terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Um bocadinho contra a histeria

Anda para aí uma vozearia entre os benfiquistas com a contratação do Djaló que já assumiu, em certos casos, a demência. É um dos principais problemas da análise parcial: o todo fica de fora, deixando lugar à crítica do imediato e ao esquecimento da ideologia. De repente, muitos dos que defendem essa ideia visionária que subsiste na expressão "confio em quem dirige o Benfica, eles é que estão lá dentro" puseram a cartilha de lado e começaram a malhar a torto e a direito na escolha dos nossos dirigentes e equipa técnica. Por duas premissas essenciais, uma bastante estúpida, a outra - podendo estar errada - mais compreensível: o terem gozado a uma escala planetária com o Djaló enquanto jogador sportinguista (1) e o valor intrínseco do atleta-jogador (2).

A primeira remete-nos para uma dimensão quase surreal: o escriba não gosta da contratação não porque tenha argumentos para tal mas porque, chegando Djaló ao Benfica, perde todo o manancial de orgulho e seguidores que foi conquistando aquando dos vários "LOL" e piadas altamente inteligentes que foi debitando no passado. O escriba deprime, não sabe o que há-de fazer e acaba escolhendo o caminho mais fácil: despreza a contratação, chama nomes a quem a executou (mesmo que tenha passado os últimos 10 anos a pulular pela blogosfera insultando quem punha em causa quaisquer acções dos dirigentes) e conclui brilhantemente: "assim não pode ser". Não pode, de facto. É hipocrisia a mais. 

Já a segunda, correndo riscos de ser desmentida no futuro pela prestação do jogador, tem legitimidade e acaba por convergir com aquela que é, apesar de muitos ainda não o terem entendido (quase todos os da primeira premissa), a mais básica e honesta função de um gajo que escreve sobre bola num blogue: atirar bitates. Qual é a formação de um escriba, ao nível do treino, da percepção do jogo, da prospecção, da capacidade de antecipar um futuro a um jogador? Zero, ou perto disso. E, mesmo os que saem do zero, e ficam no perto disso, muito dificilmente conseguiriam sair da 3º divisão distrital se um dia algum maluco decidisse entregar-lhes uma equipa de bandeja. É, portanto, fundamental remeter isto para o plano que interessa: um blogger é um treinador de bancada, um espertalhaço, um visionário. Claro, tudo nas linhas virtuais e sem ter de provar nada a ninguém. 

Há, porém, bloggers e bloggers. Há os que vivem os dias fazendo longas dissertações sobre o ocorrido - fenómeno tremendamente mais fácil e apaziguador das almas hesitantes - e os que, no imediato, forçam a sua opinião a uma ideia que, certa ou errada, foi o caminho que escolheram. Como é óbvio, gosto mais dos segundos. Porque não têm medo de ter opinião - mesmo que uma pateticamente estúpida - nem temem que o futuro os desminta e os faça revelar toda a sua incompetência na arte de analisar futebol. É preciso coragem para não ir apenas atrás dos factos mas projectar o que está por dentro deles. E é nessa perspectiva que me merecem infinitamente mais respeito os que seguem o seu trajecto pela própria cabeça, sem limitações ao nível ideológico, estrutural ou político. 

Dá-se, no entanto, neste caso específico da compra de Djaló - que tem provocado suicídios em massa a muito boa gente -, um fenómeno ainda mais curioso: os que antes deixavam nas mãos da Direcção a responsabilidade das acções (e as defendiam até quase ao absurdo, vide Roberto e, agora, Emerson) decidiram deixar o altruísmo de lado e começar a cantar cantigas de escárnio e maldizer. De repente, não mais do que de repente, afinal Vieira e Jesus não sabem tudo nem têm o direito de, apesar de "eles é que estão lá dentro, eles é que sabem", constituir família sem dar explicações aos gajos dos bitates. Interessante, sem dúvida, toda esta hipocrisia. Terá, ao menos, o condão de abrir as almas destes pobres coitados, e se calhar, com jeitinho, dar-lhes a lucidez necessária para que entendam que o futebol é mesmo isto: eternas conversas e dissertações, quase sempre - da parte de quem está "de fora" - erradas e sem grandes fundamentos. Caso contrário, abram um blogue sobre formigas africanas. 

Da minha parte, e vocês sabem o quanto já malhei esta gente que anda pelos corredores do Estádio, tinha aqui matéria para um enxovalho de grande nível. E seria tão fácil. Mas como tento que a minha opinião não ande conspurcada por questões políticas nem ideológicas, como quero que ela seja fiel ao meu pensamento e à minha análise mais sincera, não vejo nesta contratação motivos para uma crítica a quem a achou do interesse do clube. Apesar das limitações que atribuo a Jesus ao nível da gestão do plantel e da incapacidade de abdicar da teimosia das suas ideias, reconheço-lhe um enorme talento para valorizar jogadores que tenham potencial. E Djaló, quer queiram quer não queiram, tem-no. Ficará agora por saber de que modo Jesus fará Lucy e todos os sportinguistas chorarem as enormes prestações desportivas que o rapaz vai começar a ter com o manto sagrado vestido. E como, se calhar já no Verão, de uma contratação a custo zero, vamos encher os cofres com uns milhões. Podem contar com o meu apoio. Sou Djaló desde pequenino.
 
PS - A questão Amorim e outras novelas ficarão para depois do fecho de mercado. Mas vai sair morteirada. É só para que fiquem avisados.

Concurso "Cadeira de sonho"



"O “Ontem vi-te no estádio da Luz” está a promover treinos de captação de escribas, abertos a todos os seus leitores que não tenham blogs próprios.

 Os interessados terão apenas que enviar um post para cá [suavesemfiltro@hotmail.com], que depois será colocado a votação pelos leitores do blog.

Os textos serão postos a votação sem revelar o seu autor, sendo apenas revelado o nome do autor do texto vencedor no final da votação.

O vencedor (o autor do texto que receber mais votos) mandará durante um mês aqui no tasco (podendo envolver também vergastadas e insultos do Ricardo)

Quem no seu perfeito juízo deixaria passar a oportunidade de ocupar esta cadeira de sonho?


Os treinos de captação vão decorrer durante os próximos 3 dias [acaba dia 2, às 23:59].

Vá pessoal toca a escrever e enviar!"

Ulrich Haberland

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Só não te armes em parvo, González!

E, de repente, pode haver Lucho e Aimar no mesmo campeonato. Sinto-me mais feliz, hoje. Eu já era capaz de ir ver o clássico, mesmo que estivesse numa prova de sobrevivência do Saw, por causa do Aimar. De alguma forma, sairia dali, cortando pedaços de braço, matando desconhecidos, perdendo dentes ou simplesmente comendo o próprio intestino. Para ver Aimar, a gente faz tudo. 

Mesmo até não ir ver Aimar, como neste fim-de-semana em que fiz 600 quilómetros e muita maluqueira para lá e para cá, entre benfiquismo irrepreensível e prédios de repente espantados com as lutas próprias de quem quer mais e melhor para este rectângulo futebolístico.

Aimar e Lucho. Luxo! Só posso agradecer aos deuses. E saber que o humano Pereira nem o González consegue potenciar. No fundo, Gravatas será o Rei Merdias, aquele que consegue fazer do ouro uma grande e profícua montanha de merda. Só não exageres, Pereira, até para os incompetentes há um limite. 

Bem-vindo, Lucho. Quando entrares na Luz faz uma vénia ao Pablo. 

Resposta em post ao POC e Bcool (contratações) e um conselho à Ulricha (prémio 1x2)

1. Caríssimos POC e Bcool, como é evidente a qualquer ser pensante (e vocês se calhar não sabem disto, mas fazem parte desse grupo), ao Benfica falta mais do que lateral-esquerdo. Falta um lateral-direito que seja não só uma alternativa a Maxi mas um sério candidato ao lugar - o uruguaio divide jogos de grande qualidade com jogos aberrantes, à imagem da primeira época - e falta um central que dê garantias de qualidade - nem o puto que já não é assim tão puto Vítor nem o velho que ainda não é assim tão velho Jardel as dão. 

Ainda falta também um rompedor, um gajo que sirva menos as vontades de joguinhos pelo meio e procure outro tipo de movimentação, mais em rasgo, mais pela ala, mais nos desequilíbrios, mais a mais, mais. Conto, no entanto, que Pérez tenha retirado o antigo cérebro e no seu lugar tenha hoje um frondoso e pujante cerebelo iluminado, com vista para a lucidez e com regime de humildade completa. Mas não tenho a certeza. Fico-me só nos "ses" a ver se talvez sim.

