sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O que os adeptos do Sporting vão cantar sobre Domingos lá para Dezembro

(música fabulosa recomendada pelo anónimo portista)

Incompatibilidade de Gênios

João Bosco

Composição: João Bosco/Aldir Blanc

«Dotô,
jogava o Flamengo, eu queria escutar.
Chegou,
Mudou de estação, começou a cantar.

Tem mais,
Um cisco no olho, ela em vez de assoprar,
Sem dó falou,
sem dó falou ,que por ela eu podia cegar.

Se eu dou,
Um pulo, um pulinho, um instantinho no bar,
Bastou,
Durante dez noites me faz jejuar

Levou,
As minhas cuecas pro bruxo rezar.
Coou,
Meu café na calça prá me segurar
Se eu tô
Devendo dinheiro e vem um me cobrar

Dotô,
A peste abre a porta e ainda manda sentar
Depois,
Se eu mudo de emprego que é prá melhorar
Vê só,
Convida a mãe dela prá ir morar lá
Dotô,
Se eu peço feijão ela deixa salgar
Calor,
Mas veste o casaco veste casaco prá me atazanar

E ontem,
Sonhando comigo mandou eu jogar
No burro,
E deu na cabeça a centena e o milhar

Ai, quero me separar»

5 comentários:

Carlos Carvalho disse...

Ricardo,

Gostei muito que tenhas apreciado a prendinha.

Como te tinha dito, o cartão de visita do teu blog foi o enorme Chico Buarque. Encontrei também uma referência a um filme que adorei (El Secreto de sus Ojos), e depois vieram muitas afinidades musicais como Manu Chao, Bob Marley, Jazz e todos os brasileiros que referiste.

Em relação ao futebol temos seguramente bastantes opiniões divergentes, mas acredito que mais ou menos moderadamente, possamos falar sobre isso.

Já cantava a mulher do Guy Ritchie:
"Music makes the people come together
Music mix the bourgeoisie and the rebel"
(deve ter sido a única coisa de jeito que ela grunhiu)

Como está a começar o campeonato e a malta está com fome de bola, deixo aqui outra prendinha:
(nesse grande álbum ao vivo a Maria Rita foi convidada para cantar 2 músicas)

http://www.youtube.com/watch?v=8is3DLe3sVo

Abraço

Anónimo disse...

Uma Grande Música do João...

Ricardo disse...

Carlos (com nome é mais giro), obrigado pela prenda, aliás, pelas duas - já aqui tenho os álbuns dos dois: um, do Bosco, acústico MTV de 1992, e o do Rappa, de 2005, esse em que a Maria Rita canta duas músicas. Grande som. O Rappa conhecia umas músicas - fantástica a forma como eles combinam estilos tão diferentes e que, à partida, poderiam não ficar bem. Mas ficam. Quanto ao Bosco, musicalmente é excelente. Descobri numa entrevista que vi há pouco que ele já trabalhou com o Vitorino, um dos meus compositores/cantores preferidos em Portugal. Eles sabem.

Futebol podes falar à vontade, como é óbvio. Divergências teremos seguramente mas essas acontecem com todos, até (especialmente?) com adeptos do mesmo clube.

Abraço.

Carlos Carvalho disse...

Não sabia que o João Bosco já tinha feito alguma coisa com o Vitorino. Na verdade não conheço muita coisa do Vitorino. Mas gostei muito do álbum "Vitorino e Janita Salomé cantam José Afonso", a "Redondo Vocábulo" está genial.
Uma coisa que adoro nos artistas brasileiros é a partilha de palco e de canções.

Recomendas algum álbum do Vitorino?
Dos maduros gosto muito do Sérgio Godinho e Fausto. Mas gosto de muita coisa portuguesa como Ornatos Violeta, Clã, António Variações, Jorge Palma, Rui Veloso, Mariza...

Das melhores coisas que tenho ouvido ultimamente é a cabo-verdiana Mayra Andrade, tem dois álbuns brutais, "Navega" e "Storia Storia".

Dá uma olhada:

http://www.youtube.com/watch?v=Na8qAQlWblk

Ricardo disse...

É-me difícil recomendar alguma coisa do Vitorino porque o primeiro instinto é recomendar tudo. Depende do que aprecias mais. Ele tem um espectro tão grande que dá para todos os gostos. Se gostas de um som mais do Sul como conceito, uma fusão de Sul da Iberia e Norte de África, ouve o "Sul" e o Cantigas de Encantar"; se gostas de fado, "Negro Fado" e "Eu que me comovo por tudo e por nada". Numa fusão, "A canção do bandido". Tens a aproximação mais radical (embora sempre tivesse estado presente) aos sons latino-americanos com o "La Haban 99", tanta coisa. O "Alentejanas e Amorosas" é estrondoso! O "Ninguém nos ganha aos matraquilhos" fantástico; depois tens abordagens aos tempos em que passou com o Zeca ("Utopia" é genial; e, sim, a versão da "Redondo Vocábulo" não tem palavras de tão boa"). É muita coisa, melhor escolher um e começar a curtir. Curiosamente, apesar de toda a vasta e excelente discografia, quase ninguém conhece o Vitorino em Portugal. Quer dizer, tirando o facto de cantarem a "Menina, estás à janela": Mas o Vitorino é um génio musical. País pequeno, este.

Gosto de todos os que dizes, da Mariza nem tanto, apesar de lhe reconhecer uma voz portentosa. No fado, tenho em pontos muito altos o Carlos do Carmo, a Amália, Cristina Branco, Mísia e o Camané. Também gosto da Carminho e de outras vozes mais recentes sem que lhes conheça a fundo o trabalho.

No resto, António Pinho Vargas no jazz é e foi um inovador completo. Fernado Girão, Júlio Pereira, Paredes, Zeca, claro. São tantos tão bons.

A Mayra já me chamou a atenção. Mas conheço duas ou três músicas.



Do Bosco, estou apaixonado por esta:


http://www.youtube.com/watch?v=Vp-1uA1ILN0&feature=related

Dois poemas geniais. Um, o primeiro, do Mayakovsky, outro, dele próprio, Bosco. Mais uma vez, muito Obrigado. Este Bosco veio preencher um vazio, claramente.

Abraço.