terça-feira, 29 de março de 2011

50.000 razões para entrar a matar no Domingo

- Evitar um Porto invicto - há muito poucos campeões invictos no Mundo. Em Portugal só há um, o Maior. Curiosamente, além dessa época, o Benfica conseguiu noutro campeonato o feito de sair invicto não sendo campeão. Não é para todos. Não permitir ao Porto juntar-se ao clube dos que não perdem uma época inteira é um aliciante com força suficiente para entrarmos a matar.

- Adiar ao máximo o título dos portistas - Com a vitória no Domingo, o Benfica obriga o Porto a ter de vencer pelo menos mais dois jogos, o que tranformará todo o planeamento do Porto para o resto da época. Esta questão não é de somenos importância e não advém apenas de uma teimosia inútil: pode haver quem tenha esquecido o facto, mas é bom relembrar então que o Porto é nosso adversário na Liga Europa. Permitir-lhes descanso a nível nacional é potenciá-los a nível internacional - aliás, toda a jogada do sistema se baseia nisso: garantir o porto campeão o mais cedo possível para o ataque às taças europeias. Logo, ganhar no Domingo é não só uma questão de orgulho mas uma estratégia de desgaste para o adversário até final da época. E, nesse caso, com benefício para nós, que poderemos abdicar de alguns elementos nas provas internas e eles não.

- Desforra, não vingança, do jogo do Dragão - podemos dar a volta que quisermos, fingirmos que não dói, mas dói. 5-0 é um resultado que fica a moer uns aninhos largos. Por isso, nada melhor do que sarar feridas, ganhando. Se possível, com pagamento igual ao que recebemos.

- Consolidar a nossa qualidade para evitar branqueamentos - Um dos argumentos boçais que os portistas defendem para branquear o favorecimento arbitral que os suportou é precisamente o jogo em que ganharam ao Benfica, no Dragão. Com isso, justificam que são a melhor equipa e que a vitória no campeonato tem a ver com a maior qualidade da sua equipa e não por quaisquer ajudas externas. Nada melhor do que, na sequência da vitória no Dragão para a Taça, por 2-0, continuarmos a demonstrar - mesmo que não seja preciso nem sirva de prova ou falta dela ao que se passou e todos sabemos o que se passou - a nossa qualidade futebolística e a imensa injustiça que foi terem-nos afastado de podermos lutar até ao fim pelo troféu nacional.

- Um bom mote para o jogo da Taça - em termos psicológicos, é muito importante chegar ao jogo da 2ª mão das meias-finais da Taça de Portugal vindos de 2 vitórias consecutivas sobre o rival. Para nós, que ganhamos confiança, e para eles, que começam a duvidar da hipótese de poderem vencer na Luz. Uma vitória na Luz no Domingo será o maior murro no estômago a um adversário que obviamente tem qualidade e importa afrontar na questão mental.

- Potenciar o nível competitivo dos jogadores para a Liga Europa - Após duas semanas de paragem, é importante chegar ao jogo com o PSV na melhor forma física e sem quebras no ritmo competitivo. Um jogo intenso com o Porto favorecerá o rendimento da equipa 4 dias depois. E uma vitória o suplemento adicional para uma entrada fulminante num jogo em que importa conseguir uma vantagem clara para a segunda mão.

- A resposta certa dentro de campo à vergonha fora dele - Nada melhor do que vencer sem contestação, num Estádio onde se aprecia o bom futebol e a festa dos adeptos, para vencer não só o adversário mas a cultura belicista que o Porto demonstra no seu próprio estádio. Às pedradas, às bolas de golfe, aos insultos, à raiva, à cobardia, à boçalidade, à mesquinhez, respondermos com bom futebol, emoção nas bancadas, festejos pelo amor ao nosso clube e nenhum ódio ao rival, será sempre a melhor resposta e a única que devemos defender.

- Equilibrar as contas - a estatística vale o que vale (às vezes muito pouco, outras nada), mas os resultados também servem para aferir da dimensão de cada uma das equipas. Num contexto de bipolarização do futebol português, mesmo quando o jogo já não nos interessa no sentido mais prático do termo (sermos campeões), importa sempre vencer para equilibrar as contas. No ano passado, em 3 jogos disputados com o Porto, o saldo foi positivo: 2 vitórias, 1 derrota (5-3 em golos); este ano, com 3 já jogados, estamos em débito: 1 vitória, 2 derrotas (2-7 em golos). Temos, no entanto, mais (pelo menos) dois jogos para dar a volta às contas. Que Domingo continue o pagamento. Com juros.

- Evitar um Porto campeão na Luz - há quem diga, dos dois lados, que este facto não interessa. Discordo. Eu não quero o Porto campeão no nosso estádio. Como o ano passado ter-me-ia dado muito gozo ter sido campeão no Dragão, este ano qualquer portista, mesmo que o negue, rejubila só de pensar no assunto. Não. Em nossa casa, não. Eles que vão festejar o campeonato para os estádios onde conspurcam o futebol português. Que são basicamente quase todos, tirando a Luz e um ou outro de clubes que ainda vão tendo princípios.

- Derrotar o clube corrompido por Pinto da Costa - mesmo que nenhuma das premissas anteriores estivesse em jogo, há uma que, enquanto aquele ser abjecto estiver no poder, deve merecer sempre a nossa mais incontrolável vontade: vencer aquele porco. Tudo o que contribua para baixar a crista àquele atrasado mental deve ser feito. E isso passa por uma vitória no Domingo.

- Negar um cenário de guerra - se o Porto se tornar campeão na Luz, temo pelas consequências. Não que tenhamos uma cultura de guerrilha igual à dos opositores (pelo contrário) mas porque, tendo em conta todos os actos vergonhosos de que temos sido alvo, poderá haver quem, farto da impunidade de que gozam os portistas, transcenda os limites do bom-senso e se torne igual aos que criticam. E, nesse caso - falemos de forma clara -, perderão toda e qualquer legitimidade para apontar críticas aos outros. Confio na clarividência e paixão pelo jogo dos benfiquistas mas não posso meter a mão no fogo por milhões de pessoas que se sentem, com razão, injustiçadas. Uma vitória do Porto em Lisboa, com consequentes comemorações, poderá ser o rastilho para uma qualquer tragédia. Esperemos que não. E nada melhor do que ganharmos e com isso evitarmos cenários de vergonha, mais um, para o futebol português.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O melhor drible de Futre