Mas sejamos sinceros: a um dia de acabar a janela de oportunidades, a nossa preocupação máxima tem de estar guardada (até porque pedir, peça-se sempre pouco, para não cansar o dador) para a vontade em começar a jogar com 11. É que... entrar sempre com menos um cansa muito, desgasta, deixa os nossos rapazes menos capazes de ir e emendar a merda que o Nelo paulistano vai meticulosa e proficuamente fazendo pelos relvados nacionais. É este rapaz jogador para a primeira liga?, pergunto-me. É capaz. Para um Setúbal, talvez, mesmo um Nacional, a suplente. Que ele seja do Benfica e titular é, enfim, todo um mundo de novas oportunidades aí à sua frente. Teve sorte. Teve estrelinha. Não é estrela nenhuma. Não vale grande merda. Não é grande espingarda. É um cepo.

De modo que, sim, compreendo os vossos esquentamentos de adeptos fervorosos e nervosos e compenetrados e preocupados e atentos mas, permitam-me o pragmatismo que me invade pelo pânico de ver as horas indo ao encontro da fronteira mensal, já esqueci esses problemas de somenos. Estou nem aí, como diz o outro. O que eu quero é um jogador de futebol. Pode ser aquele gajo do Gil Vicente, o tal de Caiçara. 22 aninhos, talento à solta, umas 100 vezes melhor do que o rapaz dos olhos tristes. Podem começar já por aqui.

Em respeito às vossas ansiedades, já disse que tinha Salino como o verdadeiro acerto de Janeiro. Médio, lateral-direito, jogador de conjunto com qualidade. Ao meio, Dedé. Mas também esse esquecido João Real. Certo: tem 28 anos. Precisamente o que precisamos: experiência, consistência, tranquilidade. 

E agora o terror: Djaló não era mal pensado.


 2. Minha cara Ulricha, você decida-se. Se me permite, gostava de lhe dar um conselho: escolha 3 candidatos a ingressar à experiência. Os 3 vão fazer 3 posts (um cada) que serão colocados à votação dos nosso leitores. O que ganhar, fica com o mês a mandar nisto (quando eu digo "mandar" é poder escrever aqui; obviamente será corrido a vergastadas e insultos constantes à mesma). 

Escolha de entre os nossos leitores os 3 que lhe agradam mais. Mas não valem gajos consagrados e com blogues. Esses ficam lá no lugar deles e vêm aqui dizer parvoíces. Era só o que faltava que se viessem imiscuir na pornográfica página do blogger deste tasco! Logo, as suas recomendações (Constantino e Diego) estão postas de parte. 

E, já sabe: pode sempre reconsiderar, dar uma de corajosa e aceitar o prémio que ganhou. Fica ao seu critério, mas despache-se que quanto mais cedo eles chegarem mais cedo vão embora. O que é um descanso para o meu coração. Não vale recrutar o Emerson.



Pssssssst: à vossa direita, nova sondagem extremamente importante e com muita pertinência: Vieira abrirá o bigode quando? Votem em inconsciência.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Estamos a 2 dias do final de Janeiro...



... e nós continuamos a gostar de entrar em campo com 10. A diferença entre ser campeão e fazer uma boa prestação europeia ou acabar em segundo e ser eliminado já nos oitavos da Champions pode estar na lateral-esquerda. Mas ninguém no Benfica parece muito preocupado com isso. Até um dia.




Foi de penálti e venceu a donzela

Sendo assim, temos Ulrich Haberland por um mês. Ficamos felizes. Sempre sonhámos ter uma mulher a governar isto. Senhora Haberland, envie-nos o seu email, se fizer o favor. Se não quiser o presente, diga-nos quem gostaria de ver à experiência neste humilde tascum. E viva o Benfica!

sábado, 28 de janeiro de 2012

um xis dois

E se os leitores deste blogue tivessem direito a um mês à experiência como escribas do nosso tasco? Era bom, não era? Quem não sonha com esta possibilidade, de entre todos vós - que religiosamente aqui vêm insultar ou elogiar, conspurcar ou embelecer, matar ou morrer? 

Já está tudo doido de emoção, não está? Os que gostam do blogue, tarados por verem os seus textos nesta bela criação blogosférica - que honra, o meu texto no Ontem vi-te no Estádio da Luz! -, os que o odeiam, desejosos de poderem pôr um fim a toda esta palhaçada - se eu ganho aquilo, ai maria josé de deus, nunca mais ele volta a meter as mãos a um teclado! 
 
Pois bem, um de vós terá direito a esse regalo. Durante um mês escreverá para este blogue. Ao final desse período, far-se-á uma votação para sabermos se os outros leitores - que de tão invejosos que estarão provavelmente atirar-vos-ão do blogue abaixo, o que nos dará muito jeito, porque vocês a escrever, enfim, fiquemo-nos por aqui, parecem aquele gajo que passa o tempo a meter notícias dos jornais, o que é interessantíssimo - permitem a vossa continuidade. Sim? Estamos entendidos?

Agora é só palpitar o resultado do jogo desta noite. A votação acabará 5 minutos antes do apito inicial e a caixa de comentários ficará com moderação para que ninguém copie ideias geniais dos outros. Eu vou estar longe daqui, por isso não vale a pena tentarem iludir o professor com manobras de diversão manhosas e cábulas pirosas. Podem meter marcadores, minutos dos golos, quantos amarelos, coisas que, no caso de empate, decidam a vosso favor. 

Palpitem, palpiteiros. Só não deixem o Manuel ganhar esta merda.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Um orgulho muito meu


Implica contextualizar. Uma pequena cidade do interior, um clube dessa cidade, uma equipa de futsal desse clube, um evento desportivo, a possibilidade de defrontar o Benfica. Ponte de Sor, Eléctrico Futebol Clube, “Ponte Sport”. No passado domingo, entre as demais efemérides, a equipa de futsal do EFC jogou contra o Benfica.
Epílogo lançado, na qualidade de suposto blogger deste tasco (designação comum adoptada, sobre a qual não tenho responsabilidades, mas com a qual simpatizo) e respondendo ao desafio do verdadeiro dono do espaço, venho partilhar uma singela experiência recentemente vivenciada. O espaço é-me familiar, apesar de nunca ter sido um competente e assíduo escriba, visito-o diariamente, qual mirone enamorado. Espreito-o pela janela e muito raramente solto um tímido comentário. Mas interessam-me as dissertações aqui vertidas, os comentários mais ou menos eloquentes, interessantes ou não, estúpidos ou não, oportunos ou simplesmente parvos. Podia agora desfazer-me em razões para não participar activamente, mas seriam desculpas para a pura e simples inépcia. Pois bem, contrariando-a, sou hoje a aborrecer os leitores com a minha estória sobre o dia em que joguei contra o Benfica.
O pavilhão estava cheio, os nativos tinham acudido ao chamamento mágico que um evento com a presença do Benfica invariavelmente encerra. Adivinhavam-se as previsões entre confrades, a goleada seria inevitável, restava adivinhar quantos golos iria a equipa local encaixar dos profissionais. Os mais atentos à modalidade sabiam que o Benfica não contava com os internacionais portugueses (em estágio para o campeonato da Europa) e que o Eléctrico, apesar de infinitamente mais modesto, contava com jogadores experientes, que militantes num disputado campeonato da 3ª divisão nacional, já haviam defrontado noutras ocasiões, equipas de craveira nacional e jogadores de renome. Esses aventariam previsões de vitória menos folgada do Benfica.
Um natural da cidade, atleta do clube há muitos anos, capitão de equipa, adepto atento, mas também fervoroso adepto benfiquista é óbvio que experimenta sensações estranhas numa ocasião destas. Piso o rectângulo, dirijo-me ao círculo central e quem lá me espera não é o capitão do Leiria, da Benedita ou dos Patos do Rossio de Abrantes, não. É o César Paulo, envergando a vermelha, de águia ao peito. O meu, cheio de ar, inchado de orgulho, de barquinho (símbolo do EFC). O árbitro, pouco habituado a tão ilustres visitas, atrapalhou-se no ritual da escolha do campo, pondo a nu os tremores que a situação lhe emprestava às pernas. Já eu debatia-me por conseguir apresentar um semblante sério e competente, mas dava por mim com um sorriso infantil, a absorver cada instante, sem sequer prestar atenção ao sorteio. A ideia era desvalorizar a coisa, era só mais um jogo e o gajo tinha duas pernas como eu. “Toma lá o cachecol, que galhardetes não temos”. Aperto de mão firme e“põe-te a pau, porque se quiseres ganhar aqui, tens que suar as estopinhas” Mas só me saiu um: “Obrigado por terem vindo, é uma honra, aceita esta lembrança.” “Valeu!”,Respondeu ele.
A bola já não sei se saiu nossa ou deles. Sei que percebi finalmente como se sentem as equipas que defrontam o Benfica. Percebi que há uma qualquer força mística que os eleva, os agiganta. Percebi que o Benfica tem de ser melhor que os seus adversários e ainda melhor do que o melhor que os seus adversários conseguem ser. Porque contra o Benfica é isso que eles vão sempre apresentar: o seu melhor! (Isto às tantas está confuso, não?!) E foi isso que se passou connosco.
Assim, a meio do jogo, o grande Eléctrico empatava com o SLB 1-1. Importa aqui referir que o nosso golo foi qualquer coisa de abissal. Não é exagero. Quem nos defronta habitualmente já sabe que temos jogadores que fazem a diferença. Nós estávamos naturalmente avisados para os Dieces, Davis ou Césares Paulos desta vida, mas eles não conheciam os nossos humildes craques. Vai daí, (vai daí fica bem aqui, parece-me), o Paulinho, na cobrança de um livre à entrada da área, perante uma cerrada barreira à qual se juntava Marcão (o guarda-redes) faz a bola (não me perguntem como, seria incapaz de reproduzir o gesto, explicar fisicamente o fenómeno ou pintá-lo em palavras), sobrevoar a barreira, embater suavemente na trave junto ao ângulo e ultrapassar pacificamente a linha de golo. O pavilhão exultou como nunca, vivia-se o momento mais alto da história da modalidade no clube e na cidade. Benfiquistas e outros, todos do Eléctrico, comemoravam como se de um golo do Benfica na final da Champions se tratasse.
Depois o Paulo Fernandes pediu um minuto de desconto, não voltou a jogar com juniores e o Benfica cumpriu a sua obrigação, vencendo, com assinalável dificuldade, mas com inteira justiça, por 4-1.
Tínhamos cumprido um sonho, cumprimentávamos agora, com naturalidade conquistada, alguns dos melhores praticantes do mundo da modalidade. Sentíamos que tínhamos mostrado qualquer coisa de positivo. Eles, simpaticamente, iam-nos felicitando pela boa réplica e nós, orgulhosos, bebíamos os aplausos do nosso público, também orgulhoso. O Benfica visitou-nos, bafejou-nos com a sua magia e colocou-nos num pedestal sem que déssemos por nada. Foi bonito! A todos ia repetindo, enquanto lhes apertava a mão: “Epah, este ano é para sermos campeões!”

