniões.

E eu pergunto: mas será que esses jornalistas ainda não perceberam os tempos que estamos a viver? É claro que temos de vender. Vamos ter de continuar a vender.

Vender, comprar menos e formar mais. Vender e baixar a massa salarial, mesmo que isso signifique sacrificar a nossa competitividade.

Que fique aqui bem claro: temos de garantir a nossa sustentabilidade, temos de competir e ganhar com o talento, a entrega e o empenho dos que cá ficam e confiar na capacidade do nosso treinador.

Num período de mudança e de incerteza, o pior que podemos fazer é fingir que nada se passa. Caros benfiquistas, temos de aceitar que há limites e que ultrapassar esses limites significa comprometer o nosso futuro.

Se outros não se importam com isso não é um problema nosso. A nossa obrigação é garantir que haja futuro para o Sport Lisboa e Benfica." - Luís Filipe Vieira na Casa do Benfica de Almada em 21 de Setembro de 2012

Jogadores com contrato a 25 de Junho de 2013.

Já agora, alguém me sabe dizer quantos dos 75 jogadores que não pertencem ao plantel principal têm possibilidade de virem a pertencer ao mesmo ? É que segundo a malta que defende Jesus e Vieira, os jogadores da formação não têm qualidade para o plantel principal.

Faça o que fizer, haverá sempre quem defenda as acções, mesmo que se jogue para as malvas a promessa da contenção, ou qualquer coerência. A propósito, alguém me sabe dizer se as quotas já baixaram ? E o gabinete de crise ?

Estou cansado ...

Hoje e sempre - o dia de Cosme Damião

 Hoje é um dia especial, sê-lo-á sempre. O mundo mudou no dia 28 de Fevereiro de 1904, porém foi no mês anterior a esse que os caminhos para a transcendência se revelaram.

 Cosme e seus amigos encontraram-se num tasco muito mal frequentado, ali para os lados de Marvila, e, numa apoteose de bebedeiras e chavascal, alguém se lembrou de ver no fundo de uma garrafa o futuro da Real Casa Pia de Lisboa - ideia que hoje pode parecer disparatada a alguns, mas que há 100 anos, e encharcados em álcool, fez todo o sentido aos visionários rapazes naquele pequeno e esconso lugar. 

 As notícias não foram animadoras: crimes de pedofilia, redes de tráfico humano, abusos sexuais, obscuras relações entre casapianos e notáveis figuras da sociedade lusitana e duas gotas de vinho - estas últimas não correspondiam à visão futurista mas à fraca limpeza que Adérito, dono do estabelecimento, havia dado à "garrafa de cristal", como lhe chamava, muito elegantemente, Cosme, que se encontrava visivelmente alterado - pelo nível de ebriedade mas sobretudo pelos crimes hediondos que havia observado pelo convexo espelho molhado. 

 Estava na altura, disse Damião, de "fundar algo que orgulhe este país de gente depravada e sórdida". Outro logo se levantou, cofiando o bigode: "A Casa Pia não é para nós, honrados companheiros, deixemo-la ao cuidado destes anormais!", e toda a gente aplaudiu, incluindo o Adérito, que levantou a cabecinha por detrás do balcão em sinal de aprovação e regozijo. Estavam criadas as bases para um novo clube. Como não podia deixar de ser: para as grandes bezanas, grandes ideias. A questão punha-se agora de outro modo: amanhã como seria? Acordariam os cósmicos prontos a içar a bandeira que a ideia tinha sustentado ou, por outro lado, de cabeça inchada e enxaquecas mil, esvair-se-ia a proposta nuns ais e uis, num "opá, isso foi da bezana, vamos mas é ajeitar a bigodaça ali ao Senhor Anselmo"? 

 O que distingue os grandes homens dos outros não é propriamente o que fazem no seu labor operário e burocrático, mas a capacidade de, em ressaca, racionalizar e dar corpo às geniais ideias da noite anterior. Um mero humano, fraco de espírito, aceita com resignação a informação que o cérebro no dia posterior lhe envia: "chefe, esquece lá isso, vai mas é trabalhar a ver se metes comida na boca dos filhos". Já um semi-Deus, imortal no tempo e garboso de alma, ao acordar enfia-se num banho frio, lava os dentes, cofia o bigode apurado e reflecte. Senta-se profundamente sobre as reflexões e bebe Pleno Tisanas, Lúcia-Lima, Flor de Laranjeira e Limão - ou, há 100 anos atrás, um Jagertee. Cosme era um dos destes últimos: quando acordava, bebia Jagertee. 

