domingo, 31 de maio de 2009

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http://web3.cmvm.pt/sdi2004/emitentes/docs/PCT24157.pdf

A SAD do Benfica comunicou hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) um resultado líquido negativo de 18 milhões de euros correspondentes aos primeiros nove meses da época 2008/09, segundo os resultados do terceiro trimestre.O passivo da SAD encarnada aumentou 20,48 por centoASF O comunicado enviado à CMVM refere que os 18.450.273 euros negativos contrapõem aos 3.684.109 positivos registados no mesmo período da época 2007/08, resultados justificados pelo aumento dos custos (41,5 milhões) e pela quebra das receitas (36,5 milhões contra 41,9 no ano passado).O passivo da SAD do Benfica totaliza agora 150.663.794 euro!!!

sábado, 30 de maio de 2009

Rambla pa'qui, rambla pa´llá, esa es la rumba de Barcelona

Este blogue agradece o futebol de rua visto na passada Quarta-feira, com a ligeira diferença de ser numa rua esverdeada dentro de um coliseu cheio com uns milhares a assistir, e vem proclamar o apoio ao melhor jogador do Mundo: Andrés Iniesta.




quinta-feira, 28 de maio de 2009

Quique, o mágico

Quique Flores. Mais um nome que fez manchetes, que encheu de esperança a nação benfiquista. Após uma época ridícula em que tivemos 2 treinadores e o Chalana, o cargo de treinador do Benfica tinha algo de bom, era difícil fazer pior, talvez por isso se explique o inacreditável apoio que o Quique teve quase até ao final da época. Treinador espanhol, jovem, não tinha grandes feitos no seu passado mas tinha conseguido resultados bastante razoáveis no Valência, o que a juntar à sua postura charmosa, ao seu bem falar, fizeram com que grande parte da nação benfiquista começasse ali a ver um potencial novo Mourinho. A mim confesso que desde o início a quantidade de vezes que ele repetiu a palavra “ilusión” me deixou na dúvida se teríamos o próximo Mourinho ou o próximo Luís de Matos, mas naturalmente que lá dei o benefício da dúvida como sempre.

Na pré-época houve coisas que me desagradaram logo. Todo o mundo teve oportunidade de treinar (até Edcarlos e Luís Filipe) mas houve pelo menos 3 que me pareceram um pouco postos de lado: Zoro, Petit e Adu. Se em relação ao primeiro nem me aqueceu nem arrefeceu, os outros 2 eram dos meus favoritos, e por isso a facilidade com que Petit saiu, e a vontade de despachar Adu não me agradaram nada. Claro que fica por saber se foi decisão sua ou superior, mas se um treinador aceita tudo sem se impor é um banana e não serve, se foi decisão sua ter que ver com os seus próprios olhos cepos como os que viu e nem sequer exigir uns treinos para o Adu, então é um nabo. Também decidiu não contar com Diamantino e Chalana. Decisão legítima, mas tem que abarcar com as consequências. Se eu for trabalhar para a China, se a empresa me colocar um tradutor à disposição e eu recusar, a partir daí não me posso desculpar por não perceber chinês. Infelizmente, por alguns banhos tácticos que Quique levou, deu para perceber que ele não fazia a mínima ideia de como o adversário jogava, ao contrário deles que conheciam o nosso futebol previsível de trás para a frente. Como se isto não fosse suficiente, veio a guerra com o Maradoninha, outro dos meus preferidos. Logo aí, se eu mandasse, entre Quique e Léo eu sei bem quem escolhia…

Passando ao futebol, apesar de alguns lampejos contra a lagartada e o Nápoles, o futebol apresentado não me entusiasmou. Começava-se a ver que seria um futebol razoavelmente eficaz contra equipas que assumissem o jogo, mas inconsequente contra quem não o fizesse, ou seja quase todas as equipas em Portugal. E mesmo algumas equipas que o assumiam conseguiam vulgarizar completamente a nossa equipa, como foram os casos do Gala e do Olympiakos. Entre os milhentos pecados que foi cometendo, vou tentar lembrar-me dos que lhe fui apontando, e resumi-los aqui:

- Filosofia de jogo muito à base da contenção e de transições rápidas, completamente contra-natura com o que o Benfica tem de ser;

- Total ineficácia na gestão da baliza, conseguiu passar a época sem dar confiança a nenhum dos GR;

- A dispensa de Leo conjugada com a titularidade primeiro do Jorge Ribeiro e depois do David Luíz fizeram com que passássemos grande parte da época debilitados no flanco esquerdo com a agravante de sacrificarmos o que podia (e pode) vir a ser um grande central;

- A aposta em Amorim na direita foi uma imbecilidade que nos custou o nosso melhor médio centro, e como se viu pelos jogos do Urreta tínhamos uma solução. Aliás, até teríamos outras, num Benfica mais atacante podiam jogar o Reyes ou o Di Maria no flanco direito. E goste-se ou não, houve um reforço escolhido por ele para esse lugar, se esse jogador falhou então ele será muito culpado;