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Sobre a ideia extravagante e certeira de apoiar o Benfica de qualquer forma possível

O problema ocidental está no politicamente correcto. Tudo é político e tudo é quase sempre correcto. Só há dois extremos: ou o bípede exalta-se a tal ponto que acaba em cuecas na jaula (não é essa) de Alcântara, entre putas, bêbados e brasileiros que ainda não descobriram se são homens ou meninas bonitas nas noites de Belém ou então serve-se da gravata que usa no escritório que o faz assemelhar-se quase a um humano e torna-se político. Prefiro o primeiro exemplo, mas também acho muita graça ao segundo. 

Isto porque a casota do Manelito não tem tabaco. Nem o Manelito nem as outras todas. Que raio de casotas são estas que nem tabaco têm? Podem vir os americanos comprar o país, é isso? Não se entende. Um gajo sai do jogo, vai beber um copo e acaba perdido sem cigarros que fumem as vitórias do Benfica. Felizmente, no meu caso, houve Diego, um ser extremamente dado, que passou a noite a distribuir cancro pela humanidade que se concentrava toda em redor do Estádio da Luz. Há mais disto: Diego tem a bonomia dos que pressentem a vontade dos outros e dá sem ser pedido. Isto vale muito nos dias que correm. Ao 5º cigarro que Diego ofereceu, apeteceu-me comprar-lhe uma pedra do Benfica. Daquelas com direito a eternidade em frente ao Estádio e tudo. Mas depois lembrei-me de que a pedra custa quase tanto como o iate do Vale e Azevedo e deixei-me de coisas. Na próxima, ofereço-lhe um maço e ficamos assim, porque a simpatia deve sempre ser reposta com juros. 

E depois há os que vêem o Benfica e a vida como algum concurso-maratona-conta bancária que acham que toda a gente tem o prazer de viver o Benfica da mesma forma. Não tem. Se chega pão e ervilhas a algumas casas, é bom e deve ser preservado. Assim como o benfiquismo. Pode parecer estranho a alguns cérebros demasiado ovais mas o Benfica nasceu sem viscondes nem caga-tacos que ostentassem os galões de marquise na lapela. O Benfica nasceu de gente simples e assim continuou. Construiu-se por dentro, às vezes comendo a paixão em detrimento da carne que sempre esteve muito cara. É por isso fundamental que nunca cheguemos ao lugar da soberba e desprezo pelas necessidades dos outros. Antes, e assim é que é bonito, devemos ir ao encontro dos que querem, dos que precisam, dos que comem Benfica ao pequeno-almoço e o bebem à noite como instinto de sobrevivência. 

O que se pretende, portanto, e sem mais delongas nem milongas, é que toda a gente do Benfica tenha direito a ver o autocarro cheio de estrelas e lhe possa prestar vassalagem. Com dois euros no bolso, se for preciso. Porque para cantar pelo Benfica ainda ninguém se lembrou de pedir taxa. Que assim continue.



quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

MOVIMENTO "APOIAMOS (POR) FORA" CONTRA A CHULICE DOS BILHETES

Antes de copiar para aqui o texto que passei no SerBenfiquista, quero pedir a todos os adeptos e sócios do Benfica que se juntem a esta ideia. Passem nos vossos blogues este texto, tentem ir connosco já no próximo fim-de-semana e falem disto ao maior número de pessoas. O que se está a passar no futebol português é uma vergonha para as pessoas que querem apenas ver futebol e estão a ser exploradas por serem de um determinado clube, ainda por cima o mais popular de todos - com a agravante da falta de verdade desportiva que decorre de uma escolha incompreensível por parte de um Presidente de um clube. Desde já agradeço e espero que se juntem à romaria já daqui a uns dias:

«Benfiquistas, parece-me consensual entre nós a ideia de que a pouca vergonha dos bilhetes a preço de ricos tem de acabar. Mais ainda quando a diferença para os jogos entre os clubes e o Benfica e os mesmos clubes e todos os outros é tão abissal. Muito se fala, muito se discute, muito se vocifera. O problema estava em juntar o útil ao ideal: não deixar a equipa sem apoio ao mesmo tempo que não patrocinávamos os chulos dos Presidentes dos clubes pequenos, muitas vezes apoiados por corruptos - veja-se o exemplo do próximo jogo frente ao Feirense, em que o Presidente desse clube decidiu, por livre e espontânea vontade, abdicar de um estádio de Aveiro com capacidade para 30.000 pessoas em detrimento do campo de batatas que tem em Santa Maria da Feira. Isto enquanto Porto e Sporting jogaram num estádio e num relvado com medidas semelhantes aos maiores do país - em Aveiro.

Ora, hoje o Éter, do Céu Encarnado (www.ceuencarnado.blogspot.com), escreveu um texto que, embora o tivesse escrito em tons de paródia, serviu para que a ideia germinasse. Deixo aqui para que fiquem a par do que se fala:

"As gentes começam a juntar-se nas imediações do estádio por volta das 15h. Abrem-se as malas dos carros: há leitão, há cabrito, há tachos de arroz, há batatas fritas de pacote, há sacos enormes de pão, há azeitonas, há queijo, há grades de cerveja a perder de vista, há garrafões de vinho. Há cachecóis e bandeiras do Benfica. As gentes comem e convivem. Já são quase 18h. Assam-se umas chouriças ao ar livre. Mais pão. Mais azeitonas. Alguém pergunta pelo leitão. Já foi todo. E o cabrito também. Mais cerveja. Mais vinho. Mais convívio e mais Benfica. Já são quase 20h. As gentes guardam os despojos do banquete novamente nas malas dos carros e encaminham-se para o Marcolino de Castro. É um mar de gente. Aquele estádio minúsculo nunca na vida poderá albergar tamanha multidão. Mas as gentes não entram. Centenas e centenas de aparelhos de rádio são ligados. As gentes cantam pelo Benfica e aplaudem. O barulho é ensurdecedor. Lá dentro, os vinte e sete sócios do Feirense também aplaudem a sua equipa. Os jogadores do Benfica não vêem ninguém de encarnado nas bancadas mas sentem-se como se estivessem perante 65 mil almas na Luz. Sim, o barulho é realmente ensurdecedor. Cá fora canta-se o hino do Benfica a plenos pulmões e vozes entarameladas pela cerveja e pelo vinho. Os jogadores arrepiam-se. Um funcionário do Clube Desportivo Feirense dirige-se à turba e, hesitante, a medo, pergunta: "Mas... Não vão entrar?" A família benfiquista ignora o homenzinho, prossegue com os cânticos de apoio e, algures, um cartaz é erguido: "Vão roubar para a puta que vos pariu".