E tudo, de repente, ao som de chá com rum e ponderadas introspecções, começava a fazer sentido. "Quem salvará este país e esta cidade do clube que há-de ser fundado com os panos das barracas da praia de Carcavelos?", questionava-se. "Quem poderá dar aos amantes do desporto um clube popular e eterno, um clube que seja alimentado pela solidariedade entre todos, que leve bem alto o nome de Portugal ao Mundo?", perscrutava-se. E decidiu. Deu um último gole de Jagertee, pôs brilhantina no cabelo e avisou a esposa: "não contes comigo para o jantar, devo chegar tarde, vou fundar o Sport Lisboa".

 Um século depois, encontramos Jaime Graça neste café em Benfica. Tem um ar cansado, os olhos como covas ou pratos de sopa. Lê a história do Benfica, tal qual está descrita em cima. Orgulha-se de Cosme e seus companheiros. Orgulha-se das várias histórias que originaram a sua própria história, 60 anos depois. Tem saudades, emociona-se, quase chora, chora. Lembra-se dos relvados ingleses onde entrou com a camisola nacional. Lembra-se do Estádio da Luz e da massa vibrante que o transbordava. Queria poder voltar, entrar pela porta da casa-de-banho, meter-se pelo lavatório e sair dentro do balneário do Benfica de há 40 anos atrás. Dar uns toques, cheirar a relva, marcar um golo e sentir aquela sensação de, num remate, num só remate, alegrar o coração de milhares e milhares de pessoas. Em uníssono, todos: golo. E, enquanto o pensava, embora o lavatório não fosse de facto nenhuma porta mágica para o tempo passado, quase fazia golo, chutando ao de leve, em efeito, no corrimão dos pés do balcão. 

 "Há-de chegar o meu dia", pensou. "Só espero que ninguém me esqueça ou que se recordem de mim para lá desta década e da próxima". O Benfica fez-lhe a vontade: morreu no dia em que o Benfica nasceu. E agora, para além do que foi como jogador, atingiu a eternidade no calendário. Para que definitivamente se mantenha no reino dos imortais.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Pode o Benfica vir a ter jogadores da formação ?


Este é um dos temas mais fracturantes da equipa de futebol. Sem estrangeiros até 1979, o Benfica hoje em dia praticamente quase que não tem portugueses e por consequência deixou de alimentar a selecção portuguesa.

Há os pragmáticos que não se importam com a nacionalidade pois o que lhes interessa é ganhar. A esses eu pergunto, onde estão os títulos, é que quase não chega. Outros mais líricos sonham com um Benfica de portugueses e de preferência da formação, mas rapidamente são inquiridos sobre qual o verdadeiro valor dos craques formados no Benfica. Nem tanto ao mar nem tanto à terra, o problema do Benfica nas laterais poderia estar razoavelmente resolvido se os jogadores formados tivessem sido aproveitados.

A verdade é que os jogadores jovens portugueses mal começam a destacar-se preocupam-se em conseguir o contrato das suas vidas, mesmo que isso implique passar muitos jogos no banco e pararem o seu desenvolvimento enquanto jogadores. Mas não nos podemos esquecer que os estrangeiros pensam exactamente da mesma forma. Além disso porque será que há sempre tempo para um estrangeiro mas não para um português ? Isto já sem falar em Emersons ou Robertos ...

Seja dada a palavra a quem está por dentro do assunto:

"Tive quatro anos fora e quando cheguei a Portugal estava um pouco desfasado e sem termos de comparação em relação à 2.ª Liga e aos jogadores. Hoje estou perfeitamente identificado e é um dos motivos pelo qual me custa sair. O Benfica, posso dizer, tem uma qualidade muitíssimo boa de jogadores, também por isso fomos campeões nacionais de juvenis e juniores. E no esboço de plantel que temos idealizado para o ano está o João Nunes, o Guzzo e o Rebocho, que ainda são juniores, o Gonçalo Guedes, Diogo Gonçalves e o Ruben, que ainda são juniores de primeiro ano, e temos um jogador que, para mim, é para entrar de caras na equipa principal do Benfica mais tarde, se a evolução dele for compatível, que é o Renato Sanches. Estes jogadores, se houver coerência num projeto, têm de aumentar o número de utilizações na época seguinte. Quem vier de fora tem de ser muito melhor dos que os que já estão no clube. Uma coisa é comprar um Gaitán, um Enzo Pérez, ou um Matic, que já têm valor e, aí, é tudo uma questão de ter ou não dinheiro, a qualidade está lá. A outra questão é quando se investe em miúdos de 17/18 anos, de países e culturas diferentes, e é preciso ver se são melhores dos que os que já estão no clube. E o facto de virem de fora ou o fator financeiro não podem determinar que esses mesmos jogadores se imponham. Essa imparcialidade tive e terei sempre." - Norton de Matos

Pergunta para queijinho - Como foram, em termos de desempenho desportivo, os primeiros 6 meses (ou 1 ano) dos jogadores identificados por Norton de Matos como tendo qualidade indiscutível ?

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Só pelo Benfica

«Vai, e dá-lhes trabalho!», dizia Luís Miguel Cintra a João de Deus (César Monteiro), no genial «Recordações da Casa Amarela». A luta por aquilo em que se acredita - de forma honesta, límpida, directa, apaixonada - é um caminho que se percorre porque dentro de nós há um amor imenso pela beleza e justiça no mundo. Nada mais do que isto: amor pela justiça e beleza do mundo. O meu grande amigo Éter desistiu de lutar há um ano; o Hugo desistiu hoje. O que posso prometer aos que nos acompanham é isto: manter-nos-emos. Manter-nos-emos pelo Benfica e só mesmo pelo Benfica, que o resto é demasiado triste.



Grandes benfiquistas - I - Fernando Tordo

Anteontem ouvi a Tordo, no programa do Herman, uma ideia que me comoveu. À pergunta «Quando é que queres morrer, Fernando?», o nosso benfiquista respondeu: «Tenho um grande objectivo na vida. Como tenho 61 anos de sócio do Benfica, quero viver pelo menos até daqui a 14 anos, até ao momento de receber a minha águia de platina. Depois posso morrer.»


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Oh não, mais um abutre. Fala, JG, papagaio RedPass, o que te vai na alma.

«Eternizar o Drama Muito Além dos 90 Minutos 

 Habituei-me a viver esta época de verão em paz. Terminado o campeonato, jogada a final da Taça no Jamor, vinham meses felizes em que se limpava a cabeça e havia tempo para ser normal, aceitar convites para almoçar ou jantar no fim de semana, visitas , passeios, aniversários e tudo o que as pessoas normais fazem durante todo o ano. Em anos pares há mundiais e europeus para viver o futebol sem a preocupação do resto do ano, em anos ímpares sobra mais tempo para a vida além bola. Tudo muda, tudo evolui. O "verão" já não dá descanso a um adepto como eu. Vendo bem, já nem é "verão". 

Sou do tempo em que as novelas do defeso se reduziam a três ou quatro nomes. Quem não se lembra da aventura de Valdo até ser apresentado na Luz? Hoje são três ou quatro nomes por... dia! Nos últimos anos aprendi a defender-me desta loucura. Acabado o último jogo oficial paro de alimentar o blogue, salvo raras excepções, continuo a seguir a imprensa para ir acompanhando a dança das transferências mas limito-me a estar atento ao que o Benfica anuncia oficialmente. É uma questão de sanidade mental. Nem ligo aos jogos de pré época. Quando a bola começar a rolar em competições oficiais cá estarei a comentar e lá estarei a apoiar na Luz. 

 Posto isto importa dizer que esta é uma intervenção especial e de urgência porque o Benfica também se modernizou e continua a dar motivos para dores de cabeça além dos minutos 90. 

 Se há assunto que imediatamente enche aqui as caixas de comentários é o da militância benfiquista. Pois bem, vamos lá falar de militância benfiquista para ver se percebemos que clube temos hoje e com que adeptos. 

Há sempre muitas reacções ao longo da época sempre que me refiro ao número de adeptos na Luz. Agora já temos médias finais para reflectir. 