O momento é trágico, benfiquistas. Não esperem facilidades a partir do dia de hoje. Aquilo que era uma campanha à Presidência do Sporting absolutamente caótica, recheada de candidatos utópicos, discutindo tudo o que não era essencial, mais preocupados com nomes de jogadores e fundos internacionais do que em pensar o clube de forma séria e lúcida, aquilo que, no fundo, nos dava a garantia da continuidade no disparate por parte do Sporting hoje teve um fim dramático.
Para mal dos nossos pecados, Dias Ferreira saiu da sua demência e escolheu uma pessoa que finalmente credibilizará o Sporting e dará ao clube toda uma projecção internacional - repare-se que o objectivo certeiro é a China, parceiro privilegiado para a incrementação dos lucros a médio e longo prazo - que relegará Benfica e Porto para um papel secundaríssimo na elite nacional.
Confesso-me preocupado e sei que, após a visualização do vídeo que se seguirá, todos vós também integrarão o lote - em que me incluo já - dos que sabem ter chegado o tempo de assistir ao sucesso alheio com pouco mais do que a resignação tão própria dos que sabem e reconhecem a superioridade moral, negocial, estratégica dos adversários.
Irrita-me e confunde-me que não sejamos nós, clube com mais adeptos do que a junção de todos os outros em Portugal, a elaborar planos desta monta, com este critério, com este detalhe, com esta visão. Assusta-me terrivelmente pensar nos próximos anos e na competição nacional, tendo em conta o que teremos de enfrentar daqui para o futuro.
Que nos sirva de lição e que aprendamos com Paulo Futre a capacidade inigualável de projectar um futuro de êxitos, baseado em premissas tão simples como a noção de construir um plantel mais curto (19+1), fazendo desse "1" não só um elemento de elite mundial mas simultaneamente o elo de ligação negocial com um país que oferece todas as condições para que, toldado pelo facto de possuirmos no nosso núcleo um seu jogador, nos ofereça quantias exorbitantes de notas de euros a troco de uns míseros 6 ou 7 jogos em 15 dias.
Sim, a China é isto, esteve sempre lá, ali à mão de semear, pronta a colher, só nós é que não vimos. Tolos, nós. Pequenos, de visão curta, ambição nula, perna pequena, fechados neste mundinho que é o nosso e de onde não queremos sair. Já Futre, homem do Mundo, incapaz de se resumir a uma fronteira, a um cheiro a sardinha com broa ou a um galo de Barcelos, vai lá longe e executa, programa, elabora, cria laços, compra, negoceia, enfim, produz.
Mas... chega-lhe isso? Obviamente que não. Futre não só planeia comprar um talento chinês, não só pensa (e combina) fazer partidos em terras chinesas (recebendo milhões), como - e aqui, sim, está o golpe de asa, o truque só ao alcance dos génios - projecta no próprio país, com ganhos óbvia e exclusivamente para o Sporting, viagens intermináveis de chineses até à Madragoa e à Penha de França, milhares e milhares de charters prontos a aterrar na Portela para difundir o mandarim por toda a Brandoa, por todo o Massamá, por todo o Cacém! em pelo delírio de fusão cultural. Imaginem-se as conversas na Cova da Moura entre chineses e cabo-verdianos, enquanto se assam uns pargos, se trincham umas carnes e se roubam uns transeuntes. Africanos, asiáticos, ciganos, árabes, juntos em museus, restaurantes, bombas de gasolina, casas-de-banho, discotecas, galhos de árvores, bagageiras de carros, no fundo de rios.
A lição cultural disto tudo, Deus meu, a verdadeira forma de nos sentirmos no Mundo, presentes, globais, inteiros! E tudo isto - repare-se na excelência, no oportuno, na genialidade - directamente para os bolsos do Sporting, numa jogada negocial só ao alcance dos eternos. Não, Futre surpreendeu e inovou. Todos lhe devemos um pedido sincero de desculpas. Quem de nós, no auge da apresentação do Director-Desportivo de Dias Ferreira, não embarcou imediatamente no insulto fácil, na graça soez, na vil gratuitidade da soberba, amesquinhando, espezinhando, zurzindo na escolha do candidato do Sporting para o homem forte do futebol?

Reflectindo agora no silêncio do meu quarto, minúsculo sob o peso da culpa, penitencio-me de ter desacreditado Paulo Futre. Cada visualização das imagens em que ele apresenta o seu extraordinário plano para o Sporting é mais uma lança que me fere mas ensina, que me magoa mas cura, que me atraiçoa mas faz crescer. Perdoa-me, Paulo Futre, pois eu pequei. Nós pecámos. Ilumina-nos na tua sabedoria e no teu rigor, na tua inteligência e no teu sábio ensinamento, na tua humildade e no teu brilhantismo.

Nunca será de mais assistirmos ao coroar de um discurso de um predestinado:



terça-feira, 22 de março de 2011

Às vezes é crime chamar golo a um golo

Não creio que devamos chamar a isto simplesmente de "golo". Um golo é uma coisa rápida, orgástica, profundamente egoísta, é um tiro e já está, bola na rede, gente aos saltos, pum. Não, isto tem outro nome, um nome que nem sequer foi inventado ainda, mas que se pressente na língua sempre que nos é oferecido este espectáculo de sentidos. Saboreamo-lo, sem lhe conhecer o nome ou as fronteiras do que pode ser. É apenas um destino com rota traçada.

Quando o Javi corta a bola em passe - não um corte, apenas, mas um corte-passe - e o Gaitán prepara-se para tocar de primeira no Aimar, podíamos parar a realidade por um instante, carregar no pause da memória e traçar as linhas do futuro da jogada. Toda ela decomposta desde o momento em que toca no pé do Javi até chegar, redonda, iludida, apaixonada, às redes do outro lado do campo. Podíamos imaginar os seus passos, de jogador para jogador, rolando feliz pelo relvado, solidária, atenta, infinita. É como se tivesse sido a bola a ir ter com os pés do Gaitán, depois empurrando-se contra o veludo do Aimar, aconchegando o peito no Saviola, voltando, porque gosta, aos braços do Aimar, repousando mais, depois fugindo dele para o Gaitán, do Gaitán rapidamente, porque já sentia o anúncio do afago, para o Maxi, rolando, rolando, galgando redonda por sobre a relva, naquela felicidade infantil de não conseguir esperar mais pelas coisas boas, dali para o Cardozo mas rápido que o tempo urge e finalmente entregando-se ao Gaitán, "faz de mim o que queres", extasiando no ar, em suspensão, bailando, vaidosa, conquistando todos os olhares incrédulos e expectantes. Quando ganha gravidade, finalmente curva-se e mergulha para o sonho. É golo, gritam. Mas não é um golo. É mais do isso. É uma viagem de ângulos, um destino de espaços, um rumo de danças. Um mapa de sensações.



Adenda: soube agora da morte do grande sportinguista, cidadão, humanista, jornalista, homem íntegro Artur Agostinho. Para ele, o golo de Gaitán. Que se fosse relatado por ele, teria sido ainda mais belo. Quando encontrares o meu avô, não lhe fales de como está o vosso Sporting. Mente-lhe piedosamente. Falem de mulheres, seus putanheiros!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Umas ideias embriagadas

- Já alguém agradeceu ao Roberto a passagem aos quartos-de-final? Duas defesas de grande nível. A segunda, nos últimos minutos, é sublime. Man, aprende a sair às bolas que a gente dá-te um beijinho.

- Gaitán, esse romântico-paradoxal. Fez um jogo de merda, pôs em causa a estratégia da equipa, fosse a extremo fosse a 10. Só fez merda, não defendeu bem, perdeu bolas em 90 por cento das vezes em que as teve, inventou passes e toques surrealistas bretonianos e deixou o Coentrão assim um milhar de vezes entregue a si próprio. Mas há um mas. Marcou um golo brutal! Fingiu (nem sequer olhou para a baliza) que ia cruzar e rematou directo. Golão. Mas é um gajo que me irrita tanto. Principalmente porque tem um talento raro. Ó Nico, vê lá se aprendes alguma coisa. Podes ser grande, Nico, podes ser enorme, Nico. Deixa-te de merdas e aprende.

- Pior jogo do Saviola desde que está no Benfica. Horror. Mas não consigo dizer muito mal. Gosto deste argentino, é uma coisa de coração.

- O Luisão é uma besta tão grande. Apetece beijar aquela careca. Jogão, mais um. Manda naquilo tudo. Será possível conseguir mandar numa área inteira? É da remax, o cabrão.

- Eu já sinto saudades do Coentrão. Filho da puta não pára de jogar como o caralho. Dá a sensação de que se o puserem a ponta-de-lança ele cumpre. Hoje andou a defender a extremo-direito nos últimos minutos. Que bomba!

- O Sidnei foi uma miséria. Não sofremos mais porque não calhou. Foda-se, mauzinho, mauzinho...

- O Peixoto. Tão sub-valorizado.

- A UEFA tem de ter cuidado com estas coisas. O Benfica jogou duas vezes em casa. Sinto uma alegria de emigrante não o sendo. Aqueles gajos amanhã vão gozar tanto com os franceses quando chegarem às fábricas. Só por isso já vale a pena ser do Benfica.