Meus caros, isto é possível. Para Santa Maria da Feira haverá uma primeira romaria como forma de divulgação, embora os bilhetes estejam já esgotados. Sim, estão a ler bem: vamos a Santa Maria da Feira apoiar o Benfica fora do estádio, aproveitando o momento para lançar o que se seguirá em todas as próximas deslocações que o Benfica fará até final da época. A ideia é simples: temos 3 semanas para divulgar no maior número de sites, blogues, fóruns, o que seja, a iniciativa e fazê-la crescer ao ponto de, na deslocação a Coimbra, já termos alguns objectivos cumpridos:

- pressão sobre os responsáveis dos clubes que nos receberão até final;
- um número massivo de gente disposta a dirigir-se às respectivas cidades para autênticas romarias populares e de benfiquismo;
- a atenção dos media;
- a atenção de todos os benfiquistas que, não andando pela internet, não estão a par do movimento.

Com isto, queremos o quê? Para já, pressionar, obviamente. Para além disso, uma energia benfiquista que se espalhará por todo o país a apoiar o Benfica fora do estádio. Milhares de pessoas a cantar o jogo inteiro, confraternização - no fundo, os adeptos a escreverem Benfica da forma mais justa e honrada que conhecemos.

É lógico que haverá sempre quem prefira ir ver o jogo dentro do Estádio - nada contra, menos ainda se o preço dos bilhetes descer consideravelmente. Mas, para quem acha um abuso e não pode pagar o que estes caciques de clubes-satélite do Papa vergonhosa e despudoradamente exigem, terá o seu espaço de escolha e afirmação de benfiquismo, junto aos recintos onde o Benfica jogará.

Façamos disto um movimento popular mítico. Um acontecimento que serve como recusa do futebol corrompido e podre que temos ao mesmo tempo que afirmamos o benfiquismo por todo este país.

Divulguem por todo o lado esta mensagem. Espalhemos a palavra. Se formos muitos, mesmo fora dos recintos (e especialmente destas caixas de fósforo, estilo Marcolino em Santa Maria da Feira) não haverá jogo em que os nossos não nos ouvirão os 90 minutos.

Vamos honrar a nossa História. VIVA O BENFICA!»


E, a partir de hoje, quem quiser ir apoiar por fora o Benfica, é juntar os esforços todos no mesmo sítio. Aqui:

www.apoiamosporfora.blogspot.com

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

E se Rodrigo fossem dois?

A 4 jogos (3 deles fora - todos, por razões diferentes, de dificuldade média-alta) de receber o Porto na Luz e de reiniciar a campanha na Champions, o Benfica debate-se com alguns dilemas do ponto de vista estratégico. Deixo de lado, porque essa é outra discussão, o assunto Emerson e a imperiosa necessidade de ir ao mercado de Janeiro como forma de evitar surpresas desagradáveis - ficará para outras núpcias. Importa-me aqui reflectir sobre a abordagem em termos tácticos que Jesus usará para chegar - como queremos e devemos - ao clássico em vantagem pontual. O mesmo é dizer: como abordar estes 4 jogos para que deles saiamos com 12 pontos?

Na Luz, está mais do que visto: aproximação ao 442 do ano passado, com um médio defensivo, outro de construção, dois jogadores nas alas e dois avançados. A diferença mais óbvia entre a equipa deste ano para a caótica equipa do ano passado passa pelo movimento dos alas: não tão amarrados à ideia de ganhar profundidade, antes em movimentações para o interior, participando mais na construção. Em teoria, resulta. Principalmente, com equipas mais frágeis e de organização débil: Rio Ave e Setúbal foram bons exemplos de adversários que, na Luz, podem ser encarados desta forma. 

Já quando nos aparece uma equipa a controlar com qualidade tanto a nossa saída de bola como os homens responsáveis pelo "esticar" do jogo a meio-campo (o Gil foi um bom exemplo), parece-me uma estratégia que sofre de alguns dos males da época passada: uma saída sem soluções, lenta a mastigar o jogo entre os centrais e os laterais, pouco clarividente na forma como deve sair da pressão adversária e ficando com os alas demasiado distantes para oferecem soluções ao portador. Isto porque Javi vive essencialmente naquele espaço em frente aos defesas (baixando aquando da saída de bola), deixando Witsel numa ilha em que, não raras vezes, sobrevive sozinho num diâmetro de 20 metros, ficando logo à partida condicionado e forçado a uma circulação que não promove a progressão em combinações com os avançados e, especialmente, com os alas. A equipa asfixia e tem de recuar. 

A isto junte-se-lhe a enorme incapacidade de Emerson em largar o seu cubículo no relvado (porque não sabe mais) e um Maxi que, logo na saída de bola, procura muitas vezes o desequilíbrio em profundidade, e temos um jogo mastigado, lento e previsível que pode prolongar-se minutos a mais para aquela que deve ser a atitude do Benfica: entrar para marcar o mais cedo possível e depois, então, controlar o ritmo e a intensidade dos encontros.

O dilema, portanto, existe e é compreensível que Jesus hesite entre querer dois avançados na frente e a busca por um meio-campo que privilegie a circulação e progressão mais eficaz. Por mim, se não houvesse Rodrigo, optaria por um 433, só com Cardozo na frente, entregando as alas a Nolito e César e o miolo a Javi, Witsel e Aimar. A equipa não só se torna muito mais equilibrada como, podendo parecer paradoxal, atinge uma imprevisibilidade para os adversários que, com dois homens mais adiantados, não consegue. A razão disto é óbvia: em 433 promove melhor a qualidade e inteligência dos jogadores que tem, favorece as combinações rápidas e as desmarcações, no espaço lateral ou em movimentos interiores, surgem naturalmente. Porque há mais cérebro. Há Witsel que, ao contrário de quando jogamos em 442, tem ali por perto Aimar e não a 30 metros de distância. Tem os alas mais aptos e disponíveis a diagonais e a uma maior circulação entre eles, porque há mais gente e mais competente a compensar as movimentações uns dos outros. A equipa, no fundo, joga toda mais compacta num primeiro momento para depois soltar-se e desenvolver o jogo sem ficar presa a um único plano de saída. 

Mas há Rodrigo e um Rodrigo num crescendo de forma que tem de ser aproveitado. Pelo talento que tem, pelo jogador que hoje é e não era há meses atrás, pelo entendimento do jogo que começa a ter. E, claro, pelo rasgo. O potencial de desequilíbrio que Rodrigo traz ao jogo "obriga" Jesus a uma possível nova abordagem ao sistema de jogo, embora mantendo no essencial as características que a equipa desenvolve quando em 433. Chamemos-lhe um híbrido: jogar com Rodrigo numa ala, após a perda e, em posse, soltá-lo para mais perto de Cardozo. Um contínuo balancear entre alargar em 442 ofensivo - com Witsel a procurar espaços mais próximos de Maxi - ou condensar defensivamente em 433, juntando-se o belga a Javi e baixando Rodrigo para perto do uruguaio. 

Feirense, Vitória e Académica, fora; Nacional, em casa. Tudo jogos em que este híbrido poderia fazer sentido, numa busca pela segurança e simultaneamente maior capacidade de gerar situações de golo. Os adversários são perfeitos: são organizados mas não têm, do ponto de vista da reacção e intensidade no momento da recuperação, tanta qualidade que nos fizesse temer jogar com Rodrigo numa ala em momento defensivo. 
 
Faça Jesus o que fizer, o que devemos ou queremos pedir é simples: não voltar a jogar com a equipa tão distante e pouco apta a gerir a construção de jogo, como neste último jogo se viu. Se, na cabeça do treinador do Benfica, só vivem duas formas de encarar os desafios, então pedimos aqui encarecidamente que opte pelo 433. É que, se é para jogar com Gaitán e Emerson (valha-nos deus!), há que ter gente inteligente no miolo a compensar as desmioladas e consecutivas acções do nosso Maradona dos Moinhos da Funcheira. Há que ter Pablito com a bola no pé.



Domingos Paciência, o Artur Jorge dos lagartos

Não podia deixar de dar os Parabéns ao Sporting por mais esta brilhante prestação. Um ponto conquistado com muito suor e muita sorte que, neste momento, garantem ao clube uma almofada confortável em relação ao Vitória na luta pelo 5º lugar e consequente apuramento para a Liga Europa do próximo ano. 

Excelente Domingos em ano de estreia. E até se agiganta, na ambição desmedida, quando aborda os dois principais clubes do futebol nacional: "o objectivo, como foi expresso no início do ano, era competir com os DOIS GRANDES". A continuar assim, metódico, organizado, competente, corajoso, ambicioso, valente, não duvidamos de uma possível chegada ao 4º lugar na próxima época. 

Já para Sérgio Conceição, treinador da Olhanense - equipa que está a menos pontos (11) do Sporting que o Sporting da liderança (13), logo adversário a ter em conta pelos leões -, a equipa algarvia, tendo em conta o desenrolar da partida, "acabou por perder dois pontos". Uma análise lúcida que tem alicerce no facto de ter sido Rui Patrício, o guardião do Sporting, de longe o melhor em campo, roubando 3 ou 4 golos feitos. Promete a luta nos lugares do meio da tabela.