- O duplo pivot para funcionar tem de ter 2 jogadores muito completos. Para mim só havia 2 no plantel (ou 3, no máximo) que podiam desempenhar bem o lugar: Amorim e Katsouranis. O 3º que me parece ter características para o lugar é o Felipe Bastos. Yebda é limitadíssimo no passe e no remate, Carlos Martins é fraquíssimo na ocupação de espaços, e Bynia está ao nível do Yebda. Perderam-se meses em que não se rotinou a melhor dupla, e isso podia-nos ter trazido mais pontos. E em certos jogos, certos momentos em que tínhamos de arriscar tudo por tudo, acredito que Aimar também podia ocupar uma das posições;

- As declarações sobre Reyes foram completamente inoportunas e a partir daí o rendimento do nosso jogador mais decisivo foi uma sombra do que vinha sendo. Reyes apesar de alguns alheamentos fez uma primeira metade da época em que se mostrou batalhador, motivado, o que conjugado ao seu incrível talento resolveu alguns jogos. Mas Quique é capaz de ter tido inveja de algum jogador aparecer mais nas capas do que ele, e com aquelas declarações parvas no Restelo perdeu um jogador, e que jogador;

- Aimar. Incrível como um ex-nº10 da Selecção Argentina pode ser um problema, mas Quique conseguiu. No seu esquema de 4-4-2 parece-me que Aimar só poderá funcionar num dos lugares do duplo pivot (perdendo-se alguma capacidade defensiva) ou numa das alas, desde que tenha alguma liberdade para flectir para o centro e exista um lateral com muita qualidade ofensiva. Mas Quique fiel ao seu esquema e à sua teimosia insistiu com Aimar a avançado. Foi triste ver o argentino no meio de jogadores corpulentos que o neutralizaram com alguma facilidade, vê-lo a finalizar mais (e mal) que a construir, conseguiu não tirar rendimento dele e queimar um lugar que tanto jeito teria dado a Cardozo;

- Suazo. O que disse a Aimar aplica-se a Suazo, se bem que por motivos diferentes. Este jogador podia ter feito uma dupla de sonho com Cardozo, mas Quique decidiu quase sempre jogar com ele e Aimar, fazendo com que Suazo tivesse que suportar quase todas as despesas de área. Quando nos víamos a ganhar era frequente ver Aimar recuar no terreno e a táctica era biqueiro para a frente para a corrida do Suazo, era deprimente ver o hondurenho completamente rebentado por andar o jogo todo a correr quase meio campo sozinho. E depois já se sabia, estivesse a 100% ou a 30%, ele era a primeira opção, Cardozo a segunda, o que tendo em conta que um é nosso o outro é do Inter, ainda se torna mais estúpido;

- Cardozo. Mesmo com todos os equívocos já referidos de Quique, uma coisa ficou provada neste final de época: com o Tacuara em campo as possibilidades de marcarmos golos e consequentemente ganharmos aumentam exponencialmente. Infelizmente Quique não descobriu isso, a lesão de Suazo é que o possibilitou. Nem quando foi assobiado por substituí-lo percebeu que era para ele;

- Mantorras. É coxo, não aguenta os 90 minutos, blá, blá, blá. Como o Trap percebeu mesmo com estas condicionantes todas Mantorras ainda pode valer ouro. Ou alguém duvida que em meia dúzia daqueles finais complicados de jogos com ele em campo havia sempre a hipótese de golo? Viu-se que Quique ficou surpreendido no último jogo da época, isso diz tudo.
Ainda podia falar do total desaproveitamento de Felipe Bastos e Urreta, mas o post já vai longo. E escusam de vir com a lenga-lenga de “no fim é fácil apontar os erros” porque quem me conhece e segue os meus comentários sabe que eu fazia estas críticas quando ainda liderávamos a Liga, não fui na “ilusión” tão publicitada.

Resumindo, quanto do descalabro foi culpa de Quique? Deve ele continuar?

Respondendo à primeira pergunta, muito. Apesar de reconhecer que hoje em dia no Benfica qualquer técnico se arrisca a ser queimado e não campeão, há uma série de erros de Quique que não têm nada a ver com as (in)competências de LFV e do Rui. Cometeu uma série de erros inadmissíveis, e mesmo num clube extremamente bem organizado corria o sério risco de fazer uma má época. E fez, aliás fez uma péssima época, a “sorte” dele foi como já referi entrar após uma época que roçou o ridículo, logo não era difícil melhorar um bocadinho, se bem que ele se esforçou. E não podemos esquecer que ele não sofreu com a saída de nenhum titular da época anterior, e ainda viu entrarem 10 jogadores que custaram mais de 2 dezenas de milhões de euros ao clube.