- O ano passado o nosso caminho foi traçado com alemães (Hertha), franceses (Marselha) e, nos quartos-de-final, com a melhor equipa de todas as presentes no sorteio (Liverpool). Este ano estamos a seguir o mesmo rumo: alemães (Estugarda) e franceses (PSG). Só espero que agora a sorte mude e não encontremos o Villarreal. Como o sorteio será relativo aos quartos-de-final e emparelhamento para as meias-finais, um sorteio soberbo seria aquele que nos afastasse de Villarreal, Porto, Dínamo Kiev e Spartak Moscovo. Uma coisinha assim seria um Wellington mal passadinho:

BENFICA - PSV
Twente - Braga


Porto - Villarreal
Dínamo Kiev - Spartak Moscovo


Mas, com a sorte que costumamos ter, devemos apanhar o Porto e o Villarreal no mesmo emparelhamento. Que seja. Como diz um poeta de orelhas grandes e pneus cheios de coca: "quem vier a seguir, morre". De overdose.



Na Cidade das Luzes, joga-se em casa

Curiosamente - e ao contrário do que o momento, o adversário e a condição de visitante poderão fazer crer - este pode ser um jogo relativamente fácil para o Benfica. Isto se a estratégia usada se adaptar de forma correcta às características que previsivelmente o jogo terá: minutos inciais em que o PSG procurará marcar um golo, para virar a desvantagem que traz do jogo da Luz, em que estará vulnerável sempre que perder a bola; a procura pela exploração das alas, com Giuly mais vertical e Nené também em movimentos interiores e o recurso, à falta de soluções, ao passe longo, seja com a nossa defesa adiantada, seja em ataque organizado.

A isto, o Benfica não pode responder entrando em campo com o onze-base e jogando da forma desenfreada com que normalmente joga, porque retirará, primeiro, a capacidade de lutar pela posse no meio-campo e, segundo, facilitará a estratégia francesa de explorar as costas da nossa defesa e os espaços centrais.

Não tendo outra solução viável (um médio posicional de qualidade inegável), a solução "menos má" será a de retirar Gaitán - que, além das deficiências ao nível do posicionamento, entrega ao jogo e perdas de bola, acumula agora níveis físicos pouco recomendáveis, o que só acentua as suas falhas e potencia o erro em zonas perigosas -, poupando-o para quando o jogo estiver com menor nível de intensidade e concentração, por desgaste físico do adversário, usando na sua posição um jogador mais cerebral, embora muito menos dotado ao nível da criatividade: Peixoto. Com o português, aumenta a capacidade de recuperação (o que pode ser letal para os franceses, se fizermos bem as transições no momento da recuperação), povoam-se as zonas centrais - onde o PSG é forte, seja pelos médios, seja pelos alas em diagonais, seja pelo baixar de um dos atacantes - e potencia-se a equipa num bloco mais recuado, abdicando de correr os riscos que corremos na Luz, em que estivemos constantemente sujeitos ao contra-ataque adversário, fosse por estarmos demasiadamente adiantados, fosse pelo facto de as linhas defensiva e central estarem muito distantes.

É preciso ter em conta um facto fundamental: o Benfica entra em campo em vantagem. E isto é tudo, neste jogo. Se souber controlar o adversário nos primeiros minutos, se estiver à vontade em posse e se for rápido logo após a recuperação, o Benfica pode muito bem sentenciar a eliminatória logo na primeira parte, "bastando" para isso que jogue de forma inteligente, não permitindo espaços entre as suas linhas e, especialmente, não subindo em demasia para não deixar as costas desgaurnecidas (porque já não tem David Luiz, tem Sidnei, que ainda não se adaptou bem à forma usual do jogar de Jesus). Com Peixoto no meio, favorece-se ainda a exploração da ala por Coentrão, garantindo a compensação por parte do primeiro e potenciando a qualidade do segundo em termos ofensivos.

No resto, o onze habitual. Aimar por Martins porque é necessário, mais do que histerismo, classe; mais do que rasgos desenfreados, ponderação, qualidade com bola, decisão, critério.

Saviola poderá baixar mais, ajudando no meio-campo, sempre que em organização defensiva, e Salvio será fundamental no esticar do jogo sempre que o Benfica tiver a bola.

É importante, acima de tudo, ser uma equipa equilibrada. O exemplo vindo do jogo no Dragão deve ser olhado com atenção e aprender dele alguns pressupostos para este jogo em Paris. E, se o fizermos, pode, como disse no início, acabar por ser um jogo relativamente fácil. Sejamos Benfica, então. E aproveitemos também esse factor extra, que não é para muitos no Mundo e certamente para mais nenhum em Portugal: o facto de que estarão 25.000 a 30.000 benfiquistas a apoiar a equipa.

segunda-feira, 14 de março de 2011

O Spectrum não ia ao Estádio

No outro dia li num blogue, acho que no Céu Encarnado,  alguém, acho que o Éter, dar a ideia de meter música decente no Estádio nos intervalos dos jogos. Uma boa ideia, sem dúvida. Dizia o escriba, acho que o Éter, acho que no Céu Encarnado, que uns Nirvana viriam sempre a jeito para embalar as papoilas para a vitória. Nisto, aparece um comentador que saca esta frase: "o meu Pai de certeza que ia gostar muito dessa ideia". Um gajo sente-se velho com estas coisas. Ainda não tinha posto no chip que é possível haver comentadores de blogues cujos pais ouviam Nirvana. É que eu ouvia Nirvana e não me vejo com idade suficiente para ter filhos que comentem em blogues. Tenho 29 anos, ok, podia ter um bípede com 10 ou, se quisermos dar mais dramatismo à coisa, se eu tivesse incorrido na paternidade precoce, ter um rebento com os seus 13, 14 anos a destilar o seu benfiquismo por essas páginas virtuais. Mas - deixem-me acreditar - eu ainda me acho o portador da juventude, não o Pai que é referenciado pelo filho em blogues benfiquistas. Até quando? Bom, não corro riscos imediatos porque não tenho filhos mas imaginando que os terei daqui a 1, 2 anos, quanto tempo durará o auto-convencimento juvenil em que estou instalado? Como as coisas são, provavelmente o gajo aos 5 anos já anda aí a botar postas de pescada sobre tácticas em triângulos invertidos ou a barafustar sobre os Proenças e os Benquerenças (sim, porque também esses têm filhos que, no sistema actual, vão prolongando o seu, e principalmente nosso, nojo por aí). Não faltará muito para haver aí um Ricardinho a comentar "pois é, grande ideia essa de meter Smashing Pumpkins nos intervalos dos jogos, os velhotes vão gostar". Não sei. Há qualquer coisa nisto que me incomoda. Um peso das horas em cima. O relógio a segundear, a minutar desenfrado. A minetar com a sua linguinha cíclica e circular e o tempo a embalar-me para fora de mim. Lembro-me de ser novo e sei que sou velho porque tenho memórias de coisas absurdas que, ditas agora, parecem fazer parte de um mundo ancestral, estranho, estranhíssimo a quem as ouve agora, enquanto mexe no Ipad ou vai para a sanita com o portátil atrás. No meu tempo (que expressão de velho), um computador era uma coisa religiosa, ao mesmo tempo um sórdido anunciar da modernidade e um altar sagrado, fechado num quarto solitário, ali posto, porque enorme, para os que se aventuravam à descoberta. Ou antes do trambolho do 286, com megas suficientes para abarcar uma e uma só fotografia nos tempos de hoje, havia o Spectrum, que se ligava a um gravador e iniciava o processo. Lembro-me do meu Pai (lembro-me sempre do meu Pai) ligar os fios infinitos e as peças e os botões - eu nunca percebi bem o que ele fazia; aquilo era todo um mundo admirável de coisas novas - e dizer-me a frase intemporal: "vai lá jogar à bola que eu depois chamo-te". E eu ia. Ficava meia-hora ou quarenta minutos a fazer de Chalana ou de Valdo e ele a ouvir aquele XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRXXXXXXXXXXXXXXXX
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXRRRRRRRRRRRRRRRXXXXXXXXXXX
RRRRRRRRXXXXXXXXXXXX