Só apontamos um defeito a Paciência: a falta dela para com os árbitros. Ele que conhece os homens do apito e os padrecas todos desde que andava em sprints atrás deles pelos relvados deste país. Chora agora, Mingos, Chora.


  

Enfim, já não há como negá-lo: o Sporting está definitivamente de volta. 


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

É sempre a prejudicar o Sporting Glee de Portugal!

Têm razão os adeptos do Sporting Glee de Portugal: não fossem as arbitragens profundamente prejudiciais e nesta altura já estariam aí no terceiro lugar. Uma vergonha. Veja-se este lance como óbvio exemplo, logo aos 35 minutos da primeira jornada, frente ao Olhanense:



O público, extremamente conhecedor das leis do jogo e de todas as personagens do "Glee", vociferou, naturalmente. Amarelo? Num lance tão insípido, tão pueril? Não se faz, de facto. Como são diferentes, não chamaram nomes ao árbitro, mas soltaram aquele sinal de discórdia: "apre, que já tenho a melena desarranjada!". E depois foram todos para casa ver o My Fair Lady.

Foi o que se pode chamar um belíssimo jogo de merda

Tem razão Jesus em promover a competitividade no campeonato: como o Benfica andava a fazer bons jogos só com 10, ontem decidiu jogar só com 9 para ver no que dava. Mas depois assustou-se com jogo tão horrível e lá voltou a equilibrar: tirou Gaitán, meteu Aimar. Voltámos a jogar só com menos um jogador. Há que dar mérito a quem o tem: o próprio Gaitán. Normalmente faz muita merda mas ontem conseguiu esmerar-se a um ponto que até o seu fã número 1 foi obrigado a tirá-lo de campo. Há quem diga que, no final, houve miminhos mas não gosto de falar na vida sexual dos outros.

Não tenho nada a dizer sobre o jogo. Foi uma bela merda e é só. A jogarmos assim em Coimbra e Guimarães (e são seguidas), largamos o poiso da liderança. Convém jogar com 10. Pelo menos com 10. Mas se viesse um lateral-esquerdo, então, seria tudo bem mais bonito. Mas, vá, comecemos por aqui: jogar com 10. Ok, Jesus?
 
PS - Hoje saí de casa e pisei inadvertidamente a peruca do António Maia. Uma chatice porque os sapatos eram novos. O cheiro ficou entranhado e tive de ir a casa mudá-los. Aproveitei que estava perto da minha sanita e caguei dois Antónios Maias, daqueles verde-escuro típicos de um dia depois de uma noite a mamar copos. Adoro cagar Antónios Maias.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Vizinhos e quejandos

Não sei o que é mas não estou a gostar deste dia. Começou ao contrário, às avessas. Os gajos de cima andam aos saltos a ouvir Shakira há quase duas horas, gritos histéricos, saltos, risinhos de felicidade. É possível ser feliz com Shakira? Piqué tem a palavra. As vozes são de Sims, quando os bonecos dançam e cantam. E eu desconfio sempre de quem parece um Sim. Não tarda nada começam a chorar porque não tomam banho há 3 dias e o lixo amontoa-se na cozinha.

O meu problema com isto é que preciso de paz. Preciso de pensar o Benfica. Nada de muito filosófico, só aquele refazer o 11 na cabeça, preparar os filhos que não tenho para irem ao estádio, sonhar com uma bifana no Manelito. Coisas simples e práticas que a ouvir o histérico do Robbie Williams não dá. 
 
Estou com medo deste jogo. 



sábado, 21 de janeiro de 2012

Qualidades, medos e uma grande esperança



Qualidades. A fome de vitórias que a equipa demonstra. O faro goleador de vários jogadores. O público cada vez mais numa onda vermelha. Discurso mais coerente de Jesus. O silêncio de Vieira. Witsel numa forma tremenda. Aimar. Cardozo e a irritante mania de abanar as redes. Nolito e a imprevisibilidade. Javi cada vez mais patrão. Luisão. Garay. Rei Artur. O crescimento notável de Rodrigo. Saviola. O génio de Gaitán. A torrente de locomotiva de Maxi. O que pode trazer Enzo Pérez. Um balneário sem imagens extremistas. O amor dos benfiquistas.






Medos. Calendário mais favorável ao Porto até ao jogo do título. Os árbitros, sempre os árbitros, e a sua tendência para as vénias ao Papa. Um Presidente da Liga que pode decidir não baixar nenhuma equipa e a adulteração da verdade desportiva que esse facto trará. Lesões em catadupa. Emerson. A inconstância/falta de profissionalismo de Gaitán. Os erros de Maxi. O que pode trazer Enzo Pérez. Não reforçar as laterais em Janeiro. Jesus voltar ao discurso imbecil. Vieira voltar a abrir a boca. O ódio dos anti-benfiquistas.




Esperança. Djaniny. Temos craque. 


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O meu Dakar futebolístico - I - Peru

O Peru é uma manta de retalhos a lã de alpaca. Puno, Cuzco, Apurimac, Ayacucho, Arequipa, Moquegua, Tacna - tudo nomes que remetem os sentidos para a ancestralidade indígena e sabedoria sem sábios científicos. Muito antes de existirem laboratórios ocidentalizados à descoberta de técnicas, saberes, tecnologias ou desmames oraculares já os incas debitavam em Quechua ou Aimará revelações transcendentes sobre o mundo moderno - sim, este onde hoje temos o prazer de sentar a nossa existência. 

Alguém, um dia, avisou o mundo da descoberta de Machu Picchu e fez uma festa muito colorida, com champanhe francês e tudo, sobre a prodigiosa aventura do encontro. O que não ficou escrito em acta planetária - e devia - foi que Machu Picchu, assim como todas as terras e baldios peruanos, estava já descoberto há muito tempo. Problemas de comunicação, talvez, visto que os Incas, mais preocupados em criar monumentais fontes e túneis de regadio e socalcos de plantação de onde pudessem tirar a barriguinha de misérias, se esqueceram inexplicavelmente de criar a internet sem fios. 

Um ponto a menos para os Incas, embora não estejamos ainda certos de que essa fosse a prioritária e evidente necessidade por aquelas alturas. Entre lamas e ar rarefeito, repenicando anãs de cabelos brilhantes e a adoração aos deuses, subjaz ainda assim, como templo antigo debaixo das pedras de catedrais espanholas, o império cerebral de um povo que, à falta de twitter e facebook, fez pela vida e inventou, sem termómetro nem microscópio, a temperatura e a lupa da ciência moderna. Incas - 1, Balão de Erlenmeyer - 0.

A primeira vez que vi o Peru, estava no meio de uma ilha do Lago Titikaka. Pareceu-me aceitável, embora esperasse mais. Tinha terra, árvores, pássaros e pessoas - nada que não tivesse visto já na televisão, sinceramente. Achei até um pouco mundano, quase pedestre. Mas deixei-me ficar a beber o vinho chileno enquanto sol e lua, em gestos opostos, apareciam aos meus olhos. Não sei se foi da graduação do líquido, se dos lábios ressequidos pela fermentação de humidade, mas a certa altura achei o Peru bonito, embora estivesse na Bolívia. Sempre tive este problema de achar que o peru da vizinha era mais bonito que o meu - uma insatisfação galopante que clinicamente fui tratando com formas de adulterar a sobriedade. E hoje sou um homem quase feliz - sim, tenho noção do pecado.

Podia perder-me aqui em episódios sobre o meu Dakar (essa cidade profundamente sul-americana!) por terras peruanas, todos entre o desvario indígena e o conhecimento do sublime, mas opto meticulosamente apenas por um para não maçar muito a audiência - é suficiente um Paulo Coelho neste mundo, não há necessidade de aniquilarmos já a existência: o dia em que o futebol me salvou de um tiro nas costeletas.

E foi mais ou menos assim: estávamos, eu e a minha companhia, em Tacna, cidade peruana fronteiriça com o Chile. Noite bem regada a vodka, vinho e papoilas, chovia do céu aquele longo véu das noites tranquilas e a brasileira que me acompanhava saiu de um bar a querer beijar as poças de água que se formavam no chão. Estava decididamente na altura de ir tentar encontrar a pensão -3 estrelas onde tínhamos uma cama, meio-lavatório e um peruano mal parido na recepção à nossa espera. O problema colocava-se da seguinte maneira: onde é que estávamos?, assim, de forma simples e delicada. Não sabíamos bem. Mas sabíamos que estávamos em Tacna, isso sabíamos - menos mal, portanto. 