Quanto à segunda pergunta, defendo há muitos meses que as eleições deviam ser em Junho/Julho. Se fossem e tivéssemos um novo Presidente, defendi sempre que o Rui e o Quique deviam pôr o lugar à disposição, para que o novo Presidente pudesse escolher sem pressões financeiras. Caso fosse decidido dar um segundo ano a Quique por iniciativa do novo Presidente e o do Rui, tentando mostrar que os problemas do nosso futebol derivavam todos do LFV, eu iria aceitar respeitosamente a posição apesar de achar sinceramente que não ia funcionar. Acho Quique um fraco treinador, com graves problemas em termos motivacionais, e que revelou total ignorância sobre o futebol português, daí preferir a sua saída.

Por mim “vaya com dios” fazer companhia ao Nélson, não deixa nenhumas saudades.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O nosso Rui Costa...

Terminou mais uma época e é tempo de balanço. Farei um post para o Director Desportivo, outro para o treinador, e outro para os jogadores. Deixo de fora o Presidente por várias razões, por um lado acho que nem merece o tempo gasto, por outro vai haver eleições e cada um vota em quem quer, respeito a democracia.

Por uma questão hierárquica, começo pelo posto mais alto, o do Maestro Rui Costa.

Apesar de tornar este post (ainda mais) secante, obrigo-me a fazer um enquadramento histórico: Rui Costa foi o meu primeiro ídolo do futebol. A primeira camisola autografada que obtive é o nº10 da Selecção assinada amavelmente pelo Rui. Chorei inclusivamente algumas vezes com ele, como foi o caso do golo marcado contra nós na Luz. Torci pela Fiorentina e pelo Milão. Numas férias que fiz em Itália, quando passei por Florença, não desisti enquanto não descobri os transportes para chegar ao Artemio Franchi, apesar de estar a chover “cats and dogs” nesse dia, só porque sonhei ter a sorte de chegar lá e ver um treino do Rui (e do Nuno que também lá estava na altura). Não vi nada, não vi nenhum dos 2, mas era fã a esse ponto. E o “era” nem é um passado muito distante, ainda o ano passado, no final de mais uma época degradante, o Benfica fazia o último jogo em casa e eu já tinha jurado que não voltava a pôr os pés na Catedral naquela época, no entanto não resisti, lá convenci a namorada que já quase morria de tédio nos jogos a ir à Luz para nos despedirmos do Rui. Fui, quase vomitei quando vi fazer-se a onda num campeonato que terminávamos em 4º, mas pelo Rui tudo vale (valia?) a pena.

Tudo isto para dizer o quanto eu admirei o jogador Rui Costa. Pela sua classe, pelo seu talento, pela correcção demonstrada, pelo quase romantismo com que vivia o futebol foi um caso único de paixão futebolística. Mas a partir do momento em que passa para Director Desportivo, aí doa a quem doer tem de ser avaliado pelos resultados, seja o Rui, seja o Veiga, seja a minha Mãe, se desempenhar um cargo de responsabilidade no Benfica serei implacável na análise.

Tinha expectativas altas para o Rui. Julgava-o uma pessoa integra, benfiquista, e com alguns skills, pelo que pensei que muita coisa ia mudar na Luz. Confesso que este sentimento foi algo abalado quando alguém que conhece o Rui há largos anos me disse que ele era um vaidoso de primeira que se ia colar ao lugar como uma lapa, tal como o Vieira, e que nada ia mudar, o entreposto de jogadores e comissões na Luz ia continuar. Não quis acreditar, e continuo a acreditar que Rui põe o Benfica acima dos seus interesses pessoais. Daí eu ter esperado uma alteração radical da política desportiva do Benfica, acreditei que íamos começar a fazer 3 a 4 contratações cirúrgicas, apostar nos jovens da cantera, e tentar conservar a todo o custo aqueles jogadores que podiam transmitir alguma mística, já que foi assim que me parece que se construiu um Benfica vencedor, tão diferente deste Benfica que actualmente vemos a definhar. Para ajudar à festa, no início do seu trabalho teve mais de 20 milhões de euros para gastar, algo que aumenta as suas responsabilidades.

Dito o que esperava, vou dizer o que vi acontecer: a mesma merda de sempre. Voltou-se a deixar sair jogadores importantes (Petit e depois Léo), voltou-se a ignorar os jovens, voltou-se a fazer uma dezena de contratações, agravadas com o show-off de chegarem as estrelas em jactos privados a Tires como se de D. Sebastião se tratassem. Contratou-se um daqueles típicos técnicos “moderno, jovem, tacticamente evoluído”, mas que bem espremido nunca tinha ganho nada. Falou-se uma vez mais em “ano 0”, em “projecto de 2 anos”, e quase todos engoliram e bateram palmas porque era Rui que o dizia, logo era lei, como quase tudo o que ele diz. Infelizmente o campeonato não se ganha em Agosto, nem o trabalho do DD termina aí, por isso quando começou a bola a rolar assistimos a mais uma sequela de filmes já bem conhecidos, a gestão ridícula do caso Léo, o encostar de Diamantino e Chalana, a choradeira da arbitragem, a equipa desgarrada que ia jogando cada vez pior, e o triste fim de época em que ficamos sempre com a sensação que se a Liga durasse mais uns meses até a UEFA estaria em risco. Acaba-se mais uma época em depressão, e os resultados são cruelmente frios: 3º lugar, vergonhosa prestação europeia, e apenas a taça da cerveja para disfarçar.