depois aquilo calava-se e não dava. Voltava-se ao início e o mesmo processo. Load aspas aspas e mais XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRXXXXXXXXXXXXRRRRRRRRRRR
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR

e lá entrava, finalmente. Era um milagre da humanidade. Um assomo de moderno e espacial. E então ficávamos uns minutos a atirar uma bola para uma parede. E tudo parecia tão certo. A parede, a bola, a televisão que as mostrava onde horas antes tinha estado o Júlio Isidro nos programas de Domingo ou a Vera Roquete com o Michael Knight e o Poirot. Eram só uns minutos, porque o pátio esperava por mais futebol de grande qualidade e a mesa estava quase posta. Depois de almoço, havia a expectativa de saber se o jogo do Benfica ia dar na televisão. Isto era um fenómeno que emocionava as massas lá em casa, a indefinição, será que dá, será que não dá? A dúvida. O coração a palpitar. O meu Pai olhava-me e eu olhava-o e tínhamos os dois o Benfica no olhar. Depois anunciavam que não dava, "problemas técnicos impedem-nos de transmitirmos o jogo", desculpavam-se. E eu às vezes chorava, outras entristecia. Com aquela manha infantil própria de saber que o meu Pai ia salvar-me da miséria. Voltava ao pátio, inventava o jogo que não ia dar em jogadas intermináveis por entre potes de barro e linhas de cal traçadas no cimento. Até que vinha o grito ansiado: "vai buscar o cachecol, vamos à Luz". E embarcávamos na grande barca, com os cachecóis presos no vidro, buzinando aos outros pais e aos outros filhos, centenas, milhares de adeptos a caminho do lugar sagrado. Em casa, abandonado junto a um canto da sala, enquanto no Estádio nos abraçávamos depois de um golo do Magnusson, jazia o Spectrum, deprimido, já mudo, baralhado de fios junto à televisão, imaginando um futuro em que os seus filhos pudessem também eles ir à bola.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Não há milagres

Muitos justificarão a má primeira parte do Benfica com questões mentais, defendendo a tese de que a equipa entrou com falta de motivação/confiança pela derrota anterior. É uma falsa questão.
O Benfica não entrou mal no jogo por estar abalado do ponto de vista anímico - aliás, esta equipa é muito forte nesse aspecto, basta ver a forma como acaba os jogos, dando a volta 4 vezes consecutivas a situações de desvantagem, conseguindo mesmo marcar o golo da vitória nos últimos minutos nos 4 jogos. Em termos mentais, a única justificação possível - embora me pareça pouco provável - será analisar a atitude dos jogadores por uma hiper-confiança, dada pelas 18 vitórias consecutivas ou pelo bluff feito pelos franceses, dizendo que a Liga Europa não seria uma prioridade - neste aspecto, não me parece provável porque não concebo a ideia de que o Jesus não sabe passar uma mensagem de humildade aos seus jogadores numa fase tão adiantada de um prova desta qualidade e com adversários, todos eles, de comprovada valia.
Falar-se em aspectos mentais neste jogo é fugir aos problemas que esta equipa apresenta nesta fase da época: tácticos e físicos. Os primeiros não são novidade para quem olha para o jogo não apenas do ponto de vista do adepto mas com uns pozinhos mais de racionalidade. E, nesse sentido, não há milagres. Ninguém pode esperar que o Benfica perca um dos melhores centrais do Mundo, fundamental no processo defensivo e ofensivo da equipa, receba uns milhões e mantenha a qualidade que tinha. Só o adepto apaixonado, claro, que gosta de ver o Benfica receber dinheiro e olha para os primeiros jogos do Sidnei como a prova de que, afinal, a venda do David Luiz foi um verdadeiro oásis para os cofres e prestação desportiva da equipa (a sondagem que fizemos é clara nesse aspecto: os adeptos do Benfica acham que foi uma boa venda, tanto do ponto de vista financeiro quanto desportivo). Mas não foi. A integração do Sidnei no onze titular traz problemas a uma equipa que, pela forma como joga, já tinha alguns. E esse facto influencia não só a prestação do Sidnei, como de toda a equipa, especialmente a do seu companheiro do lado, Luisão. É que o Benfica joga subido no terreno, procurando compactar ao máximo a equipa no menor espaço de terreno possível, de forma a que, primeiro, o pressing exercido seja feito de forma consistente e eficaz, recuperando o mais rapidamente a bola e, segundo, para que seja sempre criada a armadilha do fora-de-jogo, sempre que o adversário se aventura nas costas da nossa defesa. Ora, para jogar assim, são precisas algumas premissas: ter um central veloz (aqui, veloz não é só ser rápido, é ser rapidamente reactivo, responder bem e rápido a uma situação inesperada), que colmate alguma falha na formação da linha defensiva, deixando o adversário em posição legal nas costas da defesa; intenso na forma como pressiona o adversário sempre que a linha do meio-campo é ultrapassada - no Benfica, quando em transição defensiva, muitas vezes o pressing é feito por um dos centrais, ao contrário de outras que optam por preencher o meio-campo central com mais jogadores para que os centrais não sejam sujeitos a essa função; e, por último, capaz de interpretar de forma perfeita a linha defensiva. Ora, Sidnei tem problemas nestes três aspectos: não é veloz nem reactivo (vejam-se os golos do Estugarda e do Braga, o segundo), não é intenso a pressionar (veja-se o golo do PSG) e muitas vezes (demasiadas) "esquece" a obrigatoriedade de jogar em linha, baixando mais e pondo a estratégia em causa, deixando jogadores em posição legal, o que se torna suicidário quando do outro lado está uma equipa competente em posse, inteligente a explorar espaços e rápida a sair em contra-ataque. Não há milagres. A saída do David Luiz, como escrevi na altura, pôs em causa de forma séria os ojectivos da época. Até pode acontecer que o Benfica consiga atingi-los mas não será por não os ter posto em causa; será por uma adaptação do jogo ao central com outras características que tem (e que influenciará a forma como a equipa joga), por sorte (como teve na primeira parte de ontem) ou por um Roberto inspirado (como teve ontem). Só que estas coisas, a médio prazo e com adversários de maior valia, não acontecem sempre. Esperemos, portanto, por um toque divino.
Do ponto de vista físico, são notórias as quebras. Gaitán muito destacado, o que faz com que acentue as deficiências gritantes que sempre revelou ao longo da época: alheamento do compromisso defensivo, perdas de bola em zonas proibidas e displicência na forma como aborda os lances divididos. Salvio, que ainda assim é muito mais competente nessas funções que Gaitán, devido ao menor fulgor físico, também começa a dar sinais de menor consistência defensiva, que ontem só foi colmatada pelo jogo absolutamente perfeito do Maxi Pereira - a todos os níveis exigíveis a um jogador de futebol num jogo, o Maxi esteve notável. Coentrão, que além de se notar alguma quebra, tem ainda à sua frente um jogador que não o auxilia, o que torna a sua prestação duplamente mais díficil e que, ainda assim, conseguiu ser de qualidade. E, por fim, Cardozo, que se geralmente não é muito intenso a pressionar, quando em quebra física acaba a fazer um pressing individual, sem quaisquer benefícios para a equipa porque deslocado da organização colectiva: faz uns sprints sem nexo, desiste, volta a ir atrás de um jogador, sai da sua posição, volta ao meio-campo, enfim, um caos na forma como se integra no movimento defensivo da equipa. Salvam-se a alma que esta equipa claramente tem e a qualidade individual que vai escondendo muitas deficiências.