Como homem (e deixemos de lado a questão de a minha companhia por esta altura estar a imitar o Rossi com os joelhos), competia-me a função de mapear a cidade, encontrar-lhe referências, reconhecer-lhe direcções. A custo, muito a custo, tacteei o solo, ouvi-lhe as entranhas de Quechua e segui orgulhoso por uma fronteira de ruelas em direcção ao sol poente - que nunca morre. Como é evidente nestas coisas da divindade, os seres supremos enganaram-me e acabei perdido num esconso beco com vista para as estrelas. Voltei atrás, enquanto carregava um peso morto pelos braços, mas era demasiado tarde: o Agustín tinha encontrado os seus turistas da noite. 

Vejamos: numa sociedade pobre, o parvo turista serve perfeitamente os intentos da economia nacional, não comecemos agora um longo trajecto em dissertações pueris acerca da criminalidade e do diz-que-disse e do "ali tenho medo" que isso é coisa para ficar contabilizada nas prateleiras dos imbecilóides. Agustín encontrou-nos e é só - foi mais esperto, o que, não menosprezando a sageza real do peruano, não era de modo nenhum tão difícil assim, visto que, segundos antes de Agustín ter encontrado a sua presa, a brasileira que me acompanhava (e eu também, mas isso não interessa para a novela) cantava a 10 gargantas músicas esquecidas de Vinicius de Moraes. Ora, se há coisa que o Agustín nunca gostou foi dos anos em que Vinicius fez parceria com Toquinho. Tivéssemos cantado Vinicius pré-Toquinho e muito provavelmente Agustín ter-nos-ia dado rédea solta para nos perdermos por mais umas horas na bela cidade triste de Tacna. Não foi o caso: o peruano num gesto rápido e solto amarrou uma arma à costela deste que vos fala e disse: "y ahora, cabrón?", bonitas palavras que mereceram resposta à altura da brasileira: "cabrón é o caralho!". Isto comigo e uma pistola no meio, ressalve-se. 

As mulheres não são a coisinha mais bonita que há neste mundo? Então não são? Um gajo com um peruano alucinado ao lado, uma arma a querer pulular e a nossa companheira bêbada aos insultos ao agressor. Isto de ser homem às vezes é um bocadinho chato. À esquerda, uma bezana cantava e insultava o peruano, enquanto batia com os dentes na lama, à direita um Agustín bebâdo com uma arma na minha barriga. É nestes momentos que nos perguntamos: "não há foto? Quero meter no facebook". Não havia. E foi aí que começou a minha longa dissertação de sobrevivência: falei de bola. Que mais havia de falar em situação tão delicada? Falei tudo o que me vinha à cabeça, numa demência tal que cheguei a sentir os meus três companheiros - conte-se a arma nisto, que é de notável importância - pasmados a ouvir-me, quase sóbrios. 

O problema foi - e isto confidenciou-me o cérebro depois - que, de futebol peruano, eu conhecia pouca coisa, quase nada. Mas ninguém diria, se ouvisse o meu discurso eloquente naqueles minutos em que passeávamos por Tacna, alegre e extremamente mijadinhos da silva. Acho que houve Cubillas (claro), Alianza Lima e não sei, não tenho a certeza, mas acho que cheguei a vociferar qualquer coisa como: "Y Vargas Llosa?, que delantero!". O certo - e não me perguntem como nem porquê - é que de repente estávamos, eu, a brasileira, o peruano e a arma, em farta cavaqueira com o Agustín a levar-nos muito simpaticamente até ao nosso ninho de ratos. 

E explicar isto, nesta noite em que as estrelas são as mesmas (exceptuando uma que decidiu ir morar noutra galáxia, por causa da crise) que nos viram em Tacna, há quatro anos atrás? Digam lá que o futebol não é bonito.


Golos e Assistências - 30 jogos oficiais (21v, 8e, 1d)


  Golos      

Cardozo - 17      
Nolito - 11      
Rodrigo - 9      
Bruno César - 7      
Saviola - 5      
Witsel - 4      
Gaitán - 2      
Luisão - 2      
Aimar - 2      
Javi Garcia - 1      
Garay - 1      
Matic - 1      
N. Oliveira - 1     



Assistências
 
Gaitán - 10
Aimar - 7
Nolito - 4
B. César - 3
M. Pereira - 3
Witsel - 3
Rodrigo - 3
Saviola - 3
Cardozo - 2
R. Amorim - 2
Luisão - 1


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Mas que grande cagada (mais valia ter visto o titi-kaka)

Informação fundamental ao leitor abnegado que aqui vem: decidi ver o jogo do Benfica em vez do clássico espanhol. Parece lógico e é, embora desconfie de que muito benfiquista hoje decidiu deixar a Taça da Liga para segundo plano. À minha maneira, fi-lo também: não fui ao estádio. Mas, no conforto do lar, não pude abandonar o coração. Nada me move contra os que preferiram ver o jogo de Madrid. Só vos peço um favor: consegui até agora, num esforço tremendo, não saber quanto ficou o Real-Barça. Não me estraguem a coisa, que daqui a meia-hora vai repetir.

Sobre o jogo, uma grande caca. Mau, mauzinho, frouxo, pouco, muito pouco, quase nada. O Gaitán continua a sua saga de desrespeito não só pelo próprio talento que tem mas principalmente pelos adeptos - aquilo que ele faz em campo, aquela constante displicência, dormência, falta de vontade devia dar jogos a fio sentado no banco de suplentes. Aliás, após mais uma magistral lição do Professor Nolito (que joga e ensina a jogar), será interessante verificar se os favoritismos de Jesus vão continuar ou se teremos definitivamente os melhores em campo. Por falar nisso, Capdevila lá jogou. Mesmo sem ritmo nenhum de jogo, desprezado a um nível absurdo, mostrou por que razão vale bem mais do que quem joga no seu lugar. A mim mostrou, pelo menos. Admito que haja quem continue a saga da defesa de Emerson até ao fim. Tão absurdo, tudo isto.

O jovem Almeida parece ter algum potencial mas ainda está muito aquém do exigido. Se perdemos Amorim por este ficámos claramente a perder. Uma ida ao mercado contratar Salino seria uma jogada de mestre. Um jogador perfeito para o que o plantel precisa: polivalência, constância e qualidade inegável. Depois só faltaria o lateral-esquerdo. Sim, ainda acredito.

Os avançados estiveram bem. Tanto Saviola quanto Oliveira em bom plano. O primeiro excelente a procurar espaços (menos bem na disputa física, onde nunca foi forte mas que actualmente assusta de tão frágil), o segundo na recepção pelo ar, fazer jogar, aparecer. Primeiro golo do Nélson pelo Benfica. Parabéns, puto.

Agora venha a Liga e o estádio cheio, que este jogo deprimiu-me um bocadinho. O Gaitán devia ir a casa do Nolito ouvi-lo contar-lhe histórias sobre quando andou nas obras e a sua vida até chegar ao Barcelona. Podia ser que ganhasse um coração e mais dignidade.

Tiki-taka quando se tem chuta-chuta?

4 portugueses no onze (Eduardo, M. Vítor, A. Almeida e Oliveira), Capdevila a titular, Matic numa posição mais condizente com as suas características e Saviola junto ao nosso avançado de formação na frente de ataque - e vocês querem substituir isto pelo Real - Barcelona? 

Bem o Jesus na escolha do onze. Mal o Santa Clara a mudar o símbolo que tinha roubado.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Bluff ou suicídio?

"Neste momento não estamos a pensar em entradas", diz Jesus hoje aos jornalistas mas especialmente aos adeptos do clube. 

Pelo bem superior que são os interesses do Sport Lisboa e Benfica espero que o nosso técnico esteja a fintar a concorrência com estas declarações e que haja gente dentro do clube 24 horas por dia em busca de uma solução para a lateral-esquerda. É certo que o facto de já terem passado 17 dias desde que o mercado reabriu e o problema Emerson estar identificado há 5 meses não adivinha um futuro brilhante mas eu, que tenho esta tendência para o sonho, até dia 31 de Janeiro vou esperar ansiosamente por novidades que favoreçam o sonho maior que é o de ser campeão nacional e chegar o mais longe possível na Champions League. Com Emerson, sejamos muito sinceros, só por incompetência dos adversários atingiremos esses patamares.

Quem lê este blogue, sabe da minha incredulidade em relação a muita coisa que se faz actualmente no clube. Desde incompreensíveis apoios a agentes nefastos a uma competição saudável, passando por uma comunicação distorcida e adulterada aos adeptos, há várias acções desta Direcção que me desagradam. Mas convém ser justo: desde que Rui Costa abandonou os relvados e, em sintonia com outros (menos competentes), tomou conta do futebol do Benfica, houve uma melhoria clara nas tomadas de decisão, no planeamento da época, na qualidade das contratações e na identificação das lacunas do plantel. Houve erros, claro, alguns básicos e óbvios - desde logo os autocarros de jogadores que nem sequer chegam a vestir a camisola em jogos oficiais ou, se o fazem, nem tempo têm de mostrar serviço (Mora será só mais um que, emprestado ao lugar de origem, nunca mais calça chuteiras benfiquistas) ou como os do ano passado, especialmente na aposta em manter Roberto como guarda-redes do Benfica e a venda de David Luiz - duas acções incompetentes que favoreceram a época deprimente que acabou por ser a de 2010/2011. 