É possível achar bom o trabalho do DD que com mais de 20 milhões para gastar está à frente da equipa que obtém estes resultados? Não vejo como, aliás penso que se em vez de Rui Costa fosse outro qualquer já estava na forca há muito tempo. Mas tenho a certeza que mais de metade dos benfiquistas acham que o Rui esteve muito bem e que “só” errou ao escolher o treinador. Infelizmente esse “só” custará uns milhões largos e mais um ano perdido. Eu não adopto essa teoria, porque é uma escapatória à Vieira, e a última coisa que quero ver é o Rui tornar-se igual a ele. Ou seja, chega ao fim do ano, corre com quem está abaixo dele, e tudo fica bem, o responsável maior passa incólume e continua. É o que Vieira tem feito durante anos e espero que Rui se desmarque já. Porque para mim só existem 4 cenários:

- Ou aceita mudo e calado que se corra com o Quique, contratando-se outro treinador nas suas costas, começando já o novo ciclo a gastar milhões em jogadores novos, e aí está a ser cúmplice de Vieira tornando-se farinha do mesmo saco;

- Ou assume publicamente que errou ao contratar Quique, assume todos os seus restantes erros, e mostra-se confiante que este ano pode ser diferente explicando em que é que consiste a mudança;

- Ou assume que o seu projecto era com Quique, e demite-se com ele, admitindo que as coisas no Benfica actual não funcionam como ele gostaria, e coloca-se à disposição para voltar a colaborar com o clube no futuro, caso outras pessoas com outra forma de pensar tomem conta do clube, e aí ganhará todo o meu respeito;

- Ou então, num cenário que me parece quase impossível, consegue a manutenção de Quique, defende o projecto de 2 anos publicamente, e aí apesar de eu achar que não trará grandes resultados, ganhará o meu respeito pela coerência demonstrada, e pela inversão de estratégia em relação ao Benfica de Vieira.

Resumidamente, ao fim dum ano não estou minimamente satisfeito com o trabalho de Rui Costa. Agora o que não sei é o quanto é responsabilidade dele, e o quanto está acima dele, mas duma coisa tenho a certeza: se ele continua caladinho ao lado de LFV, Paulo Gonçalves, e restantes elementos responsáveis no clube, então será julgado com eles, e com eles sairá em ombros, ou corrido pela porta pequena. Por tudo o que o Rui Costa jogador e homem representou, por mim espero que saia pelo seu próprio pé e volte a entrar pela porta grande, podendo na estrutura certa ajudar o nosso clube a voltar a ser o Glorioso que todos conhecemos. Rui, está na hora de mostrar se és um dos nossos, todos queremos acreditar que sim, e ainda estás perfeitamente a tempo de o fazer.

domingo, 24 de maio de 2009

Bipolaridades

Tenho um amigo lagarto que acusa os benfiquistas de serem bipolares. Sem querer concordar, experimento alguma inquietude face à classe evidenciada por Quique, especialmente nos últimos dias. Sabem quando um gajo acaba (se é que isso acontece) com uma gaja chata, mas dotada? Aquela coisa do “A gaja era burra, mas será que não estou armado em esquisito?” – sensação de arrependimento futuro, apesar do acerto da decisão, sensação de que estamos a mandar embora algo de que vamos sentir (muita) falta...estão ver? Se calhar não...

P.S.(para os menos esclarecidos): Estou só a tentar ilustrar uma sensação, não quero com esta analogia dizer que o Quique tem mamas fixes, ou que é bom a falar ao microfone – o que, por acaso, até é! Estão a ver... sensação lixada...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Este blogue vai a votos!