O Estádio da Luz registou uma média de 42.366 espectadores no último campeonato. Isto é, numa época que lutámos pelo título até ao fim o nosso Estádio, com capacidade para 65.000, regista uma média pouco acima das 40 mil pessoas. Uma análise mais detalhada mostra que esta média é "viciada" por cinco jogos de casa mais cheia. Clássico e derby, obviamente, Braga na abertura em pleno Agosto, Estoril e Moreirense. 

Ou seja, tirando os jogos contra rivais, e coloco aqui o Braga, só tivemos duas partidas na Luz com mais de 50 mil pessoas, precisamente os dois últimos jogos. E porquê? Porque cheirava a festa. 

 No resto da temporada todos os jogos do campeonato não atraíram mais de 30 e poucos mil adeptos. Na Taça da Liga e na Taça de Portugal as médias descem para cerca de 15 mil adeptos. Esqueçam a crise, esqueçam as desculpas, esqueçam os benfiquismos maiores e menores. Apenas olhem, analisem e pensem sobre estes números. 

 O Benfica dos 6 milhões, o Glorioso do recorde do Guiness em associados, o Maior clube do mundo, o clube com os melhores adeptos do mundo, tem 30 mil adeptos que se dignam a acompanhar o seu campeonato e cerca de metade que acompanham as Taças. Na Europa vacilam entre as raras enchentes contra grandes nomes ou fases adiantadas na prova e assistências medianas. Claramente não há fidelização do benfiquista à sua equipa. Não há, desculpem mas não há. 

 Esta ideia desenvolvida desde os anos 90 que o Benfica é um clube gigantesco a nível mundial é , actualmente, a maior inimiga do clube mas em vez de se acabar com ela ainda se alimenta mais. Todo este ódio à volta do Benfica tem crescido a nível nacional nos últimos anos. Muitas vezes fico espantado com a maneira como somos recebidos em diferentes pontos de Portugal. Mesmo em locais onde já fui muito bem recebido quando comecei a ver o Benfica fora da Luz. Muito desse ódio tem a ver com esta ridícula bazófia dos maiores do mundo. Até cachecóis com esta frase se vendem! Somos grandes, sim. Uma grandiosidade construída ainda antes de cada um de nós ter nascido. Herdámos um clube respeitado a nível mundial e o que fazemos para o manter assim grande e respeitado?

 Como pode um clube ser saudável mentalmente quando tem "milhões" de adeptos a gritar ao mundo "Somos os Maiores" mas depois quando a sua equipa principal de futebol entra em campo para lutar pelo Campeonato Nacional tem por norma na bancada uma média de 30 a 40 mil pessoas ?! Em que ficamos? Somos os maiores do mundo ou somos um clube rodeado de adeptos cheios de bazófia que raramente vão ao estádio, que poucas vezes se sentaram nos pavilhões do clube, que não fazem parte do top de compradores de camisolas da equipa a nível europeu? 

 Benfica é muito grande , sim. Tem adeptos apaixonados um pouco por todo o lado, sim. Mas , infelizmente, a base de militantes diminui de ano para ano. Quantos sócios pagantes tem o clube? Quantos lugares cativos por época vende o Benfica ? Quantas camisolas adidas vende a loja? Isto, por muito que custe admitir, é a resposta para sabermos se o Benfica é mesmo um clube de topo europeu ao nível de militância dos seus adeptos. 

 Não sei quantos benfiquistas haverá na Grande Lisboa mas já se percebeu que um estádio com 65 mil lugares é demasiado grande para os activos. Tem que se assumir isso e parar com a parvoíce dos maiores do Mundo. 


 Assembleia Geral 


 Outro bom barómetro de militância benfiquista é saber quantos se dignam a ir às Assembleias Gerais. Para não estar sempre a falar em milhões vou dar um exemplo bem pessoal. A humilde página deste blogue no Facebook tem quase 5 mil "adeptos". Partindo da ideia que a grande maioria é benfiquista e gosta de discutir o Benfica, todos foram informados que ia haver mais uma Assembleia Geral. Como se explica que no pavilhão da Luz estivessem duas ou três centenas de sócios quando na internet vemos milhares de manhã à noite a dar as suas sentenças ?! Esses 200 ou 300 sócios também são sempre os mesmos em todas as reuniões magnas. Portanto, o Benfica moderno é o seguinte: 
300 preocupados com a Assembleia Geral 
15000 no estádio para as Taças 30000 no estádio para o Campeonato 
60000 nos derbis e clássicos Milhões nas festas e celebrações! 