Nem tudo foi perfeito, longe disso, mas há que assumir uma maior competência no futebol do clube e nos resultados conseguidos. O que, neste momento, falta para que a hegemonia nacional e a competitividade constante nas competições europeias sejam uma realidade é aquele golpe de asa de saber emendar erros, ao invés de manter teimosamente apostas que se sabem erradas e prejudiciais à equipa e aos objectivos futuros. Nesse sentido, é imperioso que, no Benfica, haja a consciência de que, numa equipa de grandes jogadores e num plantel rico de várias e diferentes soluções, não pode coabitar um elemento como Emerson. Não pode. Não só por aquilo que (não) faz individualmente mas também pela mensagem que emite para todos os que com ele partilham o campo e o jogo. Um jogador medíocre no seio de uma grande equipa é um cancro que tende a alastrar-se e a torná-la paulatinamente mais fraca. Pela tomada de decisão, pela indecisão, pelo momento do passe, pela dúvida, pelo desequilíbrio que gera. 

É, por isso, fundamental extirpá-lo antes que nos vejamos de calças na mão, com eliminatórias perdidas e pontos desbaratados na Liga nacional. Já é muito tarde. Tardíssimo. Mas ainda vamos a tempo.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Rui Gomes da Silva sabe quem é Cosme Damião?

Já não me mantinha a ver o "Jogo Seguinte" mais do que cinco minutos há anos a fio. Neste momento estou há 20 e tal minutos a assistir a esta espécie de programa e fico estupefacto como é que algum adepto do Benfica, com mais do que um neurónio, pode observar isto e não perceber a corja que nos dirige. 

Em termos simples: há um comentador que é Vice-Presidente do Benfica. Vou repetir: há um comentador que é Vice-Presidente do Benfica, além de, e foi ele que o repetiu orgulhosamente ainda agora, accionista do Estádio, da Benfica Sad, da roulotte Manelito, da estátua do Eusébio e até do barrete de campino do famoso adepto que num topo enverga um pano de bandeira de um Benfica de outros tempos gloriosos. 

Este Vice-Presidente - que é comentador num programa de merda como este, não percamos o foco - vai para a televisão abrir a boca sobre questões internas do clube como se estivesse numa mesa de reuniões no Estádio da Luz. Este bronco - que tem um nome: Rui Gomes da Silva -, de tão inchado que anda por ter saído da penumbra do anonimato das berças onde nasceu para chegar ao orgulho máximo de andar a levar na tromba de Super Dragões, ainda a semana passada confirmou em directo a contratação do Djaniny, assim, de forma simples, tu cá tu lá - só estavam a ver uns milhões de bípedes, nada de especial, portanto. 

Numa das desbocadas aparições passadas - eu não vejo muito isto e sempre que vejo o homem desboca-se, imagino as que eu desconheço -, Rui Gomes da Silva (administrador da Benfica SAD e Vice-Presidente do Benfica, reforço a ideia) afirmou que discordava a toda a linha de uma negociação com a Olivedesportos. Hoje, nestes 20 minutos que vi, questionado sobre qual a posição que defende, gaguejou, olhou para baixo, iniciou aquele discurso típico de gajos da Assembleia da República e de engravatados que vão semanalmente comer à Trindade (fui lá empregado, conheço a peça): "vamos ver uma coisa..." e acabou a advogar a ideia de que "o Presidente é que está a tomar conta dessa pasta". Não sei se estão a ver bem a coisa.

Outro momento dos vinte minutos que perdi a ver este escroto de programa, mas que tem um jornalista que é do melhorzinho que há em todo o jornalismo desportivo: à pergunta "Se o Benfica defendeu sempre a ideia que António Oliveira corroborou há uma semana atrás, qual a razão para o silêncio após as declarações do ex-seleccionador por parte dos dirigentes benfiquistas?" Rui Gomes da Silva bolsou, cagou a fralda e fez um sorriso de político que é, no fundo, o sorriso dos extraordinários mentirosos e hipócritas de que este país está repleto. 

Ter gente desta no Benfica causa-me asco.  

Na crista da onda até quando quisermos

Enquanto o nosso grande humor continua a sua epopeia circense pelos campos de futebol - e se temos tido iguarias mil a alegrarem os nossos serões invernais: relva pintada para esconder a péssima condição do relvado, uma vitória nos últimos 7 jogos, 11 pontos de diferença, mentiras atrás de mentiras sobre os murais vergonhosos que pintam as paredes do corredor de acesso aos balneários, enfim, todo um Sporting na sua idiossincrasia de clube-palhaço -, o Benfica vai aliando aos resultados volumosos uma crescente qualidade no seu futebol. 
 
Enquanto uns se justificam com lesões e papas estragadas, o nosso clube devora adversários à razão de 4 a 5 golos por jogo - consoante a muita ou muitíssima inspiração -, mesmo quando não utiliza alguns dos seus melhores jogadores: Capdevila, Garay, Javi Garcia, Aimar e mesmo os dois amuados de serviço, Amorim e Enzo Pérez. São só 6, é coisa pouca. Talvez se tivéssemos no nosso plantel um Jeffrén ou um Polga pudéssemos fazer melhor. Infelizmente é o que temos e assim teremos de seguir na nossa caminhada triunfal. O que eu daria por um relvado pintado a vermelho!

A melhoria do jogo do Benfica, embora estejamos longe ainda de atingir todo o potencial que este plantel pode dar, deve-se principalmente a dois factores: um Emerson bem mais escondido do jogo, em que as suas deficiências são menos notórias porque está mais protegido por quem com ele partilha a ala esquerda (Nolito, como fomos dizendo ao longo da época, traz ao jogo colectivo, ofensivo e defensivo, uma dimensão que é impossível de ignorar e que não tem paralelo em todos os outros "alas" do Benfica), e, ironia que não chega a sê-lo, a menor utilização de um dos mais talentosos jogadores do clube: Gaitán, que alia à evidente qualidade a escassa, por vezes nenhuma, noção colectiva do jogo. 

Sem o argentino, todo o processo de construção fica dependente de homens que na decisão são fortíssimos (Bruno César, Witsel, Aimar e Nolito, mesmo Saviola numa fase mais adiantada do terreno), o que cria duas diferenças abismais para o futebol deprimente de há um mês e tal atrás: controlo de riscos - é raro a equipa perder uma bola em zonas potencialmente perigosas - e qualidade maior de passe, que facilita a incursão tanto pelas alas como pelo centro em jogadas rápidas que desmobilizam as defesas adversárias e criam as condições necessárias às oportunidades de golo. 

O futebol é, já se sabe, um desporto colectivo. Por isso mesmo, há que fazer opções que favoreçam a equipa mesmo que se desperdice talento. Gaitán tem muito para dar ao Benfica - ainda ontem mostrou a fenomenal qualidade daquele pé esquerdo - mas terá de ser enquadrado decentemente na dinâmica da equipa e não o contrário. Alguns jogos vindo do banco poderão servir na perfeição para um crescimento e maior concentração na hora de entrar em campo. Pior do que um cepo trabalhador, estilo Emerson, só um enorme jogador pouco humilde. Melhore Gaitán a atitude que tem em jogo e rapidamente voltará a ser um dos onze escolhidos. Ou pelo menos seria esta a melhor forma de conduzir o jogador a outros patamares. Não estamos certos de que Jesus pense da mesma forma.

Há, no entanto, muito ainda para melhorar. Alguns dos problemas antigos e identificados desde o Verão mantêm-se. A saber:

- deficiente abordagem nas bolas paradas, ofensivas e defensivas - defensivamente, a equipa opta por uma marcação zonal, com os bracinhos uns aos outros ligados, numa espécie de visita de estudo de uma classe do jardim infantil. É giro e cria um ambiente solidário e primaveril na nossa área. Em termos práticos, não traz grandes resultados (veja-se, por exemplo, o golo sofrido em Guimarães). A abordagem zonal fará sentido, sim, mas se mesclada com a homem-a-homem. Criar uma zona central bem povoada de jogadores a atacarem o espaço mas também cuidados defensivos individuais aos mais perigosos jogadores adversários. Em termos ofensivos, já é muito bom quando o jogador consegue marcar um livre, lateral ou central, ou um canto e acertar na área. Por alguma razão que não se compreende em jogadores da qualidade de Aimar, Bruno César ou Gaitán, as bolas acabam vezes demais nos pés dos jogadores das outras equipas, sem que se crie perigo e muitas vezes com a nossa equipa apanhada em desequilíbrio. Há trabalho a fazer nesta matéria. Ignorá-lo será abdicar de um dos mais importantes momentos que o futebol actual produz para chegar ao golo.