De há uns tempos a esta parte, este blogue tem sido alvo de ferozes comentários anónimos insurgindo-se contra aquilo que esses dignos comentadores acham que é uma forma subversiva de escrever textos. Na mente desses iluminados, a ideia geral que perpassa é a de que os membros desta tasca trazem consigo uma agenda própria e muito estudada no sentido de defenderem x, y ou z através de mecanismos subliminares de fino recorte artístico mas desvendáveis sob a luz que irradia dos focos dos cérebros anónimos. Argumentar a esses fiéis conspiradores que não passamos de 4 gajos que gostam de um clube chamado Benfica e dizer-lhes que o que nos move é tão-só o amor, a dedicação e a pornografia carnal pela cor vermelha é, já se viu, totalmente inconsequente. Não vale a pena persistirmos no erro de nos justificarmos perante tamanha exibição de clarividência anónima. Resta-nos, portanto, inventar novas motivações que justifiquem a razão de aqui estarmos para ver se, mesmo que os não convençamos, ao menos isto nos dê para rir mais um bocadinho já que a época foi de levar lágrimas aos olhos, mais uma vez.
E é assim que, na sequência de várias leituras de conspirações e conspiradores, eu, blogger Ricardo, representando o quarteto do Ontem Vi-te no Estádio da Luz, anuncio em primeira mão e em diferido ("on-liner", como diz o nosso putativo treinador, para quem nos quiser seguir via satélite de planetas só imaginados por Isaac Asimov) a candidatura destes quatro bípedes à Presidência do Benfica.
As linhas gerais desta equipa são simples e eficazes. Passo a esclarecer os sócios votantes para que nos não julguem parcos em ideias e estéreis em atitudes:
- O nosso treinador será sempre, ao longo do nosso mandato, um treinador português. Porque é mais barato (razão nada despicienda no momento de crise que o Universo atravessa), porque conhece todos os cantos deste bairro degradado que é o futebol português, porque terá a tendência para chamar jogadores portugueses de qualidade com quem trabalhou, porque o Benfica necessita de gente que saiba o que é o Benfica real e ao mesmo tempo conheça o que foi e o que pode vir a ser o Benfica glorioso, porque um treinador português será mais fácil de convencer quando quisermos ir beber copos, porque estamos fartos de estrangeiros medíocres (entenda-se: espanhóis com a mania da superioridade nacional esquecidos já da carga de porrada que, em tempos, levaram dos nossos que os fizeram sair daqui com o rabinho entre as pernas).
- O nosso Director Desportivo será sempre, ao longo do nosso mandato, um gajo que perceba de futebol. Ainda é cedo para lançarmos o nome mas garantimos aos honrosos benfiquistas que temos em carteira um nome consensual que trará ao Benfica não só o conhecimento profundo de todas as áreas ligadas ao futebol como também a noção de que só à batatada é que isto lá vai. Mentimos, temos já o nome: Rui Costa.
- Um cargo diferente, nunca antes visto em clubes de futebol, será inaugurado por esta equipa: o Prospector Universal. Alguém apaixonado por este desporto que domina, do Sudão às Maldivas, todos os campeonatos do Planeta Terra. Alguém capaz de, no domínio maravilhoso da prospecção, reconhecer num campo pelado da Suazilândia aquele trinco fabuloso que o clube precisa, a custo zero (ou, vá lá, a custo de uma feijoada e um jarro de tinto para o seu agente) e sem prejuízos para o nosso clube. Este cargo será ocupado por duas mentes que respiram, mesmo quando dormem, a arte de encontrar bons jogadores: Luís Freitas Lobo e Carlos Azenha. Perguntar-se-ão: "e ordenados para esses gajos?" Está já tratado. No contrato que temos assinado com eles, caso ganhemos as eleições, estão lá muito bem explicadinhos todos os termos: 500.000 vídeos de jogos entre o Burkina Faso e o Togo, desde as camadas jovens aos jogos puramente anónimos como são os que se passaram entre duas minas pelos locais ávidos de uma bola de trapos. Convencemo-los ainda quando lhes explicámos que podiam fazer as análises (com gráficos fabulosos!) aos jogos que se passam diariamente na Cidade Universitária, com o acrescento benéfico de nos descobrirem também aí algum lateral-direito que sobressaia.
- Um director de Comunicação que não seja careca, que não seja parvo e que não tenha a ideia estúpida de ir gozar com os nossos adversários para as conferência de imprensa. Muito menos um que leve uma Taça ganha com um erro do árbitro e que com ela ache que está a fazer um grande serviço ao clube. Temos esse homem: João Vieira Pinto. Não que seja um mestre na oralidade mas aqui pensamos mais no conhecimento de futebol e menos na eloquência verbal. Com JVP, teremos alguém a explicar correctamente a razão das tomadas de decisão do clube. Não está descartada a hipótese - está ainda em negociação, portanto não o afirmamos assertivamente mas quase podemos jurar - de Marisa Cruz ser a acompanhante em todas as conferências de imprensa.
- Uma equipa de futebol! É verdade: iremos ter uma equipa de futebol! Sim, um plantel, 22 jogadores! É aqui que sentimos que fazemos a diferença para as demais candidaturas. Procuraremos, portanto e no limite das nossas capacidades, conseguir uma equipa de futebol e com ela ganharmos coisas. Sim, achamos que é importante ganhar coisas.
Estas são as primeiras ideias que divulgamos. No futuro, outras serão lançadas para a mesa no sentido de todos os benfiquistas ficarem a conhecer todo o nosso projecto. Admitimos, neste momento, a agenda que fez este blogue nascer e, fazendo um mea culpa geral, esperamos que os nossos queridos benfiquistas compreendam que se o não fizemos antes foi por pura especulação, falta de respeito, egoísmo, estupidez e muito medo de que o Senhor Vieira nos chamasse de abutres. O senhor Vieira e todos os cães vieiristas que viessem atrás. Hoje sentimos que o nosso projecto é inatacável. Porque tem boas ideias e porque oferece a todos os que votem em nós 100 quilos de carnes argentinas - não falamos obviamente do Dí Maria que esse não dá nem para entrada.
Votem em nós! Especialmente os anónimos.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Tiro aos pratos

