segunda-feira, 17 de maio de 2010

Um cromo sem caderneta

Quando eu era pequeno, fazia-me confusão que a mentira não fosse punida decentemente, que ela sobrevivesse à verdade, que se impusesse, que, no limite, por ser ignorada, se tornasse para muitos verdadeira. Lembro-me de ir ter com o meu pai a chorar porque um amigo mais velho dizia que o cromo do Eilts valia mais que o do Moller. Era mentira. Uma vergonhosa mentira, e tinha de ser desfeita naquele momento, sem apelo nem complacência. Câmara de gás, no mínimo, embora naquela altura a câmara de gás para mim fosse ter de ficar sem jogar futebol pelo menos uns 10 minutos. O meu pai ria-se, continuava o que estava a fazer e eu voltava à troca de cromos sem que a mentira tivesse sido desfeita. Mas não trocava o Moller pelo Eilts, que isso já era exigir em demasia à minha própria verdade.
Hoje em dia, apetece-me, em vez de chorar, bater, sempre que um mentiroso mente com quantos dentes tem mas com a cara de quem está, qual arauto da honestidade, a ser justo. Vejo Domingos Paciência (e se ela é precisa...), dia sim, dia não, afirmar autênticas barbaridades, MENTIRAS!, em frente às câmaras, e logo a vontade de um espancamento colectivo me sobe pelo corpo todo. Não é bonito, bem sei, este sentimento. Não é lúdico, não é recomendável, mas custam-me estes atalhos ao pensamento, estes desvios de personalidade, esta espécie de opinião-travesti com que Domingos nos brinda sempre que abre a fétida boca.
Elas, as mentiras, são tantas que daria muito trabalho explicá-las aqui pormenorizadamente, mas quem está atento ao futebol, que se lhe dedica com paixão e o quer defender, sabe bem ao que me refiro. Não só benfiquistas, mas todo e qualquer um que preze a honestidade, o saber ganhar e o saber perder deverá sentir o mesmo, estou em crer.
E é por isso que lanço o repto à direcção do Porto: não percam esta oportunidade! Um bípede com esta qualidade para mentir, para conspurcar, para corromper o futebol português tem, por genética e por direito adquirido, o dever de poder continuar a sua carreira num clube que saiba aproveitar, e melhorar até, estas características. Senhor Pinto da Costa, faça-me um favor: contrate Domingos para treinador do seu clube. Já!, antes que um qualquer Paços de Ferreira ou até mesmo um Chaves o faça! Domingos a treinador do Porto, porque o Porto e Domingos se merecem.
E porque - para bestas e mentiras, futebol e vitórias - nada me daria mais gozo do que deixar o Domingos, treinador do Porto, a dizer barbaridades mais umas épocas. Seria bom sinal.

2 comentários:

Sérgio disse...

Não acredito que este post tenha sido deixado sozinho...aparentemente a malta frequentadora (?) desta espelunca está de férias!

Chefe...brilhante. Se algum dia o V. Serpa lê os teus textos; tás feito ;)

Unknown disse...

Mas ainda te admiras, vindo da escola da qual ele veio, que este indivíduo diga o que disse?

Eu vou-me rir para o ano, quando este gajo estiver no meio da tabela.. Aí, vai ter de ter muita paciência.