Se esta última, a questão física, é recuperável, bastando ter um plano eficaz de recuperação para os jogadores em quebra e dar-lhes descanso no Domingo, a segunda, a táctica, não se prevê tão simples. É necessário alertar o Sidnei para uma maior concentração e treiná-lo à exaustão para aquela que é a forma de jogar do Benfica. Algumas características não estão lá e não estarão, mas a motivação, o treino, o repetir de processos poderão, pelo menos, torná-lo mais apto à função que ocupa.

Mas não há milagres. O Benfica é menos equipa depois da saída do David Luiz. O que nos leva à questão invisível, a questão da estratégia. Após uma péssima planificação da época, o que foi feito em Janeiro prova que no Benfica a lição não foi aprendida. A venda do central brasileiro é claramente um tiro nos pés como o foi, sabendo da indisponibilidade de Amorim até final do ano, a não contratação de um médio mais posicional. E agora, temos o esperado: os alas rebentados, os médios criativos a pinças e um Javi que começa a chegar à zona vermelha. Soluções? Airton, para Javi. Peixoto para alguns jogos. E mais nada. É capaz de ser pouco para uma equipa que quer ganhar a Liga Europa.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Roberto e nós, um conto surrealista

Há no benfiquismo, talvez por razões relacionadas com a cultura historicamente democrática da génese e vida do clube, por vezes um alheamento da realidade em função de um bem supostamente maior: a justiça. Não é incomum ao benfiquista, nesta busca incessante pelo que é justo, perder o critério de avaliação a um jogador apenas e só pelo facto de ser este um alvo a abater pelo exterior. Os exemplos da defesa intransigente por parte dos adeptos em relação a um jogador do Benfica criticado pelos adversários ao longo de 107 anos de História serão muitos, uns mais polémicos que outros, uns mais mediáticos que outros, mas todos eles poluídos por um elemento comum: a irrealidade, porque enviesada, com que se procura defender o indefensável.
Falo, claro, como já se dignaram os ilustres leitores a entender, do geral para o específico: de um século de idiossincrasia que desagua no último dos mártires, Roberto Jimenez, guardião castelhano das redes benfiquistas. Personagem de uma trama digna do melhor Cervantes, Roberto surgiu aos olhos dos adeptos com inicial desconfiança, depois medo, quase pavor até iluminar os corações de todos assim que, do lado de fora do castelo, começaram a cair, como granadas, insinuações, críticas, ferozes ataques à valia do espanhol.
Na exacta medida de Portugal ser Benfica e Benfica ser Portugal, o benfiquista, como o português (porque são a mesma coisa, confundem-se, fundem-se, metamorfoseiam-se), gosta muito de achincalhar o que é seu, sempre que prevê a hecatombe. Mais: orgulha-se disso, defende à exaustão a auto-crítica e sustenta-a na cultura de liberdade que lhe dá mote, permitindo-se assim legitimar o auto-achincalhamento com a democracia e seus benefícios óbvios e justiceiros. É assim o benfiquista e é assim o português.
E se não houvessem os outros, esses malfeitores dos estrangeiros e dos não-benfiquistas, esta autofagia atingiria proporções tais que, tal como o conceito anuncia, o país e o clube tenderiam para um fim em si mesmos. Felizmente que os outros existem para nos trazerem o amor próprio, o orgulho, a defesa dos nossos e, no limite (que é onde iremos chegar, eventualmente), o bacoco patriotismo que nos faz defender até o indefensável, julgando estarmos nós na plena consciência e virtude das nossas faculdades mentais.
Que humilhemos os nossos? Pois, claro que sim!, se somos justos e democráticos, se temos cérebro, se nascemos com ele e com ele morreremos, não nos peçam que não tenhamos opinião (a opinião é um bem sagrado para o português e para o benfiquista, mesmo que, não raras vezes, desprovida de qualquer conteúdo ou argumentação lógicos); Que os outros humilhem os nossos, mesmo que sigam as mesmas coordenadas com que nós nos humilhamos? Indignamo-nos! Vociferamos! Abdicamos no instante da auto-crítica para passarmos a defender precisamente o contrário do que anteviámos e defendíamos, já todos corações moles e festinhas no peito, choros, saudades, beijos para com os nossos tão injustamente criticados.
Sejamos claros: Roberto Jimenez é um guarda-redes banal, inapto a defender a baliza de um clube como o Benfica. É-o, antes de analisarmos o absurdo valor que por ele demos, pelo simples facto de que não é um guarda-redes seguro, não era antes, não o é hoje e não o será no futuro. Não interessa se ele é excelente (mas mesmo excelente, quase único no mundo) de frente para a bola. Isso só interessaria se no resto fosse, à falta de melhor, razoável ou bonzinho. Nesse caso, sim, interessaria que fosse excelente a defender bolas de frente. Mas Roberto não é bonzinho nem razoável em bolas divididas na área ou no posicionamento: é fraco a posicionar-se e a responder rapidamente a uma situação diferente de jogo e péssimo (péssimo) em bolas altas cruzadas para a área, especificamente para a zona da linha da pequena área. E isto, desde os primeiros 3 jogos (não digo do primeiro, porque há que dar um bocadinho de flexibilidade às nossas convicções, só um bocadinho), é uma evidência tão óbvia que só um povo demasiadamente "democrático" faz tudo por esquecer.
E - milagre dos milagres! - esquecemos todos (ou, vá, quase todos). Porquê? Porque os malfeitores dos não-benfiquistas disseram mal dele, do nosso guardião, do nosso menino, do nosso senhor 8,5 milhões de euros. Cometeram esse ultrajante feito de porem em causa a valia que nós sabíamos que ele não tinha mas que só nós podemos pôr em causa.
Ah puseram em causa, foi? Então agora vamos defender o Roberto em todos os jogos, vamos falar nele como o melhor do Mundo sempre que o Benfica jogar, não interessa se ele cometer falhas (a gente diz que todos cometem), não interessa se sabemos que ele não vale nem um milhão (temos de defender o nosso Presidente contra essa corja que quer tomar o poder), não interessa se todos vemos no Júlio César um guarda-redes com melhores qualidades (temos de defender o Jesus, que ele deu-nos um título de campeão e por isso, por ser coisa rara, temos de rezar, penitenciar e não questionar).
Querem-nos acéfalos? Sê-lo-emos com orgulho porque não aceitamos críticas do exterior. Vamos repetir todos os dias - os anónimos ao espelho, os amigos no café, os outros na televisão: o Roberto é um guarda-redes que dá pontos! Gritem todos comigo: o Roberto é um guarda-redes que dá pontos! E riam, mostrem-se confiantes, orgulhosos, felizes de poderem contar por tuta e meia com um guardião de alto quilate, não sejam anti-benfiquistas, como os outros, não prejudiquem o Benfica com essas manias de dizerem a verdade, mintam!, finjam que não sabem, virem a espinha do avesso e façam com ela um narguilé por onde fumam a verdade e inspiram benfiquismo.
E ai daquele que vier dizer que um guarda-redes do Benfica supostamente está lá para defender as bolas e não para cometer erros básicos de infantil, que a gente tem metida uma droga por entre as mangueiras do narguilé que rapidamente expele argumentos surreais e patéticos, do estilo: "pois foi, ele falhou naquele golo mas defendeu outras duas (porque ele defender é uma coisa para a qual ele não estaria, em princípio, vocacionado)!" ou o já mítico "o Roberto é muito forte psicologicamente!" ou ainda o alucinante e alucinogénico conceito de que o dinheiro não interessa para nada (é por isso que o Villa custa o mesmo que o Mantorras) que se consubstancia na frase exemplar que interroga, perscruta, do alto das mais notáveis inteligências: "mas afinal o que é que os 8,5 milhões têm a ver com isto?".