  1. Já está. O Benfas foi mesmo o terceiro a cortar a meta e acabou por demorar mais uma jornada para chegar ao inglório final. Até o LFV diz que não ganhámos nada, ficando a sensação que a Taça da Liga é um troféu mais metafísico do que real no nosso futebol.
  2. Depois de uma semana a clamar pelo Salvador, este foi traído pelo judas bronzeado e - como é exemplo a votação aqui a decorrer – já há malta pronta a crucificar a possibilidade anunciada.
  3. A verdade é que o peso do banco benfiquista já se fez sentir: Jesus já começa a parecer menos competente, e Quique, mais. Já nem é preciso um contrato para se começar a escolher a cova no cemitério encarnado.
  4. Sim, porque Jesus foi arrogante. Esquecendo o azar que teve no jogo, ficou patente que o treinador do Braga resolveu ignorar a receita, por todos conhecida, para contrariar o Benfica, e tirou da cartola uns truques e baldrocas que fizeram do Braga um dos adversários que mais se pôs a jeito às parcas armas do onze encarnado.
  5. Mas Quique não é bestial, e assinou mais umas quantas besteiras. Tantas alterações na penúltima jornada, com jogadores a trocar, regressar ou alternar de lugar, mesmo que acertadas, só sublinham o desnorte ou, pelo menos, a falta de estabilidade que marcou esta época.
  6. Quem vê Jorge Ribeiro a actuar no lugar que já foi de Léo, automaticamente recorda as palavras de Quique, remoendo os 90 minutos nessa paulada intelectual de que o brasileiro tinha a aprender com o português.
  7. Revelo-vos a palavra mais panisga da gíria futebolística: “acarinhar”. Começa por ser curioso como povoa o másculo léxico dos que giram em torna do futebol, mas fica tudo esclarecido ao ver o que um pouco de carinho fez ao Cardozo; é bonito...
  8. A incompetência e genérica falta de classe dos nossos árbitros é frequentemente subestimada. A arbitragem na pedreira de Braga, com amarelos a torto e a direito, conseguindo expulsar, por acumulação, um jogador em 12 minutos (nem que tenha sido o estouvado Yebda) é formidavelmente estapafúrdia. Ainda para mais, quando não mostrou amarelo no único lance violento de que resultou uma lesão (Katsouranis). Genialmente estapafúrdia, já que nesse lance ainda conseguiu amputar o Rúben Amorim ao último jogo da época. E eu digo que é subestimada porque se o jogo fosse outro, qualquer um duvidaria das intenções do árbitro. Desta vez, só pode mesmo ter sido falta de jeito, ainda que seja difícil de acreditar e, para o árbitro, mais humilhante!
  9. Mas foi mesmo a noite de Quique. Depois de levar na corneta toda a semana, de assistir à oficialização da descrença geral nas suas capacidades, eis que o espanhol prega com três castanhadas que deixaram Jesus de braços abertos, a barafustar com a equipa. E para coroar a noite, na conferência de imprensa ainda lhe perguntam pelo Atlético de Madrid: “Eu nunca falo com outros clubes quando tenho contrato (...)” – Olé!!
  10. Mas que venha o Jesus, que venha, VEM JESUS! Primeiro por que ando verdadeiramente intrigado com as estonteantes madeixas do senhor – tenho que ver aquilo mais de perto e de forma mais sistemática. Segundo, o nome é mesmo formidável e dar-me-ia um prazer monumental passar um ano inteiro a fazer trocadilhos rascas com o Senhor!!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Vários estádios