- gestão no mínimo duvidosa das expectativas de alguns jogadores - Capdevila foi contratado por 3 milhões de euros para se rum suplente de luxo de um jogador medíocre. Quem contratou o espanhol e por que razão há no Benfica quem compre jogadores que não são, desde o princípio, apostas do treinador? É estranho que haja uma bicefalia no futebol do clube, porque gera gastos desnecessários e uma crescente insatisfação de atletas que é nefasta a um balneário que se quer unido e focado no essencial; Amorim treina sozinho em Almada - não sei o que se passou, admito que o jogador terá tido um confronto perigoso com o treinador, mas é fundamental resolver estas quezílias de uma forma digna: ou sai, porque com Jesus não terá possibilidade de jogar, ou fica e é integrado na equipa, se bem orientado a cumprir com as suas obrigações e a abandonar os amuos; Pérez foi contratado por 5,5 milhões de euros para andar a passar férias na Argentina e a dizer disparates. Neste caso o Benfica tem de ter uma acção criteriosa e pedagógica, para que outros casos semelhantes não aconteçam: como o seu passe desvalorizou nestes últimos meses, a opção de vender não é inteligente; emprestá-lo, muito menos. Portanto, das duas uma: ou Pérez é integrado com direito a uma multa exemplar (e seria importante que o fosse, porque faltam opções de qualidade para a posição e o ano ainda trará muita sangria entre lesões, castigos e maus momentos de forma) ou é obrigado a pagar os milhões que resultam do acto de indisciplina que cometeu. São casos a mais num plantel que, se não tivesse estes exemplos de desaproveitamento, tinha tudo para uma época de grande sucesso. Ainda tem, mas importa reflectir e resolver rapidamente os problemas nesta fase positiva. Para depois não apanharmos mais uma depressão crónica, como a do ano passado. 

- demasiado tempo sem dotar o plantel de opções na defesa - Vamos já a meio do mês de Janeiro e o problema identificado em Agosto continua sem estar resolvido. Emerson não serve para titular do Benfica. Mantê-lo em jogo é correr riscos que poderão vir a ser letais aos objectivos para a época. Não se percebe a razão pela qual não chegou já um lateral-esquerdo com a qualidade necessária para jogar nesta equipa. Quanto mais tempo for desperdiçado, mais tempo demorará o jogador contratado a entrar na dinâmica que Jesus quer para o jogo do Benfica. Urge lateral-esquerdo. E urgem, já agora, um central e um lateral-direito. Para ontem.

- a perigosa alienação pelo bom momento desportivo - O que não pode acontecer aos adeptos é o deixarem de analisar as acções dos seus dirigentes, levados na onda de benfiquismo pelo sucesso desportivo. São coisas distintas e importa que nunca se misturem. Por mais jogos que o Benfica ganhe, por mais goleadas ou boas exibições, o adepto tem de se perguntar por que razão Vieira apoiou um candidato à Presidência da Liga que acabou por perder a corrida - sendo que o que a ganhou traz ideias para o futebol que nos são altamente prejudiciais (desde logo, o conceito da divisão colectiva dos ganhos pelas transmissões televisivas) ou a recente mensagem de Domingos Soares Oliveira em que, em meias palavras, admite que muito provavelmente o Benfica assinará novo contrato com a corrupta Olivedesportos dos corruptos irmãos Oliveira. O Benfica sozinho rende mais do que todos os outros 15 juntos e deve saber usar essa força a seu favor. Hipotecar mais 4 ou 5 ou 10 anos de transmissões, ficando preso e amarrado (usando a expressão de António Oliveira) às suas exigências e ao seu facciosismo e aproveitamento vergonhoso, será uma decisão que terá repercussões altamente negativas, não só do ponto de vista financeiro mas também, porque estão ligados, na vertente desportiva. Um Benfica independente da escumalha que manda no futebol português será sempre um Benfica com mais possibilidades de vencer mais vezes e reconquistar a hegemonia que lhe foge há muitos anos. Mesmo que se perca algum dinheiro numa fase inicial, se a opção é entre a Olivedesportos ou a Benfica Tv, parece-me que não há dúvida sobre em qual deve recair a escolha: no nosso canal, os nossos jogos, os nossos adeptos. Não tenho dúvidas de que os benfiquistas saberão agradecer a decisão com uma massiva adesão aos jogos no nosso canal. Com a superior vantagem: não estando ligado por anos a fio a uma outra empresa - e ainda por cima corrupta como esta -, mesmo não tendo no imediato parceiro à altura, no futuro poderá sempre aparecer outra plataforma que connosco negoceie e garanta as transmissões televisivas. Enforcarmo-nos é que não, por favor.

Compreendam o momento da crítica: numa fase em que o Benfica parece querer assumir-se como principal favorito ao título e a uma campanha digna na Europa, importa que não cometamos erros desnecessários e infantis. A exigência tem de estar presente. Nos bons momentos, também ou até principalmente. Para que o sucesso desportivo seja sustentado e não apenas um soluço que logo desaparece - como há dois anos atrás. O Benfica é muito grande. Falta-lhe ser dirigido por gente do mesmo calibre.

É que é tão bom viver o Estádio e o benfiquismo como ontem vivemos. Nunca mais nos tirem isso.


sábado, 14 de janeiro de 2012

Posta pequena

Vou tentar regressar aos relvados com um post ligeiro, sem forçar muito, não vá rasgar algum músculo:

Pensando no jogo de hoje e nos anteriores, o Gaitan deveria ser titular?
Ninguém discute as suas capacidades individuais, mas...

Sê o JJ por 30 segundos e diz-me: hoje, contigo a treinador, o Gaitan era titular ou sentava no banco?

(comigo ia para o banco. Tendo a noção que teria de tirar alguém - no meu caso o Rodrigo - para entrar o Aimar, o Gaitan só passaria a titular quando alguém caísse de rendimento.)

Quanto a hoje, conto com os 3 pontos e, vá lá, exibição à Benfica, sem sofrer golos, sff...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Semana de luto do blogue em honra dos benfiquistas da pantufinha

Esta semana este blogue vai estar de luto. Calma, não é pelo facto de o Benfica estar na frente - como portista mal disfarçado, é lógico que me custa mas tento esquecer fazendo intermináveis viagens ao IPO - é assim que aprendo a volatilidade da vida: gozando com quem está pior do que eu. 

O luto prolongado manter-se-á até Domingo, dia posterior ao jogo do Benfica contra o Vitória de Setúbal e será uma semana de silêncio pela morte do benfiquismo regular no Estádio da Luz. É que o benfiquista de sofá gosta muito de ter os pés quentes e as mantinhas no colo. Já rapar frio e embezanar-se antes do jogo, está quieto que isso é para malucos! Mas dêem-lhe mais dois meses de liderança e lá estará ele prontinho a fazer parte da festa. Até é gajo para ficar no Marquês quase até às onze da noite! Depois tem de ir para casa ver o Preço Certo que deixou a gravar.  

Um clube como o Benfica, com a enormíssima massa adepta que este clube tem, não pode ter uma média de 30 a 40.000 adeptos nos jogos em casa. Um clube como o Benfica tem de ter, seja líder ou não seja, sempre, mas sempre, sempre, o estádio cheio. Não é admissível ter estas assistências vergonhosas e elas só existem não porque não haja dinheiro ou seja muito longe de casa mas porque há muito comodismo por parte de gente que é capaz de andar a discutir o Benfica anos a fio em frente ao computador mas que na hora de dizer presente, apoiando a equipa e criando condições para uma maior conforto económico do clube, prefere ficar de pantufas. 

Aos que lerem este texto e se revejam nele, posso garantir-vos que não estou chateado convosco, estou apenas fodido da silva por serem uns paneleiros. Mas podem sempre dar a volta a isto, basta calçarem uns sapatos e, no Sábado, aparecerem ali por aquele local em frente ao Colombo - vocês sabem qual é, já o viram em fotografias em blogues e quando vão à terra de familiares e olham para a direita na segunda circular. É bonito, não é? Apareçam. Aquilo é giro e podem ver o Aimar ao vivo que, prometo, é um espectáculo dentro do espectáculo.
 
Até Sábado, portanto, este blogue hiberna. É o preço que têm de pagar até eu ver se perceberam a mensagem. Se o Estádio estiver cheio no próximo jogo, dedico-vos um post de agradecimento. Se não estiver, espero que em Maio continuem a preferir a comodidade da pantufinha e do robe à anarquia de uma cidade em desvario. Aquilo é muito barulho e fumo e pouca etiqueta para vossas excelências.