O país e o Mundo. O país e o Benfica. Para o bem e para o mal. E a eterna confusa interpretação dos benfiquistas entre o apoio aos nossos e a acefalia crónica.

domingo, 6 de março de 2011

Ao intervalo...

O outro Roberto voltou...

(coisa estranha: o ódio esgazeado que vejo no público e nos jogadores do braga soa a... Pois, a fóculporto...será que está a alastrar? Uma vacina rápido, por favor!)



sábado, 5 de março de 2011

Um onze de prioridades

Miguel Esteves Cardozo - 2, José Diogo Quintela - 1

Durante o último dérbi, o "Público" disponibilizou online a possibilidade de ir acompanhando as incidências do jogo através de comentários por parte de um benfiquista, Miguel Esteves Cardoso, e de um sportinguista, José Diogo Quintela. Desconhecia que isto tinha acontecido e desde já digo que acho a ideia genial. Mas, mais do que a ideia, o resultado. Pérolas atrás de pérolas. Saboreiem devagarinho (está de baixo para cima, como convém a um bom cabeceamento):


José Diogo Quintela Não percebo porque é que a equipa deu esta sensação de que podia ganhar. Depois desta época, em que já não esperamos nada, é cruel. É como aquelas ex-namoradas que manda sms a perguntar “como é que estás?” e “tenho saudades de nós”. Depois de nos terem destruído, dão-nos esperança, mas acaba por não ser nada.

José Diogo Quintela Um abraço ao Miguel, a única razão para eu ter visto este jogo. Se não fosse este bate-boca, tinha ido ao hipermercado.

José Diogo Quintela Atenção ao que se vai andar aí a dizer: o Sporting não jogou bem. Foi sobranceiro e jogou o que achava que bastava para ganhar ao Benfica. Normalmente chegaria, mas os rapazes do Benfica são muito briosos e excederam-se.

Miguel Esteves Cardoso Parabéns ao Sporting e ao Zé Diogo, por terem marcado aquele primeiro golo que tanto contribuíu para suscitar os dois golos do Benfica que resolveram o jogo.

Obrigado, Sporting, por ter tornado este jogo banal num jogo vagamente interessante.

Assim, sim!

José Diogo Quintela Fico lisonjeado com a alegria histérica que os adeptos do Benfica demonstram, por terem ganho um jogo numa competição menor. É sinal do temor que sentem pelo Sporting.

Miguel Esteves Cardoso Acabou. Foi um jogo entediante. O Sporting jogou mal e o Benfica não jogou melhor. Ambas as equipas tiveram o que mereceram. O Sporting sente o frisson proibido de só ter perdido no último minuto na Luz. O Benfica tem a falsa consolação de ter ganho quando parecia ter empatado. Este é o sangue-frio e o "fair play" de quem ganha e sabe ganhar, da maneira mais elegante.FIM DO JOGO. 2-1 para o Benfica É a 18.ª vitória seguida do Benfica e a oitava derrota do Sporting, o que iguala a pior série da equipa de Alvalade.

José Diogo Quintela Melhor assim. Os penáltis seriam de mais e eu ainda tenho um episódio de Grey’s Anatomy para ver.

José Diogo Quintela Esta mania de o Benfica, de correr muito no fim dos jogos é mesquinha. É mesmo à português calão. Deixar tudo para a última hora.84 e 87 Min. Duas boas oportunidades, uma para cada lado. Coentrão acertou em Patrício. Logo a seguir, Matías obrigou Roberto a grande defesa.

José Diogo Quintela Abel tira a aliança antes de entrar. É um homem avisado. Podem estar mulheres bonitas a ver.José Diogo Quintela Rui Santos diz agora que a equipa do Sporting encurtou. Para Rui Santos o jogo é uma piscina fria.84 Min. João Pereira lesionado dá lugar a Abel.

José Diogo Quintela Estão a ver como acertar nos postes é mais difícil? 82 Min. Cardozo cabeceia à TRAVE.

José Diogo Quintela Os jogadores do Sporting estão a correr de mais. Deviam resguardar-se. Há jogo importante no fim-de-semana.

Miguel Esteves Cardoso Por muito que me custe dizê-lo, estamos, Benfica e Sporting, mal uns para os outros. Até parece que estamos ambos aliviados por não jogarmos contra uma equipa melhor e mais estrangeira, que não é de Lisboa.

Empatar é concordar. Empatar é esperar. Empatar é o mais alfacinha que há.

José Diogo Quintela Pablo Aimar não estava a apreciar o jogo e sai. É um cagão.

José Diogo Quintela Em vez de cantos, preferia que o árbitro marcasse penáltis contra o Sporting.

Miguel Esteves Cardoso Se o Benfica ganhar, é um grande pontapé em Lisboa de que o Sporting, apesar de tudo, faz parte. Rapaziada benfiquista: haja dó; haja solidariedade concelhia!73 Min. Será que isto vai a penáltis? Está com ar disso.

José Diogo Quintela Rui Santos disse agora que o Sporting mantém a equipa comprida. Já mandei as crianças saírem da sala.

Miguel Esteves Cardoso Que grande tédio de jogo! É como a "Rua do Capelão", contra o "Ai, Mouraria", cantadas pela Adelaide Maria ou pela Maria Adelaide.

Os passes de rotura, Zé Diogo, como as simulações do Benfica, são, concordo, importantes para o espectáculo do "derby". Mesmo assim, Hélder Postiga tem levado muita porrada para quem só quer semear a paz.

José Diogo Quintela O Maniche ainda não entrou porque o realizador está à espera da grande angular.

José Diogo Quintela Olhem-me estas substituições! O Benfica quer mesmo ganhar! Não tem limites a ganância desta malta? Uma competição que não interessa ao menino Jesus.69 Min. Bela defesa de Roberto, a desviar para canto um remate de André Santos.66 Min. Dupla substituição no Benfica. Saem Carlos Martins e Gaitán, entram Aimar e Jara.

José Diogo Quintela O Vukcevic usa a t-shirt como os pintas de Alcântara. Só falta ter o maço de tabaco na manga enrolada da t-shirt.

Miguel Esteves Cardoso Que Sporting é este? Que falta de respeito por Lisboa constitui este triste esforço de fazer parte desta cidade? José Diogo Quintela Reparem como o Roberto não tem coragem de esperar até chutar, como o Rui Patrício.

José Diogo Quintela Acho mal o amarelo a Salvio. Não se deve castigar um jogador benfiquista por simular. Se os jogadores do Benfica não simularem é uma parte da identidade do clube que se perde. É como amarelar os jogadores do Porto por darem cotoveladas.60 Min. André Santos remata ao lado da baliza do Benfica. Jogo continua equilibrado.Estão 49.652 espectadores na Luz.57 Min. Amarelo para Salvio, por simular falta dentro da área.

José Diogo Quintela Rui Santos diz que o Benfica precisa de passes de rotura. Eu concordo, com algumas reservas. Miguel?

Miguel Esteves Cardoso O intervalo foi justo: 1 a 1. Como eu para o Zé Diogo. "Mano a mano", como dizem em Beja.

A verdade é que o José Diogo Quintela mente. Refere-se a mim como se eu fosse uma autoridade benfiquista, com três nomes, alegando que não me conhece. Conhece-me. E conhece-me bem. Aqui há uns anos, quando o Sporting ainda acreditava no futuro, consultou-me (sem pagar) acerca do caminho que o Sporting haveria de seguir para ser levado a sério, como o Benfica.

Eu respondi com um sorriso e um abraço. Ficámos amigos para sempre. Embora ele, agora, negue, por ser diferente. Do Sporting.

