quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O nosso Benfica bipolar: do êxtase à depressão.

Apito final do árbitro, vêem-se as pessoas na bancada: uma tristeza, nem um sorriso. Os adeptos abandonam o estádio com uma estranha sensação: isto foi bom ou foi mau? Ninguém sabia dizer, enquanto olhavam para o chão imaginando degraus e fazendo contas às horas de chegar a casa.

Este Benfica é uma montanha russa de se lhe tirar o chapéu, há de tudo num só jogo, dá para fazer o pino, ver porcos a voarem, fazer concursos de hamburgueres comidos e ainda assistir a ópera. Nunca se sabe o que pode vir a seguir. Jesus, como maestro, dá o mote, calcorreando quilómetros entre as linhas de fundo e meio-campo: vocifera, barafusta, sorri, exaspera-se, dá em doido. No campo, os jogadores olham-no, incrédulos uns, outros tentando entender as directrizes traçadas a gestos de louco e caralhadas. Os adeptos vivem no meio disto tudo, ora esticando a goela para fora da boca, ora caindo numa chuva torrencial no coração, entre o sonho e asombra, perdidos de amores e desamores por uma equipa que dá e tira, tira e dá, como um nota de violino enferrujado. É bom, este Benfica, tal qual é mau, este Benfica. Temos de tudo, para todos os gostos. Mais Bem que Mal, no fim de tudo.



Algumas notas soltas, daquelas de peidar verdades falsas, de treinador de bancada:



- Já o disse antes, há pouco tempo, quando o GR do Benfica estava (e está?) nos píncaros: Roberto não é GR para o Glorioso.



- O David Luiz está a fazer de tudo para desvalorizar. Acho bem, sempre fica cá até ao final da carreira.



- O Luisão está feito um Rei.



- Maxi Pereira? Mini Pereira.



- Não me façam falar no Coentrão. Não tenho horas suficientes para tanto elogio. Que bomba. Foda-se.



- Ainda Coentrão: com toda a certeza do mundo, Coentrão a lateral. Não sempre, dependendo do jogo, claro, mas Coentrão a lateral. Aquele homem defende magistralmente e depois é dar-lhe espaço para embalar em foguetão. E agora uma coisa para levar tiros no cu por roubar goiabas ao nhô Lau: o Peixoto entra bem num esquema à frente do Coentrão, se à direita tivermos um gajo como o Salvio: permite equilibrar mais a equipa. No fundo, funciona de Ramires (salvo seja!) e o argentino de Di Maria. Mudam-se as direitas das esquerdas, mas a ideia do ano passado continua. Além disso, o Peixoto defende melhor se jogar mais à frente, compensando o Coentrão. You can shoot me now.



- Adoro o Javi Garcia. Apesar dos apesares. E de lhe faltar o Ramires.



- Adoro o Martins. O gajo a 10 é bom porque não é um 10, é um 8, um 6, um 7 e meio, um -10. Alguma coisa. E é gajo para saber meter as bolas para golo.



- O Saviola joga tanto. Não é possível não ver isto.



- Cabecinha de Kardec é ouro, meus amigos. Mas não é (ainda?) o Cardozo.



Dito isto, feliz e contente, espalhando quase só elogios, dizer apenas isto: aqueles 15 minutos finais são uma vergonha para um clube como o nosso. Aquilo é amadorismo ao mais alto nível. Não aceito que o Benfica, a ganhar 4-0 aos 75 minutos (com vantagem no confronto directo e com uma melhoria no goal-average), demonstre tamanha displicência, tamanha desconcentração, tamanha incapacidade para rolar a bola, tranquilamente, aproveitando os espaços que os franceses estavam a permitir. Em vez disso, uma equipa partida, nervosa, a cometer erros básicos. Uma vergonha. Espero que o Jesus mostre estes últimos 15 minutos a todos os jogadores 150 vezes até Domingo. Uma lição daquilo que não se faz em futebol, principalmente em vantagem tão descontraída.



Domingo vamos ganhar ao Dragão. Mas não nos livraremos de uma frangalhada real.




























1 comentário:

Sérgio disse...

Vinha aqui mandar umas postas de pescada...mas já está tudo dito (e bem, muito bem)!

A sublinhar alguma coisa, a marcador encarnado, sublinho a ideia da equipa de coração. Temos que aceitá-la e ao seu treinador como são, com tudo de bom e tudo de mau: os dilúvios de golos que vimos no ano passado são siameses desta vitória tangencial. Não há razão, não há controlo emocional, haja coração!

P.S.: COENTRÃO!
...e só mais uma coisa:
Ricardo,
Posso mandar a primeira chumbada nessas nádegas? Para mim o Peixoto já anda a dever aos benfiquistas uma lesão-da-cartilagem-do-menisco-que-acaba-com-a-carreira desde o defeso...a lentidão, os erros, a incapacidade para jogar ao ritmo da equipa...enfim, eu sei que deve ser difícil dividir o flanco com o Coentrão (ele faz o mau parecer péssimo!), mas caramba, o gajo está acabado...