- Numa altura em que os benfiquistas carpem as mágoas de mais uma época decepcionante, o treinador do "novo ciclo" está escolhido: Jorge Jesus. Esquecendo as razões calculistas e interesseiras da actual Direcção com esta escolha e a vontade de, contratando um técnico promissor com boa receptividade junto dos adeptos, ganhar mais umas eleições, diria que é, das opções avançadas e possíveis, uma das que mais agrada. Jesus é competente, é ambicioso, espera ardentemente a possibilidade de demonstrar num grande as qualidades que julga (julgamos?) ter e conhece como poucos a realidade tão específica do lamaçal que é o campeonato português. Por tudo isto, Jesus aparece aos meus olhos como a solução certa para treinar a equipa principal do Benfica. Mas não deixo de ter, bailando, dançando e sapateando, uma dúvida: por quanto tempo a massa benfiquista aceitará um treinador português? Outra dúvida: se Fernando Santos, que fez um excelente trabalho no clube, nunca teve os adeptos do seu lado, será Jesus capaz de operar um milagre na mentalidade daqueles néscios que assobiam jogadores, acenam lenços brancos, cospem na inteligência e comem doses massivas de boçalidade ao pequeno-almoço? Tenho dúvidas, mas está na altura de o Benfica não ecoar infinitamente sob as vozes da tacanhez de espírito. Está na altura de filtrar as opiniões. Que Jesus possa ter um eterno descanso. O descanso que os santos não tiveram. Que Jesus veja a Luz que Santos não viu. E prometo que esgoto aqui os parvos trocadilhos. Mas não juro pelos jornais desportivos.
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- Um benfiquista para cada boa acção que vê na direcção do Benfica vê logo outra má. Não há como enganar. Desta vez, depois da boa escolha de treinador, são as contratações de jogadores sem que o técnico tenha voto na matéria. Não sei quem é Álvaro Pereira, desconheço se é craque ou se é mais um Balboa (parece que custa os mesmos 4 milhões de euros), mas de uma coisa tenho a certeza: contratar jogadores antes de ouvir o novo técnico é um erro crasso na construção de um plantel. Erro que persiste ad eternum. Já vamos com dois laterais. Quantos mais virão antes de Jesus chegar pela primeira vez à Caixa Futebol Campus?
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- Quique sai pela porta pequena. Confesso que acreditei neste homem. Mais pela sua qualidade de discurso do que pela sua qualidade como técnico. No fundo, acreditei que a sua postura inteligente seria capaz de inundar a forma como o espanhol via e vê o futebol. Infelizmente, enganei-me, enganou-se, enganou-me. Quique nunca conseguiu demonstrar no Benfica ser capaz de ver o futebol através dos olhos universais, antes fechando-se na sua concepção de forma autista, teimosamente egocêntrica e nada condizente com a realidade. Não foi humilde, não quis aprender e com isso ganhou um bilhete de volta a Espanha. Acho bem. A estabilidade é um conceito que só pode rimar com competência e essa Quique provou desconhecer ao longo do tempo.
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- Na votação ali ao lado, Veiga domina a intenção de voto dos benfiquistas. Acho curioso, no mínimo. Há dois meses os resultados seriam tão diferentes que, tal como fico curioso com a votação, fico espantado com a força crescente da blogosfera. "Bastaram" uns textos do José Marinho no Mágico SLB para que a opinião pública benfiquista, de repente e sem aviso, tenha encontrado no homem do capacho do Luxemburgo a poção mágica de Panoramix para a debilidade benfiquista. Nem tanto ao mar, meus companheiros. Vieira não será seguramente o presidente eleito por este blogue, mas julgamos manter todos a desconfiança típica dos que se julgam inteligentes. Aqui, Veiga ainda não convenceu ninguém. E terá de penar muito para que algum dia o faça. Entretanto - e julgo que falo pelos meus caros colegas do Ontem... -, sabemos uma coisa: queremos mudar de pneus.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Agora Escolha!

O reinado de Quique parece estar perto do fim. Com a anunciada saída ficarão por responder algumas das questões mais pertinentes sobre o espanhol: Ele frequentava solários ou conseguia aquele tom de pele só à base de creme cenoura? Considerará o seu trabalho ao leme do clube encarnado livre de mácula, ou, no seu íntimo, já terá admitido a enorme arrogância com que encarou o futebol português? Nunca saberemos...

Entretanto, aproxima-se o sucessor. Esbatidos pela bruma Sebastianista vislumbram-se dois vultos a cavalo: Jesus e Scolari.

Sabe-se que ambos não desdenham o cargo. Quando entrevistado pelo repórter do Ontem Vi-te, Jesus foi igual a si mesmo: “Há muito que os méritos das minhas qualidades têm sido despreteridos pelos agentes do futebol e penso que com a humildade de mim mesmo e dos jogadores poderemos ganhar muitas vitórias para o clube! Estou disponível para ir viver para a cidade de Sport e trabalhar muito p’rá prole do clube!”. Quanto ao Sargentão, e quando questionado se gostaria de se sentar no banco benfiquista: “Claro qui sim. Eu gosto do banco benfiquista, e se para mim banco é caixa, a verdadji é que o centro de treinos do Benfica é Caixa, logo eu acho qui está certo. Agora há qui difender os mininos, há qui apoiá! Quem si considera benfiquista tem qui pôr uma bandeira do Benfica na janela, e tem qui ter uma águia como animal di estimação. Tem qui ser – só assim irei pró Benfica!”

Como no mítico programa da RTP2: Agora Escolha! No entretanto, um defeso quase tão empolgante como os episódios de "O Justiceiro" que animavam a votação...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Obrigado, futebol.