 Como sabemos, infelizmente, não tem havido muitos motivos para que os Milhões apareçam com regularidade. Assim, parece-me justo que se redimensione o pensamento do clube à militância revelada. O Presidente da Mesa da AG podia ser o primeiro. Eu nunca escrevi sobre uma AG do Benfica. Acho que quem quer saber o que lá se passa deve lá ir. É esse o seu dever. Como desta vez a discussão já é pública vou falar da opção que o Presidente da Mesa tomou. Resumidamente o que aconteceu foi uma reunião tranquila, apresentação bem feita do orçamento, dúvidas e respostas dentro do melhor ambiente, votação esclarecida e orçamento aprovado. Pelo meio o ex candidato à presidência do clube, Bruno Carvalho, pediu à mesa para retomar a palavra para responder a uma resposta da Direcção e viu o seu pedido rejeitado. Da bancada contestou-se e ouviram-se palavras mais fortes como "ditadura". O Presidente da Mesa reagiu e olhando para o local onde eu estava apontou dizendo que ali ninguém sabia o que era uma ditadura. 

 No fim da votação com o barulho normal numa reunião destas o Presidente resolve ter protagonismo e manda todos os sócios calarem-se ao melhor estilo de uma... ditadura. A ordem foi , obviamente, contestada e em duas ameaças acabou com a AG. Ou seja, não havia espaço para a habitual intervenção livre de todos os sócios que quisessem falar. 

 Isto não é o mais grave. O mais grave é que esta foi a segunda vez seguida que o Presidente da Mesa resolve por si só terminar abruptamente a AG não deixando espaço para a intervenção dos sócios que, diga-se , é o momento mais aguardado de qualquer AG. Repito, é a segunda AG seguida em que os sócios não falam livremente. Ao melhor estilo de uma... ditadura ! 

 Na penúltima fui saber porque é que não se continuava com a intervenção dos sócios e o Presidente da Mesa respondeu que já era muito tarde! Desta vez disse que não havia ambiente. 

 Ora bem, eu cresci com a ânsia de fazer 18 anos, não para fumar, não para ter carta de condução, não para ter chaves de casa mas sim para poder ir à AG do Benfica e votar. Portanto, vou às AG's do Benfica desde 1990 e sei como eram vividas com milhares dentro do pavilhão. Saí de lá a altas horas da madrugada, assisti a cenas incríveis e que são já do domínio lendário. Aturei Damásios e Vales mas sempre com uma certeza: os sócios do Benfica tiveram sempre a palavra ! Aliás, ainda o país vivia na tal ditadura e já as AG's do Benfica eram democráticas! Nesses tempos a única coisa que não me lembro é de lá ver Luís Filipe Vieira ou Luís Nazaré, por exemplo. Mas deve ser da minha desgastada memória aos 40 anos. Hoje em dia as AG's têm duas ou três dezenas de sócios, começam às 21h, acabam às 22h30 e não há condições para falarmos!! 

 Ah e tal temos que mudar isto, o Benfica é nosso, isto não pode continuar assim, vamos a eles... Quem? Como? Os do costume que quando afirmam que tem de haver mais gente na Luz a viver o Benfica são chamados de arrogantes e com a mania que são mais que os outros? Mudar tudo confortavelmente sentado a escrever em blogues, facebooks e twitter ou nas esplanadas ou no trabalho ou na rua ? 

 Nada vai mudar. O Benfica é isto mesmo, um clube de Milhões de adeptos mas com AG's vazias, Estádio por encher e exigência baixa. Pior que perder um jogo, ou vários, na parte final é ver a maneira como são emitidos comunicados oficiais, como se apresentam jogadores, como se desmentem notícias. Nada disto faz sentido! Apresentam-se uns na televisão e depois entram dezenas de outros que nem sabemos se são nossos ou não pela calada. A gota de água foi o comunicado de hoje. O Benfica precisa de um comunicador superior que faça um enorme comunicado a pedir desculpa de tudo e a todos. Para começar podiam comunicar a demissão do Presidente da Mesa da Assembleia Geral. Bom defeso (se conseguirem) . 

 PS. Entretanto o comunicado que o Benfica tinha publicado falando do Correio da Manhã foi apagado do site do clube sem nenhuma justificação. Toda uma classe a manobrar.