A segunda parte está a ser cruel para o Sporting. Que não sofram mais do que têm de sofrer, é o que desejam todos os portugueses de bom coração.53 Min. Bom remate de Postiga, mas a bola sai por cima.

José Diogo Quintela Cristiano está a aquecer, mas não me parece que o jogo esteja assim tão desequilibrado a favor do Sporting, para ser preciso pôr o Cristiano.

José Diogo Quintela Os adeptos do Benfica estão sempre a gritar o nome da equipa. É claramente para não se esquecerem quem é que estão a apoiar. Se se distraírem durante um minuto, podem pensar que afinal são do Sporting. O instinto é esse. Darwin explica. É a teoria da evolução por selecção sexual: um homem que se dá ao luxo de ser do Sporting, sofrendo muito por isso, é atraente para as mulheres, que percebem que é física e emocionalmente resistente.

Miguel Esteves Cardoso Que poderemos esperar na segunda parte? Se calhar, nada. O Sporting, em Alvalade, tem perdido por 2 bolas a zero. O Benfica está preparado, para poupar esforços, para lá ir empatado 1-1 e ganhar por 1 a zero, metade da última vez.

A verdade é que o jogo de hoje é desinteressante. O Sporting está doido para ganhar. O Benfica ainda não percebeu que não está num jogo amigável.

É comovente ver a vontade do Sporting de empatar: um resultado de sonho, considerando os triunfos recentes.46 Min. Começou a segunda parte. Não há substituições. relembramos que em caso de igualdade o jogo segue directamente para o desempate por penáltis. Não há prolongamento.

José Diogo Quintela Os benfiquistas andam com a mania da “nota artística”, mas o Sporting é que é tecnicamente mais evoluído. Acertar com uma bola no poste é muito mais difícil do que acertar com ela na baliza.E agora comentários que circulam pelo Facebook.Olha o meu Benfica a deixar o Sporting jogar um bocado. Mas esperem ai que ja vamos ver a segunda parte há BENFICAA!! :)

José Diogo Quintela Ver o Cardozo a ganhar em velocidade ao Polga causa o mesmo desconforto de apanhar os próprios pais a fazerem o amor.

José Diogo Quintela Reparem na diferença entre os golos. A souplesse de Postiga contra a rudeza de Cardozo. Quer dizer alguma coisa. O quê? Não sei, mas alguma coisa, de certeza.

José Diogo Quintela Cheira-me que ainda vai ser expulso algum futebolista do Sporting. Ou mesmo o Polga.

Miguel Esteves Cardoso O Sporting atingiu a glória de estar empatado com o Benfica em 2011, quase como se fossem equipas do mesmo quilate.

Parabéns, Sporting! Jamais algum lagarto louco sonhou atingir um resultado tão maravilhoso.

Obrigado, Benfica, por terem tornado possível o sonho dos petizes de Alvalade!42 Min. Boa defesa de Patrício, a remate de Cardozo.

José Diogo Quintela Não sei do que é que o Miguel Esteves Cardoso está a falar.37 Min. Amarelo para Maxi Pereira

Miguel Esteves Cardoso É uma grande penalidade, ser do Sporting. Mas o golo, mesmo falhado à primeira, tinha de entrar. O Sporting não está habituado a estar a ganhar. Os cartões amarelos castigam o que é apenas a sensação surrealista de não estar a perder. Cardozo confirmou que continuam empatados.

José Diogo Quintela Está reposta a injustiça no marcador.34 Min. GOLO DO BENFICA. Após canto, Cardozo faz o empate de cabeça.

 
José Diogo Quintela Peço desculpa por mais esta falta de educação de Rui Patrício.33 Min. PATRÍCIO DEFENDE O PENÁLTI de Cardozo.32 Min. Penálti a favor do Benfica. Polga agarra Javi García e vê cartão amarelo.31 Min. Amarelo para Postiga

José Diogo Quintela Gosto de Torsigleri. Já era tempo do Sporting ter um central que faz a barba mais do que 3 vezes por semana.

Miguel Esteves Cardoso Revelo que o José Diogo Quintela que me trata por "o Miguel Esteves Cardoso" é um amigo meu, de quem muito gosto, que eu trato por Zé Diogo e que me trata por "Miguel". Não sabia que era sportinguista. Nem tão-pouco que iria estar a ganhar por 1-0. Mas consigo viver com isso. Temos uma amizade à prova do Sporting, como todas as amizades sinceras.28 Min. Amarelo para João Pereira.

José Diogo Quintela Espero que os jogadores do Sporting tenham a noção de que, se chegarem ao intervalo a ganhar, vão apanhar do Jorge Jesus e do Rui Costa no túnel.25 Min. Cartão amarelo para Torsiglieri

Miguel Esteves Cardoso Golo do Sporting - ainda bem!

Que bom para eles.

Folgo em ver, sinceramente.

No entanto, por muito amigo que eu seja do Zé Diogo Quintela, tenho a tristeza de dizer que nem uma vitória na Luz seria capaz de devolver a esperança aos corações leoninos.

É uma falha humana, que aguento, contra vontade e com pesada culpa: por muito que me examine e me castigue, tentando ser justo e misercordioso, não consigo desejar o bem do pobre Sporting. Mesmo quando ele precisa mais.

Quando o Sporting triunfa, todos somos sportinguistas, por solidariedade. Quando falha, podemos ser do clube de que somos. É uma questão aritmética: nunca temos de ser sportinguistas. Haverá maior orgulho na vida do que não ser?

José Diogo Quintela Peço desculpa por esta falta de educação. 21 Min. GOLO DO SPORTING. Hélder Postiga marca de cabeça. É o regresso das "Robertadas", porque o guarda-redes do Benfica foi mal batido

 
Miguel Esteves Cardoso Estendo o meu abraço aos monumentais Futebol Clube do Porto e Sporting Clube de Braga, que assistem a este jogo com duas friezas tão monumentais como desejáveis.

Já agora, quando é que o Sporting compreende que está para o Benfica como o Boavista para o Porto, só que com o estádio ainda mais perto?

José Diogo Quintela Agradeço ao Miguel Esteves Cardoso e retribuo a compaixão. Tenho pena da pressão insuportável que se abate sobre o Benfica, a ganhar há tantos jogos seguidos. O medo da derrota está estampado na cara do treinador. E não falo dos esgares provocados com o mascar de boca aberta.

Miguel Esteves Cardoso Triste é dizer que nem uma vitória na Luz seria capaz de devolver a esperança aos corações leoninos.

José Diogo Quintela Espero que o árbitro não resolva prejudicar o Sporting, expulsando um jogador do Benfica.

Miguel Esteves Cardoso Está muito queixoso na zona das costelas": um excelente diagnóstico médico-metafísico do Sporting. Entretanto, o Benfica já desenhou a lápis o primeiro golo que, com vagar, há-de pintar.

José Diogo Quintela José Couceiro, que é um senhor, percebe que isto está muito desequilibrado e coloca Polga. O fair play não é uma treta em Alvalade.

Miguel Esteves Cardoso "Estão mais de 30 mil espectadores" na Luz. A excitação nacional está bem bem representada.14 Min. Primeiro lance de perigo. Cardozo chegou tarde a um cruzamento de Gaitán.13 Min. Daniel Carriço lesionou-se e tem de abandonar o jogo. Entra Polga.

Miguel Esteves Cardoso Posso começar por dizer que, seja qual for o resultado, tenho pena do sofrimento do Sporting? Nenhuma equipa, por muito reles que seja, merece sofrer o que o Sporting está a sofrer neste momento, há muitos anos. O sofrimento do Sporting, seja por dentro, seja por fora, é um martírio sem par no calvário internacional. Zé Diogo Quintela: eu sinto a tua dor.

José Diogo Quintela Claro que estão pouquíssimos adeptos do Sporting no estádio. Estão todos em casa, a debater os candidatos às eleições. Só os benfiquistas é que reduzem um clube a um joguinho de futebol.