O futebol é um desporto maravilhoso. Tem tudo o que os outros só têm em parte. O jogo de ontem entre Chelsea e Barcelona veio mais uma vez, se fosse preciso, confirmar esta ideia. Para quase todos, os catalães iam passear classe, futebol apoiado e lances de génios para o relvado de Stamford Bridge. Para quase todos, o Chelsea ia suar para não ser goleado. Depois o que se viu foi um jogão sem mácula dos de Londres, capazes de aniquilarem na perfeição o jogo rendilhado do Barça, defendendo de forma sublime (sim, também se defende de forma sublime) e em bloco todas as investidas dos espanhóis. Mas talvez até isto fosse ainda previsível. Quase todos não contavam era com a capacidade de, defendendo mais alto, o Chelsea ter sido sempre, repito: sempre, a equipa mais perigosa em campo. Do minuto 1 ao minuto 93, o Chelsea deu um banho de bola não à equipa do Barcelona em si mas à ideia que o mundo tinha da equipa do Barcelona. E não foi preciso recorrer a medidas drásticas: "bastou" fazer daquele jogo um jogo de concentração total, possuir médios capazes de entenderem, a cada segundo, os momentos do jogo e as movimentações excelentes dos catalães. O Barça nem se pode dizer que jogou mal, não jogou, procurou fazer aquilo que faz sempre; o problema esteve no adversário que ontem encontrou, sublime a antecipar passes rasgados, perfeito na forma como os alas (principalmente Malouda no lado de Messi) recuavam em apoio aos laterais, cirúrgicos Essien, Ballack e Lampard na ocupação dos espaços, na teia que ia tecendo em redor dos médios do Barça - houve fases do jogo em que eu juro que vi Busquets, Keita e Xavi todos presos por um fio invisível mas forte toldando-lhes os movimentos. Se em Barcelona a estratégia não resultou (resultou no resultado mas falhou na tentativa de aniquilar o futebol do Barça e também na procura de ser mais incisiva em transição), em Londres o futebol apresentado foi de excelência e de... espectáculo. Espectáculo não é só ver o Messi a fintar 10 jogadores numa cabine telefónica; espectáculo é também, e principalmente, ver uma equipa, como colectivo, como uma entidade una com 22 patas a mover-se em campo, como um bicho de engrenagens mecânicas, dominar cada pedacinho de relvado. O Chelsea ia chamando os jogadores do Barça para a sua zona de acção e depois enrolava-o, como uma cobra, no seu viscoso corpo, abria a boca, metia-os entre os dentes afiados e ia degustando calmamente cada ofensiva barcelonista. No tempo certo, lançava os alas, insistia com os médios pelo meio, fazia recuar Anelka ou Drogba para meter nas costas da defesa os jogadores do miolo. E o Barcelona assistia, incrédulo, a tudo aquilo, incapaz de acreditar que tudo aquilo era possível, orgulhoso que estava de uma viagem recente a Madrid. É certo que Guardiola optou (mal) por retirar Henry de campo. Optou mal por duas razões principais: perdeu a capacidade inigualável do francês nas diagonais, no último passe e no remate mas acima de tudo abdicou do melhor do Mundo (Iniesta) na posição em que ele é o melhor do Mundo. Ainda assim, o melhor do Mundo viria a resolver a eliminatória.

sábado, 2 de maio de 2009

D. Rui Costa

Basta percorrer as linhas de vários livros que vão sendo escritos nos blogues encarnados para nos darmos conta de que ao Benfica pode faltar tudo mas não falta um D. Sebastião. Rui Costa, para os adeptos benfiquistas, é Deus na Terra e coitado daquele que se digne a dizer o contrário. Para estes, todo e qualquer projecto futuro do clube há-de ter a mão misericordiosa do maestro, há-de ser não a via que em seus fins procurará o apogeu do Benfica mas a poltrona óbvia e sucessória que acomodará o actual Director Desportivo no trono da liderança.
Compete-nos, no entanto, repensar este sebastianismo: que provas irrefutáveis sobre a evidência de que Rui Costa é o homem certo para o clube terão estes adeptos para tão grande demonstração de afinidade religiosa? Os 5 anos em que foi jogador profissional, os 12 anos em que, de longe, jurava amor incondicional a um clube que definhava em estádios vazios, goleadas sofridas por terras galegas e arranha-céus de jogadores medíocres que, por passarem perto do Estádio, eram logo apelidados de novos Eusébios? Compete-nos, não deixando nós de sermos, como qualquer homem de coração aquilino, ideólogos do RuiCostismo, entregar a emoção nas mãos do diabo e questionar: que caralho fez mais Rui Costa pelo Benfica que Chalana, Humberto Coelho, Veloso, Eusébio, Simões, Torres, José Augusto, João Pinto (esse mesmo), Nené ou Bento? A menos sabemo-lo bem: passeou aquela camisola pelos relvados menos dois séculos do que qualquer um destes. A menos sabemo-lo bem: gritava benfiquismo a partir de terras transalpinas enquanto os dessa lista falavam dentro de campo a língua do Benfica.
Urge, portanto, relativizar tudo isto e entender o sentimento dos caros adeptos benfiquistas como uma necessidade, em tempos de crise, de uma crença. Uma crença possível, a única crença, aquela que nasce de um país em ruínas, perdido entre a gloriosa memória e a entediante actualidade. Um país onde qualquer bípede que não seja conotado com outras fronteiras é tido de imediato como o grande e possível rei de toda a nação. Sem que se reflicta, sem que haja, do ponto de vista dos neurónios, mais actividade do que aquela existente em jogos no estádio do Sporting. Mas, tal como nos jogos no Alvalade XXI, as cadeiras às cores podem originar grandes ilusões de óptica.