José Diogo Quintela Vê-se que os jogadores do Benfica levam este jogo mesmo a sério. Estão mesmo a querer ganhar.9 Min. Jogo ainda sem oportunidades, mas com um bom início do Sporting, a impor respeito ao Benfica.

Miguel Esteves Cardoso Começa a ser embaraçoso isto de se chamar um "derby" à obrigação legal de jogar contra o Sporting. "Derby" é um estilo de chapéu antiquado, que já ninguém usa - a não ser, como o Benfica, quando é obrigado a jogar contra o Sporting, com a maior das vergonhas.

José Diogo Quintela É muito desagradável o barulho que os adeptos benfiquistas fazem.

Miguel Esteves Cardoso está a resolver alguns problemas técnicos, antes de entrar em acção.

José Diogo Quintela Como é que se coloca um anúncio protagonizado por um benfiquista, mesmo antes do início do jogo? Escandaleira!

José Diogo Quintela Tem graça colocarem aqui as imagens do jogo da época passada. A meia-final do ano passado foi dramática para os sportinguistas, porque coincidiu com o regresso de Bettencourt das suas férias no Brasil. Espero que este ano não se repita a brincadeira e apareça JEB a dizer “Cucu! Estou de volta!”

0 Min. Começou o jogo. Saiu o Sporting com a bola.20h43 Hoje há duas certezas: 1) haverá um derrotado neste jogo 2) não há prolongamento, porque em caso de empate após os 90 minutos a partida segue imediatamente para os penáltis

José Diogo Quintela Quero saudar o Miguel Esteves Cardoso e desejar boa sorte para o jogo. É muito mais importante para o Benfica do que para nós, que temos mais com que nos preocuparmos.

Hoje temos uma pergunta de lançamento para os nossos leitores. Qual é o jogador da sua equipa em quem mais confia?

José Diogo Quintela

Vou começar por fazer um blackout a essa questão.20h26 Já há constituição oficial das equipas.

Benfica: Roberto; Maxi Pereira, Luisão, Sidnei, Fábio Coentrão; Javí Garcia, Salvio, Carlos Martins, Gaitán; Saviola, Cardozo.

Sporting Rui Patrício; João Pereira, Carriço, Torsiglieri, Evaldo; André Santos, Zapater, Yannick Djaló, Matías, Vukcevic; Postiga.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Não te cansas de ganhar ao Sporting, Jesus?

1) É por isto que gosto do jogo dos jogos em Portugal: mesmo em baixo, o Sporting tinha de entrar neste jogo como se, perdendo, lhe vendessem a mãe a um mercado negro na Etiópia. Estiveram muito bem os jogadores sportinguistas: concentrados, organizados, compactos. Tirando o Postiga, que esteve parvo. No fim, a mãe do Sporting foi vendida mas com uma flor na orelha.

2) Eu pensava que era o Moreira o guarda-redes da Taça da Liga. Pelos vistos, não. Erro de Jesus. Pelo sinal que dá ao português e por aquilo que aconteceu. Mas, meus caros, Roberto é aquilo: lance do golo do Sporting e grande defesa no fim. É aquilo, não há volta a dar. E aquilo não acalma o meu coração.

3) Alguém avise o Jesus que o Cardozo não está para marcar penáltis. Já chega. Com Saviola, Aimar, Salvio, Martins e Kardec (parece que é o melhor, palavras de técnico), para quê metermos o cu no espeto? É verdade que os paraguaios são bons em churrasco mas esta carne está queimada. E toda a gente sabe que a boa carne vem mal passada.

4) Metam o Gaitán num congelador até Quinta-feira, se fazem favor. O homem aos 10 minutos estava estoirado. E, estoirado, como sabe quem esteve lá dentro, pensa-se e executa-se a ritmo de caracol. Deixem lá o Nico dormir até tarde no Domingo a sonhar com o Gardel. Que volte fresquinho com os parisienses.

5) Já disse que gosto de ver o Javi a festejar golos? Aquele espanhol é do Benfica desde que nasceu. Que garra! Ainda por cima é o único do plantel que a minha namorada gosta. Deve ser do sentido posicional do homem...

6) Os golos consecutivos nos últimos minutos não são sorte. São alma. E este Benfica transborda alma. Há quantos anos não víamos um Benfica deste? O benfiquinha está enterrado.

7) 18 vitórias consecutivas. A sério, não estou a brincar. 18. Atingimos a maioridade.

8) O que dizer das queixas dos sportinguistas sobre a arbitragem num jogo sem mácula? Anti-benfiquismo primário e bacoco. Ridículo.

9) O que é aquilo do labrego do Jesus de tirar a gorila de laranja para gritar com os jogadores? Não podíamos arranjar maior taberneiro, pois não? É Benfica. Que fique por muito tempo e esvazie o stock que ainda resta das Gorila. Qualquer dia põem a cabeleira dele no rótulo.

10) Acabei de fazer um bacalhau com farinheira, grelos e broa. Quando abri a porta do forno, vi a taça da Liga Europa no queijo gratinado.




quarta-feira, 2 de março de 2011

O caminho errado para a vingança

O mundo, apesar de todos os apesares, é um lugar que tem um certo equilíbrio. Quando dá de um lado, tira do outro e são raras as vezes, embora elas existam nem que seja para corroborar a regra, em que dá tudo ou tudo tira. Diamantino Miranda - "Diamante" para os mais sensíveis ao culto da temática poética no futebol - é disso exemplo claro. Jogador virtuoso, capaz de empolgar as plateias com uma técnica miúda e imprevisível - foi isto que o Mundo lhe deu. E não foi pouco generoso, o Mundo.
Só que, a dada altura, específica e exactamente no segundo em que viu o árbitro apitar para o final do seu último jogo, Diamantino Miranda caiu na falácia tão típica dos que perdem o rumo à existência: abrutalhou-se. Se, dentro de campo, "Diamante" demonstrava à saciedade o paradigma do jogador neuronal, palavra que acabei de inventar mas que parece fazer todo o sentido (pelo menos para os ingleses), já fora dele, embrutecido e estupidificado, Miranda não tem feito outra coisa, comentando jogos ou dando entrevistas, que não seja presentear-nos gratuitamente com a sua estupidez desarmante.
Sejamos visuais e pragmáticos (ou, à Rui Oliveira e Costa, paradigmáticos): isto que aqui lemos é Diamantino fora do campo; já isto, por outro lado, é Miranda de chuteiras. Notam alguma diferença?

São tantos os factores de vantagem que o Benfica tem para o jogo de hoje que alguns iluminados sentem-se na obrigação de tornar o dérbi mais apetitoso. O que é compreensível, todos nós gostamos destes jogos. Que esses alvos da luz eterna sejam do Benfica já é assunto do foro psiquiátrico - o que, se virmos bem as coisas, não deixa de constituir algo que tem sido natural neste Clube à força de não ganhar muitas vezes: a soberba, a megalomania, o disparate, a bazófia, a falta de humildade, o não saber ser melhor. Um pouco de calma, meus caros, mais trabalho e menos conversa. Joga-se lá dentro, com remates em Belgrado, não se joga com palavreados imbecis que só moralizam o adversário e amolecem os nossos. O que o Diamante diz pode, claro, acontecer (em futebol há pouca coisa que não possa acontecer), como pode - espantem-se as virgens! - acontecer precisamente o contrário. O que convém, se queremos ser Benfica de uma vez por todas e não o benfiquinha dos últimos 15 anos (excepção aos dois últimos), é não perder a memória e sobretudo, num momento em que podemos, de facto, esmagar o adversário, não vir dizer aos moribundos para que se levantem e comecem a andar. É que nem Jesus cometeu tamanho opróbrio.